quinta-feira, agosto 31, 2017
O Cavaco voltou
Umas no cravo e outras na ferradura
Jumento do Dia
O discurso de Cavaco Silva foi o costume, ainda que agora o homem de Boliqueime esteja em roda livre, sem assessores é ele que escreve os discursos e nesse sentido esta intervenção foi uma das mais genuínas que fez.
Aquilo que ouvimos foi o Cavaco, o homem que insiste me querer ficar na história, que não assume as críticas de forma frontal e que passa a vida a tentar o seu próprio engrandecimento. Só que desta vez foi ridículo demais, fez acusações graves de existência de censura, mandou indiretas a Marcelo e espumou de raiva em relação ao governo. Está esquecido das falsas escutas a Belém ou da manipulação da comunicação social feita pelo seu antigo assessor de imprensa.
Mas o mais ridículo da sua intervenção foi a tentativa de projetar o seu modelo de presidência recorrendo ao presidente francês. Só mesmo um rural de Boliqueime se lembraria de se armar em Júpiter. Convenhamos que ao lado de Macron, Cavaco não passa de um Plutão, um não planeta que ficou na história da humanidade por dar o nome a Pluto, o cachorro da banda desenhada.
«Quase duas décadas depois de ter deixado de participar em iniciativas partidárias, e quase dois anos depois de ter deixado a Presidência da República, Cavaco Silva abriu uma “exceção” à regra que impôs a si próprio para estar presente da Universidade de Verão do PSD. Levantou-se cedo, às 6h da manhã, para sair de Albufeira a tempo de chegar à aula que iria dar em Castelo de Vide. Pedro Passos Coelho assistiu ao seu regresso na primeira fila. Não houve selfies — porque o ex-Presidente não quis. “Peça antes àquela menina para tirar”, disse, no final, a um jovem, de telemóvel em riste, que quis posar consigo na fotografia. Até nisso quis ser diferente do sucessor.
Numa intervenção perante jovens aspirantes a políticos, Cavaco Silva fez contas com o passado; revelou o segredo do impasse que se instalou na nomeação dos membros do Conselho de Finanças Públicas, dando-se como “culpado”; mas sobretudo deixou duras críticas ao governo da “geringonça” que “finge que pia mas é apenas por jogadas partidárias”, aos partidos da “coligação”, que defendem a saída do euro para “outra galáxia, talvez para a galáxia onde vive a Venezuela”. Ainda criticou a comunicação social portuguesa, por também fazer “fake news” e elogiou o presidente francês Emmanuel Macron de uma maneira que evidenciou o que Marcelo Rebelo de Sousa não devia fazer. Mas sempre sem dizer os nomes dos visados.» [Observador]
«Luís Pedro Mota Soares, ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social (MSESS) do Governo de coligação PSD/CDS, autorizou uma das viagens pagas à Huawei em 2014, realizada por João Mota Lopes, então vogal do conselho diretivo do Instituto Informático da Segurança Social. Um ofício assinado por Gabriel Osório de Barros, chefe de gabinete do então ministro, dava conta de que, no dia 27 de janeiro de 2014, o responsável pelo ministério tinha autorizado a deslocação daquele alto quadro do MSESS à China.
O ex-ministro do CDS justifica ao Observador a aprovação de viagens pagas por terceiros por entender que “é normal nas empresas e na administração pública a participação em congressos e seminários, que possam incorporar conhecimento” nos dirigentes. “É normal que estas visitas se façam”, diz Luís Pedro Mota Soares.
Outro argumento que levou o ex-governante a aprovar a deslocação paga pela Huawei tem a ver com o facto de a viagem ter sido proposta pelo presidente do conselho diretivo do Instituto de Informática da Segurança Social, Pedro Corte Real: “Para nós era relevante ter autorização do dirigente máximo do serviço, do conselho diretivo”. Quando eram justificadas com esta lógica, diz o ex-ministro, havia uma maior probabilidade de as deslocações serem aprovadas:
"Perante esse crivo do presidente do conselho diretivo, que entendia que a viagem era relevante para o próprio serviço, podíamos autorizar. O presidente do conselho diretivo entendeu que a visita era relevante, e justificou-a”.» [Observador]
Se um dos que viajaram contou com a aprovação governamental fará sentido prosseguir investigações aos que viajaram nas mesmas circunstâncias?
