quarta-feira, abril 27, 2016

Umas no cravo e outras na ferradura



 Jumento do dia
    
Carlos Abreu Amorim, deputado 

Este político que aprendeu os valores de Abril e da social-democracia no PND e que na primeira legislatura deu nas vistas nas sessões de elogio a um livro de Miguel Relvas, é aquilo a que se chama um buldozer e desta vez decidiu atropelar Vítor Constâncio de uma forma original.
 
Este democrata de Abril achou que Vítor Constâncio se devia borrifar nas regras europeias em ser ouvido por sua iniciativa e contra todos os princípios institucionais na comissão parlamentar de inquérito do BANIF. Isto é, os princípios de relacionamento entre o BCE e as instituições nacionais e europeias teriam uma excepção em nome do 25 de Abril. Nada mau para um doutorado em direito e professor universitário, muito mau para os alunos que aprendem as alarvidades deste senhor.
 
Resta-nos a esperança que quando alguém do PSD seja chamado por qualquer motivo a uma comissão parlamentar e o PSD esteja contra, o deputado vindo das quase extrema-direita não se esqueça dos agora muito apreciados valores do 25 de Abril.

«O deputado Carlos Abreu Amorim (PSD) condenou hoje a "atitude arrogante e de alguma soberba" de Vítor Constâncio, vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), exigindo que o responsável preste depoimento na comissão de inquérito parlamentar ao Banif.

"O PSD insiste na necessidade de esta comissão parlamentar de inquérito ouvir o Dr. Vítor Constâncio. Não nos conformamos com a sua recusa e faremos todos os esforços para que venha presencialmente a esta comissão ou então que o faça através de videoconferência", afirmou o coordenador do grupo parlamentar do PSD neste órgão parlamentar.

"É no parlamento português que o Dr. Vítor Constâncio tem que dar explicações sobre o seu papel no Banif. Ainda ontem comemorámos o 25 de Abril e é em homenagem ao 25 de Abril e à democracia parlamentar que o Dr. Vítor Constâncio tem que dar explicações ao parlamento", reforçou Abreu Amorim, à margem dos trabalhos da comissão de inquérito.» [DN]

 Maldita DBRS!

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A DBRS é a agência de notação mais consultada por um Observador, jornal oficial da direita democrática e salazarista (politicamente democrática e economicamente salazarista), não perde as notações desta agência, promovendo entrevistas aos seus responsáveis na esperança de uma notação de lixo que dê esperanças a Passos Coelho de um novo resgate que lhe permita regressar ao poder para governar à margem de quaisquer limites constitucionais.

      
 Em defesa de até farsolas dizerem: "Intolerável!"
   
«Houve jornalistas que acharam intolerável que um primeiro-ministro lhes telefonasse, dizendo: "Eh pá, que bosta foi essa que escreveste?!" Como se dois tipos que se tratam por tu não pudessem chicotear-se com palavras. Houve cronistas que acharam intolerável que um ministro lhes prometesse um par de bofetadas. Como se citar Fialho deixasse marcas nas bochechas. Houve um ex-primeiro-ministro que achou intolerável que o primeiro-ministro, correligionário, não se suicidasse por ele (o ex) ter feito hara-kiri. Como se a osmose partidária obrigasse a lealdades estúpidas. Houve um jornal que achou intolerável que um ex-primeiro-ministro não se calasse. Como se um político, mesmo ex, perdesse, por alegadas verbas mal paradas, o verbo. Houve um ex-primeiro-ministro que achou intolerável que outro ex-primeiro-ministro fosse mandado calar por um jornal. Como se os editoriais opinando, até sobre gargarejos, não fossem tão legítimos como um ex-primeiro farsolas que só acha intolerável para passar por tolerante. E depois, acho eu, tudo isto é tolerável. É opinião, senhores! Um dia, Luiz Pacheco entrou num café escuro de Caldas da Rainha e viu Vergílio Ferreira numa mesa, às gargalhadas. Nesse tempo não havia telemóveis nem Twitter e não deu para filmar e postar aquela surpresa. Pacheco, porém, escreveu um texto sobre o intolerável que era o amargo, e afinal hipócrita, Vergílio Ferreira a rir. O intolerável seria termos perdido esse maravilhoso texto de má-fé.» [DN]
   
Autor:

Ferreira Fernandes.