sábado, abril 16, 2016

As novas estratégias da direita

Quando Passos Coelho iniciou a farsa da ilegitimidade do governo com mairoia parlamentar a direita anónima ainda chegou a convocar uma manifestação e havia quem defendesse que se recorresse à ocupação de uma praça. Tudo foi esquecido e a tentativa falhada de derrubar um parlamento eleito através de uma suposta maioria de rua falhou e mesmo assim Passos Coelho tardou quase seis meses para se convencer que se queria regressar ao poder teria que respeitar a mesma Constituição que não respeitou quando era primeiro-ministro.

Este incidente não foi isolado, inspirou-se noutras experiências que vão ocorrendo um pouco por todo o lado. Quando a direita sente que não ganha eleições procura a criação de incidentes para criar um clima de instabilidade que conduza a uma reviravolta eleitoral ou que promova um ambiente de rua hostil ao governo. Foi desta forma que nos últimos meses temos assistindo ao derrube de vários governos. Aquilo que o PSD e CDS tentaram fazer em Portugal a coberto de iniciativas anónimas não foi novidade.

Perante o falhanço da manifestação espontâneo a esperança estava nas "instituições europeias" e vimos Passos Coelho a mendigar em Madrid, nas reuniões do PPE e noutros fóruns para que lhe devolvessem o governo do protectorado. Perante o falhanço desta manobra começou a apostar numa crise financeira a curto prazo e tudo fizeram para que a agência canadiana baixasse o rating da dívida portuguesa. Esta estratégia não era novidade pois Passos chegou ao poder graças a uma crise financeira.
  
Como também não foi novidade o passeio automóvel organizado em Viana do Castelo para se abastecerem em Espanha. A maioria daqueles manifestantes sempre se abasteceram em Espanha e o aumento do ISP foi apenas um argumento. Há muito que a direita portuguesa se habituou a vestir o fato do cidadão anónimo, e desde o ISP ao encerramento de uma maternidade arcaica tudo serve para que se dispa o fato do militante e surja o cidadão espontâneo convocado pelas redes sociais. Localmente toada a gente os conhece, a comunicação social sabe do truque mas mesmo assim estas manifestações são apresentadas como uma revolta popular espontânea.

Agora a estratégia é a brasileira, procura-se denegrir ministro a ministro, secretário de estado a secretário de estado, ser amigo é um perigo, os governantes não podem ter assessores, t~em de ter muito cuidado quando telefonam, a direita tem olhos e ouvidos em todo o lado, o ambiente é de golpe.
  
Enfim, talvez um dia a direita desista e passe a fazer oposição a sério, apresentado alternativas e deixando de ter a esperança de vir a governar com agendas secretas e com o apoio da chanagem de troikas externas.