«A Procuradoria-Geral da República (PGR) deu 45 dias a Amadeu Guerra, diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), para fazer o ponto da situação sobre a Operação Marquês.
Através de um despacho emitido esta terça-feira pelo vice-procurador geral Adriano Cunha, fica claro que Joana Marques Vidal não está à espera que a equipa de investigação de Rosário Teixeira termine a investigação até ao próximo dia 13 de outubro.
No mesmo despacho, o n.º 2 da PGR confirma que a resposta à última carta rogatória enviada para a Suíça chegou aos autos da Operação Marquês no dia 22 de agosto. E, com base no despacho da procuradora-geral da República de 27 de abril — que tinha decidido “prorrogar por 3 meses, contados da data de devolução e junção ao inquérito da última carta rogatória a ser devolvida, o prazo de encerramento do inquérito n.º 122/13.8 TELSB” –, Adriano Cunha confirma que “se iniciou a 22 de agosto” o referido “prazo de 3 meses”.
Traduzindo o despacho de Adriano Cunha, podemos concluir o seguinte:
- Confirma-se oficialmente que o prazo de conclusão da Operação Marquês passou a ser 20 de novembro;
- O diretor do DCIAP — departamento a que pertence a equipa do procurador Rosário Teixeira que investiga o inquérito que tem José Sócrates como principal arguido –, terá de dizer até ao dia 13 de outubro se esse prazo se confirma. Isto porque o despacho de 27 de abril permite um novo adiamento, caso exista fundamento para tal.
- Tendo em conta o prazo para fazer um ponto da situação, é pouco provável que o despacho de encerramento de inquérito seja emitido até ao dia 13 de outubro — ou seja, o documento só deverá ser emitido após as eleições autárquicas.» [Observador]
quarta-feira, agosto 30, 2017
O regabofe das viagens
Não compreendo do o sassarico que por aí vai a propósito das viagens, afinal sempre ouvi elogiar o espírito aventureiro dos portugueses, a sua voacação e dar novos mundos ao mundo, o nosso impulso para nos fazermos ao mar em busca de novos horizontes. Ainda nos arriscamos a que os magistrados, essas pilares morais da sociedades, verdadeiras Donas Dorotéias da "Gabriela", ainda se lembrem de instituir um delegado junto da Torre do Tombo para investigares as muitas viagens feitas no passado, até porque há ainda muitas dúvidas sobre algumas.
A verdade é que os portugueses adoram viajar, seja para visitar um hospital chinês ou para investigar o Caso Freeport em Londres. Não admira que se criem tantas oportunidades para que se saia daqui para fora durante uns dias.
No Estado não faltam oportunidades, a participação e múltiplas organizações internacionais constituem um imenso mercado de turismo institucional. Os mais sortudos conseguem uma cunha política e vão para a REPER em Bruxelas ou são colocados como agentes de ligação em muitas embaixadas. Os outros disputam a numerosas reuniões e seminários internacionais, designadamente, os da União Europeia, que apresentam a vantagem de serem custeados com fundos europeus. Vale de tudo um pouco, os mais sortudos conseguem até fazer-se acompanhar das namoradas, funcionárias cujo brilho intelectual fundamenta o despacho concordante do superior.
Nas autarquias é o ver se te avias, não há concelho do país que não esteja geminado, os autarcas passam a vida a retribuir as viagens feitas pelos seus colegas das cidades e vilas geminadas. Os mais espertalhões, como o Madurinho de Vila Real de Santo António vão mais longe e criam verdadeiras pontes aéreas de turismo oftalmológico para Cuba, a intimidade é tanta que, segundo dizem as más línguas, o ministro da saúde oftalmológica do sotavento algarvio até constituiu uma família luso cubana.
As autarquias estão mesmo transformadas em centros de viagens, para além da caça ao voto dos velhotes a troco de excursões quase semanais, não faltam os passeis dos ranchos folclóricos ou das marchas, sempre devidamente acompanhadas de uma comitiva de penduras.
