O país soube, atónito, que temos uns patrões com pouca vergonha na cara, recebem estagiários e ainda tentam extorquir-lhes dinheiro para que paguem do seu bolso a TSU que supostamente deve ser paga pelo empregador. Ouviram-se vozes de indignação e no princípio até parecia mentira, ninguém sabia do caso, a denúncia parecia sem fundamento.
Mas se recuarmos no tempo percebemos que aquilo que agora denunciamos como vigarice de baixo nível mais não foi do que Passos Coelho e Vítor Gaspar tentaram fazer a todos os trabalhadores, pô-los a pagar a TSU dos patrões, suportando um aumento brutal da taxa que lhes é aplicada, para que fosse reduzia em igual montante a taxa do patrão. Aquilo que hoje cheira a vigarice tinha no passado a dignidade de tese em Harvard, era a famosa desvalorização fiscal inspirada no falecido António Borges e em nome da qual todos os portugueses foram promovidos a ratos de laboratório.
Passaram alguns dias e ainda que com alguma timidez foram aparecendo casos que comprovam as denúncias. Mais grave ainda, sabe-se agora que o governo de Passos Coelho tinha conhecimento da situação desde 2014. Ao que parece nada foi feito, a estagiária que denunciou a desvalorização fiscal forçada nem sequer foi contactada, o que só pode significar que aquele instituto nada fez e isso só se entende se era essa a política do governo.
Parece que não bastou ao ministro das Lambretas inventar empregos generalizando os estágios, foi mais longe e quase reduziu os estagiários permitindo que patrões identificados com as teses da desvalorização fiscal ficassem com uma boa parte do subsídio entregues aos trabalhadores disfarçados de estagiários.