terça-feira, maio 08, 2018

AGENDAS

Desde os incêndios de 2017 que não param as lutas pelo poder nas estruturas do Estado responsáveis pelo combate aos incêndios. As vítimas ou os problemas do setor estão cada vez menos na mesa e o que se discute são os negócios, os lugares de chefia das estruturas, com grupos de pressão, empresas, associações corporativas e licenciados da treta pelo meio.

A partir do momento em que o Ministério Públio fez sair informação sobre Manuel Pinho que este é o tema central da política portuguesa. De um dia para o outro os partidos da oposição, incluindo um BE que é uma espécie de híbrido resultante do cruzamento entre governo e oposição, que esqueceram o Mário Centeno, as cativações e a saúde. Ninguém dá pelo anúncio de uma greve de médios de quase uma semana e o Rui Rio até já se esqueceu das crianças do Porto, o que está a dar agora é o Manuel Pinho.

Marcelo preocupa-se com eleições, começa por ameaçar com a antecipação de umas e acaba dizendo que se ocorrerem mais fogos como os de 2017 castigará o país não se recandidatando ao cargo. Preocupado com as eleições, tal como Marcelo Rebelo de Sousa, está a Assunção cristas, que ainda não se habituou á ideia de não ser ministra.

Os dados do INE sobre a pobreza quase não foram notícia, não mereceram uma palavra, foram ignorados. Noutras circunstâncias teriam dado lugar a grandes debates, mas os problemas dos portugueses não é o negócio que está a dar mais aos agentes da política portuguesa. Isso mostra como os problemas do país só entram na agenda política à falta de melhor. Não é a realidade do país e os problemas dos portugueses que marcam o debate e condicionam as instituições, são os truques da Maria José Morgado, da Ana Gomes ou de outras figuras secundárias da vida política, ainda que ambiciosas.

São as lutas pelo poder de figuras secundárias, grupos de interesses corporativos ligados aos negócios e aos tachos de setores importantes como a proteção civil que ocupam os jornais e os debates políticos, condicionando a ação dos que deviam estar preocupados com os problemas.