Ao nível empresarial generalizou-se as viagens como forma de premiar aqueles a quem se devem favores ou para passar a mão pelo pêlo de quem decide. Há mesmo um ramo de negócios na agências de viagens especializado nestas iniciativas, que podem ir da organização de eventos nos quatro cantos do mundo a passeios no Saara ou cruzeiros na Antártida. Os vouchers não deixam rasto e na verdade é o Estado que acaba por pagar estas viagens, constituem despesas a abater da coleta e a reduzir a carga fiscal. Isto é, uma boa parte dos favores e prémios dados pelas empresas acabam por ser indiretamente pagos pelo Estado.
Alguém disse que não há viagens grátis, o que se esqueceu de dizer foi que em grande parte quem paga estas viagens de forma direta ou indireta são os contribuintes. Diretas no caso das visitas do Madurinho algarvio a Cuba, indireta quando são financiadas por empresas que depois as declaram como custos que reduzem a massa coletável e, em consequência, aliviam os impostos.
Umas no cravo e outras na ferradura
Jumento do Dia
Ando aqui ás voltas para tentar perceber o que tem a ver a expressão "aquela senhora" com a igualdade de género. Talvez o Nuno melo possa explicar melhor a sua ideia.
«“Aquela senhora”, foi como António Costa se referiu a Assunção Cristas, criticando a presidente do CDS-PP pelo que fez – ou não fez – enquanto ministra da Agricultura no governo anterior ao de Costa.
A crítica em relação às políticas de Cristas na pasta que contém a gestão florestal e de prevenção de incêndios, não é nova. O termo – “aquela senhora” – é que aparentou maior novidade no palco político.
“Quero saber se aquela senhora que foi quatro anos ministra da agricultura e nada fez pela floresta e que hoje tanto fala, vai estar presente ou não [debate sobre florestas]”, desafiou Costa, sob forte aplauso do Partido Socialista, em Faro. Durante todo o discurso, o primeiro-ministro nunca tratou Assunção Cristas pelo seu nome, ao contrário de Pedro Passos Coelho, por exemplo, que não mereceu o cognome d’ “aquele senhor”.
Escutado pelo i, Nuno Melo, eurodeputado e vice-presidente do CDS, ironizou: “O mesmo que se refere à presidente de um partido por ‘aquela senhora’ é o mesmo que depois decide o que os meninos e as meninas podem ler em nome da igualdade de género?”.» [i]
«O Ministério Público vai investigar as viagens à China de cinco quadros dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde e da Autoridade Tributária e Aduaneira. Em resposta enviada ao Expresso, o gabinete de Joana Marques Vidal revela que "A Procuradoria-Geral da República procedeu à recolha de elementos e decidiu enviá-los ao DIAP de Lisboa com vista a investigação."
Na última edição impressa do Expresso, o jornal revelou que os seis dirigentes visitaram o hospital de Zhang Zhou e a sede da Huawei numa viagem de cinco dias em julho de 2015. As despesas com os voos para Hong Kong foram pagas pela NOS, parceira da Huawei, que terá pago as restantes deslocações dentro da China.
Depois da notícia ter sido publicada, os cinco dirigentes do Ministério da Saúde puseram o lugar à disposição do ministro Adalberto Campos Fernandes que ordenou uma investigação. O dirigente da Autoridade Tributária também está a ser investigado.
A PGR já estava a investigar uma série de viagens à China feitas por, por exemplo, Paulo Vistas e alguns dirigentes do PSD. As despesas foram pagas pela Huawei e associados.» [Expresso]
É evidente que não há nada para investigar, mas uns fogachos na comunicação social dão jeito.
«O despacho final da Operação Marquês, onde José Sócrates é um dos arguidos, poderá ser só conhecido a 20 de novembro. A última carta rogatória deu entrada no processo no passado dia 22 de agosto e o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) terá 90 dias para efetuar o despacho final.
A notícia foi avançada pela SIC Notícias e entretanto confirmada ao Expresso por fonte oficial da Procuradoria-Geral da República.
