quinta-feira, agosto 18, 2016

Fartura de especialistas

Portugal pode ser um dos países menos desenvolvidos da Europa, uma forma simpática de não dizer que é um dos mais pobres e subdesenvolvidos, pode ter um problema grave de qualificação dos recursos humanos, pode ser um dos países que menos investe no saber, mas há um ponto em que ninguém nos bate, somo o país dos especialistas.
  
Com a vaga de incêndios que nos queimou mais uns milhares de pinhais e eucaliptais, sem contar com a destruição de biodiversidade de que ninguém fala, o país ficou a saber que pode arder mas que isso não se deve a uma carência nacional dos especialistas nas diversas artes envolvidas. Em poucos dias ficámos a saber que temos dezenas de jornalistas especializados no tema, gente dotada no domínio da prevenção, juristas e psicólogos especializados em piromaníacos, até temos presidentes da assembleia do SCP que são bombeiros e vão a Belém explicar como se combatem os incêndios a Marcelo, um velho comentador televisivo que ainda há poucos meses também sambia de tudo e mais alguma coisa.

Quando ocorreu o tsunami que atingiu as costas da Ásia não nos faltavam especialistas em sismos e até tivemos um primeiro-ministro que na ocasião decidiu instalar um sofisticado sistema de alerta ao logo da nossa costa, que serviria para que os nativos de Vila Real de Santo António desatassem a fugir para o castelo de Castro Marim, antes que morressem afogados.
  
Quando chove abundam os meteorologistas, se rebenta alguma bomba somos todos especialistas em terrorismo, se cai um avião sabemos que nos fartamos de aeronáutica. Só é pena que com tanta gente esperta este pobre país não sai da cepa torta. Entretanto, os fogos foram apagados e os nossos especialistas foram a banhos, esperemos que o próximo ano seja menos chuvoso e que o Julho não seja tão quente, já não sei se o que mais me incomoda são os incêndios ou essas hordas de idiotas.