quinta-feira, agosto 25, 2016

O programa oculto pela cobardia

Ainda que Passos nunca tenha assumido a sua agenda política, preferindo esconder as suas decisões atrás de supostas exigências da troika, preferindo invocar as exigências decorrentes do memorando para se justificar sempre que a opinião pública lhe é desfavorável, é cada vez mais evidente que os seus objectivos políticos iam muito para além do que assumiu e que em grande parte eram ocultos e ocultados dos portugueses.

Passos Coelho nunca teve a coragem de assumir o seu programa, nunca foi capaz de defender de forma clara as suas ideias e projectos, preferindo recorrer à mentira, à manipulação e à chantagem combinada com as figuras pardas da troika. Nunca deu a cara pela desvalorização fiscal que implementou, que primeiro assumiu a forma de golpada na TSU, que perante a oposição colectiva substituiu por uma redução do IRC financiada pela sobretaxa do IRS. Nunca assumiu de forma frontal que os cortes nas pensões e nos vencimentos faziam parte do seu programa e eram para ser definitivos. 

O único capítulo que Passos assumiu como fazendo parte do seu programa económico foi aquele a que designou por “democracia económica”, tendo ido mais além do que o exigido pela troika em matéria de privatizações. A entrega da EDP ao PC da China foi o grande símbolo da sua democracia económica, um eufemismo que escondia o projecto de privatização de tudo o que pudesse ser privatizado.

Mas a cobardia sempre impediu Passos de defender os seus projectos, se corressem bem eram obras sua, se corriam mal era consequência de outros governos ou de imposições externas. Por isso Passos apostou sempre na desgraça, preferia intervir num BES já sem soluções, ou governar sobre a chantagem dos resgates do que apresentar as suas ideias aos eleitores. Passos é um político sem coragem e incapaz de ser verdadeiro com os eleitores, tratando-os por idiotas a quem prefere enganar.
  
Como se explica que durante todo o seu mandato gente da sua confiança conduzisse os destinos da CGD como se tudo estivesse a correr bem. Passos nunca manifestou qualquer preocupação com a CGD, limitava-se a queixar-se de que tinha falhado com os seus ojectivos, sugerindo aos portugueses que o banco público estaria a ser um fardo para as contas públicas. É mais do que óbvio que Passos contava com a desgraça e pensava combinar com os seus amigos a forma de privatizar a CGD contra a vontade dos portugueses.