Recorde-se que as autoridades portuguesas enviaram três cartas rogatórias – pedidos de cooperação internacional da investigação –no âmbito do processo, uma para Angola e duas para a Suíça. Em abril, a procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, decidiu prorrogar por três meses, após a data da devolução da última carta rogatória, o prazo dado para o encerramento do inquérito-crime.
O antigo primeiro-ministro está indiciado por corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais. O processo conta com 28 arguidos, entre eles Carlos Santos Silva, empresário e amigo de Sócrates, Armando Vara, ex-ministro socialista, Ricardo Salgado, ex-presidente do BES e Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, antigos administradores da PT.» [Expresso]
Esperar para ver.
«A Presidente lituana, Dalia Grybauskaité, alertou hoje que a Rússia está a proceder a uma "militarização muito agressiva e rápida" no enclave de Kalininegrado, através da colocação de "mísseis que podem também atingir Lisboa".
Dalia Grybauskaité falava aos jornalistas após um encontro com o Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, no Clube dos Oficiais de Kaunas, na Lituânia, de acordo com uma gravação enviada à agência Lusa pelo Palácio de Belém.
"Estamos face a uma militarização muito agressiva e rápida do setor de Kalininegrado, onde estão a ser colocados mísseis que podem também atingir Lisboa", advertiu a chefe de Estado lituana, depois de "agradecer muito" a Marcelo Rebelo de Sousa a "ajuda de Portugal, que se intensificou após a ocupação [russa] da Crimeia em 2014".«» [DN]
Este pessoal das repúblicas do Báltico tem uma certa aversão aos russos.
«A aprovação foi feita em reunião de Câmara, dando sequência a uma proposta apresentada pela Coligação Democrática Unitária (CDU), precisou a autarquia, na qual o PSD tem maioria absoluta, com quatro dos sete eleitos, contra dois do PS e um da coligação formada pelo PCP e pelo PEV.
A Câmara algarvia, uma das 16 do distrito de Faro, referiu num comunicado que, com a aprovação desta medida, o município "junta-se a outras entidades que estão a avançar na reposição desta regalia dos trabalhadores da função pública prevista na Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas".
"A proposta - apresentada pela CDU - será agora formalizada através de instrumento de regulação coletiva de trabalho, dando-se agora início ao processo negocial com todas as partes, com vista à celebração de acordo", precisou a Câmara de Vila Real de Santo António.» [DN]
Ai se o Passos Coelho sabe que o PSD do Madurinho anda feito uma geringonça, a aprovar as propostas da CDU.
«Dos 951 incêndios que ocorreram entre os dias 22 e 28 de Agosto, 353 deflagraram durante a noite, tal como já tinha acontecido na semana anterior, segundo o comandante operacional de Protecção Civil.
No encontro semanal com jornalistas sobre a situação dos incêndios florestais, Rui Esteves disse que, mais uma vez, 37% dos incêndios deflagraram à noite, sendo que essa percentagem aumentou para 42% nos dias 25 e 26.» [Público]
A culpa é da miséria humana que grassa no país.
terça-feira, agosto 29, 2017
Debates da treta
Com a chuva a apagar os incêndios os jornais precisam de novos temas, de preferência algo que cheire a escândalo e que alimente suspeitas picantes. Depois das acusações de falta de coordenação no combate aos incêndios vêm as suspeitas em relação aos funcionários e dirigentes do Estado. Os jornais vendem papel e a direita tenta capitalizar, evitando os debates de que foge como o diabo da cruz.
É óbvio que as recentes notícias em relação a viagens pagas por tecnológicas já cheiram a vingança e manipulação da opinião pública. Estas viagens são uma fonte inesgotável para os jornais, durante anos estabeleceu-se uma relação entre Estado e tecnológicas em que estas viagens eram tidas e tratadas como normais.
O que se passa neste setor não difere em nada do que sucedia com os congressos de medicina, trata-se de um setor onde a informação e formação disponibilizada pelas empresas é importante para os clientes, seja o Estado ou privados, ao mesmo tempo que a coberto da formação as empresas tecnológicas disseminam o seu marketing e observam os quadros que participam nas suas ações, obtendo informação útil para contarem com uma bolsa de profissionais, que poderão contratar para viabilizar futuros negócios.
Bem mais corruptas são as viagens que as grandes empresas portuguesas pagam a jornalista e que são retribuídas com artigos laudatórios dessas empresas, dos seus donos e administradores, senão mesmo com o silêncio de notícias incómodas. Basta analisar as notícias sobre as empresas com granes orçamentos publicitários (banca, telecomunicações, setor automóvel, distribuição alimentar, café, etc.) para percebermos que a informação relativa a essas empresas é altamente manipulada. Piro ainda, quando os patrões dessas empresas decidem intervir na política fazem-no através da comunicação social e sem terem de dar a cara.
O debate em curso não passa de um debate da treta e com as chuvas a apagarem os incêndios vem mesmo a calhar. Mesmo sabendo que as viagens em causa ocorreram quase todas durante a anterior legislatura, a imagem que passa é a de um Estado abandalhado e incompetente, o estereótipo de que a direita se serviu para adotar medidas de austeridade brutal no sector público e que tem vindo a usar para não discutir a realidade económica do país, preferindo a imagem de um país desgraçado.
É evidente que, tal como sucedeu com as iniciativas das farmacêuticas, devem ser adotadas regras claras no sector tecnológico, o que não significa que as viagens a que a comunicação social se tem referido tenham algo de suspeito. Tanto quanto sei muitas destas viagens podem estar enquadradas nos contratos assinados no âmbito do fornecimento de equipamentos ou de prestação de serviços, tendo essas viagens sido autorizadas e as faltas justificadas por se considerar que os funcionários estavam em serviço. A reação do ministro da Saúde foi extemporânea e excessiva, daí que um dia tenha mudado de discurso perante o risco de perder quadros que dificilmente conseguirá substituir.
Pessoalmente estou mais preocupado em saber se as agências de notação nos tiram do lixo, se o governo vai eliminar o brutal aumento do IRS que me foi imposto, se um cenário de um segundo resgate está posto de lado, se este ciclo de crescimento se vai prolongar, se o desemprego vai continuar a cair, se o país vai apostar mais na formação e educação, se o governo vai desmontar o que resta da experiência falhada da desvalorização fiscal. Quero lá saber o que comeram ao pequeno-almoço os convidados da ORACLE ou que entretenimento foi proporcionado aos quadros que viajara a convite de empresas.
Umas no cravo e outras na ferradura
Jumento do Dia
A propósito das viagens à borla o ministro não perdeu tempo e logo no fim-de-semana, aquando da publicação da notícia no Expresso, o ministério apressou-se a informar que na segunda-feira iria ouvir os funcionários. Chegada a segunda-feira o ministro informa que os funcionários colocaram o cargo à disposição e que aguardava informação da Inspeção-Geral de Saúde.
Isto é, depois do fogacho do sábado o ministro retomou a normalidade, pelo que o seu exibicionismo serviu apenas que para que num mesmo governo dois ministros tenham atuado de forma diferente, o da Saúde deu espetáculo enquanto o das Finanças ficou calado. A verdade é que na segunda-feira o da Saúde fez o que estava a fazer o das Finanças e o espetáculo serviu apenas para fazer um brilharete na comunicação social.
Porque será que os Belmiro, um dos pilares da moral e dos bons costumes da nossa sociedade, ainda estão calados apesar do seu nome vir referenciado na comunicação como agência de viagens borlistas? Será que o Belmirinho Júnior vai aparecer numa conferência de imprensa com ar de justiceiro como fez em relação ao caso Marquês?
Seria interessante se o Belmirinho Júnior viesse a público que as borlas dadas a altos quadros não são uma forma de corrupção, certamente destinaram-se a preparar os quadros para melhorarem o seu desempenho.
As investigações ás viagens
tanto no ministério da Saúde como no das Finanças as viagens estão sendo analisadas, no primeiro pela IGS, no segundo pela própria AT. Desde logo há aqui diferenças de critérios pois nas Finanças a tarefa não foi atribuída à IGF.
Mas coloca-se outra questão, começa a ser evidente que os altos quadros do estado viajam a convite de empresas sem que a decisão seja avaliada hierarquicamente. Não faz sentido que uma viagem seja decidida pelo funcionário ou dirigente, sem que a estão seja avaliada por via hierárquica, O que vai o quadro fazer, o que vai aprender, o que vai avaliar?
Isto não é o Burundi, Portugal não precisa que o Belmirinho Júnior ou qualquer outro pilar moral da sociedade pague as viagens em classe turística para que um alto quadro do Estado vá à Chinha ou onde quer que seja. Num mundo em que as viagens são cada vez mais baratas e em que os adolescentes fazem viagens intercontinentais como quem vai à Caparica só o fato de vermos gente a querer dar o rabo mais cinco tostões a troco de uma viagem é deprimente.
Todas as viagens feitas em segredo e sem qualquer conhecimento e autorização por parte da hierarquia devem ser consideradas viagens feitas a título particular e no interesse pessoal de quem as fez.
«O ministro da Saúde anunciou esta segunda-feira que vai aguardar pelas conclusões da intervenção urgente requerida à Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) para decidir pela demissão, ou não, dos altos quadros que viajaram à China a convite da Huawei.
Numa nota enviada à imprensa, Adalberto Campos Fernandes confirma que os dirigentes envolvidos no caso, divulgado sábado pelo Expresso, colocaram hoje o seu lugar à disposição, “em particular os senhores presidente e vogal do Conselho de Administração da SPMS [Serviços Partilhados do Ministério da Saúde].
A nota visa esclarecer que “os factos ocorridos em Junho de 2015 enquadram aspectos que carecem de clarificação ao nível do seu contexto ético, jurídico e institucional” e que, por isso, logo no sábado foi pedida a intervenção urgente da IGAS. São as conclusões dessa intervenção que o ministro aguarda para poder tomar “uma decisão definitiva, justa e fundamentada”.
“Durante o dia de hoje ocorreram diversas reuniões com os referidos dirigentes, na sequência das quais foram colocados à disposição os respectivos lugares, em particular pelos senhores presidente e vogal do Conselho de Administração da SPMS”, acrescenta o comunicado. Uma atitude que o Ministério considera positiva, pois considera que “o exercício de funções públicas exige obrigações especiais de transparência, rigor comportamental e observância dos princípios éticos”.» [Público]
Parece que no mesmo governo os critérios mudam de ministério para ministério.
«Promessa de autarca/candidato: o balcão de Almeida da Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai reabrir em breve com um colaborador e, mais tarde, passará para as instalações da autarquia, avançou esta segunda-feira o vice-presidente da autarquia à Lusa. Segundo Alberto Morgado, vice-presidente da Câmara Municipal de Almeida, a reabertura das instalações será efectuada "brevemente", sem adiantar datas.
O autarca explicou à Lusa que o município assinou um protocolo com a CGD, na terça-feira, que "permite alargar as respostas dos serviços bancários às instituições públicas, aos privados e às empresas, ainda que mantendo-se a extinção do código 0057 [correspondente] à ex-agência de Almeida".» [Público]
Almeida ficou com um correspondente da CGD, só para que o seu autarca mostre serviço.
«Contactada na sexta, a NOS negou pelos seus canais oficiais: não tinha pago qualquer viagem. No sábado, o Expresso publicou em manchete no semanário: “Altos quadros do Estado apanhados no caso Huawei”. E nessa manhã, na edição online, o jornal noticiou que a parte das despesas os voos tinham sido pagas por “uma empresa parceira da Huawei”. Contactada de novo no sábado, a NOS voltou a negar.
Mas na segunda a Huawei negou ter pago os voos, jornal online Eco noticiou que a NOS os pagara - e a NOS confirmou. O que aconteceu entretanto?
Depois das perguntas dos jornalistas, a administração da NOS ordenou na segunda feira de manhã ao departamento de auditoria uma averiguação interna sobre se havia registo de algum pagamento de viagens a altos quadros do Ministério da Saúde. Havia: uma fatura de cerca de 12 mil euros, de 2015, discriminava os nomes dos viajantes e havia sido de facto paga pela NOS.» [Expresso]
Afinal, o Belmirinho Júnior, um dos grandes pilares da moral e dos bons costumes, anda a corromper o país.
segunda-feira, agosto 28, 2017
Neste bordel de gente exemplar não há almoços, viagens ou cunhas grátis
Gostei de ver Marques Mendes desancar nos borlistas das viagens, dizendo do alto do seu estatuto ético que não há viagens grátis. Quando o ouvi questionei-me se haverão cunhas grátis, não há muito tempo que foi notícia o seu telefonema a fazer um pedido a um dos arguidos no caso dos passaportes dourados. De repente, lembrei-me de uma personagem da telenovela "Gabriela" que está sendo exibido no canal da Globo, a dona Dorotéia também era o pilar da moral e dos bons costumes de Ilhéus, até ao momento em que se descobriu que no passado tinha sido uma "quenga" muito requisitada..
Sejamos honestos, há muito que estes passeios são norma entre altos cargos do Estado e mesmo de empresas. Aquilo que era público no setor da saúde, com os famosos congressos de medicina, era mais ou menos público noutros setores, designadamente, no das tecnologias. Desde autarcas de Lisboa a fazerem viagens em todo o terreno no deserto do Saara a quadros dos departamentos de informática a passearem nos EUA tem sido um regabofe de passeios.
É uma pena, por exemplo, que os nosso jornalistas, outro clube de Donas Dorotéias, outro dos grandes pilares da moral e dos bons costumes do nosso país, nada nos contem sobre as viagens que têm feito por conta das empresas que lhes paguem para serem simpáticos ou ficarem de bico fechado. Só à conta da EDP tem sido o ver se te avias, cada vez que a EDP dá um traque no estrangeiro lá vai uma comitiva de jornalistas fazer turismo comunicacional à grande e à francês. Sucedeu, por exemplo, quando a EDP apresentou um plano de negócios em londres ou, melhor ainda, quando, em 2015, uma numerosa comitiva de jornalistas foi a Las Vegas passear pelo deserto de Mojave e assistir ao Rock in Rio, tudo em classe executiva.
Continuando nas Dorotéias do nosso país, os tais pilares da sociedade, também ficou para a história da moralidade pública do país um famoso congresso de magistrados, realizado em Albufeira, num conhecido hotel de luxo propriedade do agora tenebroso Ricardo Salgado. Na ocasião foi notícia o luxuoso programa de entretenimento dos e das dondocas, que foram luxuosamente tratados enquanto as suas caras metades pensavam no bem da nação.
É por isso que me dá vontade de rir quando vejo o Marques Mendes ter um assomo de indignação, dizendo que não há viagens grátis. É evidente que não, as famosas viagens de Durão à conta dos seus amigos milionários, as cunhas ao pessoal do SEF, os passeios das dondocas, as visitas à tecnológica chinesa ou a uma qualquer Oracle dos EUA, as migrações dos jornalistas à conta da EDP, tudo neste país tem preço e bem mais alto do que o trabalho dos que ganham o salário mínimo.
Mais um pequeno pormenor, as viagens que agora foram realizadas antes das últimas legislativas, pequeno pormenor que faz toda a diferença no caso de queremos abordar este tema no quadro da luta político-partidária. Outro pormenor, quando comparo Marques Mendes à Dona Dorotéia não estou sugerindo que o Conselheiro comentador terá sido "quenga" ou que tem telhados de vidro, apenas evidencio a sua dimensão de mexeriqueiro oficial de Pinto Balesemão.
Umas no cravo e outras na ferradura
Jumento do Dia
O desespero do PSD chega a atingir o ridículo, Duarte Marques parece incomodado porque os incêndios estão sendo ateados por incendiários, colocando o debate na atuação destes criminosos. Bom, bom é que o país estivesse todo a arder sem que fosse possível apurar as causa, por este andar os militantes do PSD em vez de colarem cartazes vão atear incêndios.
«Numa publicação intitulada “Reflexões sobre os incêndios”, o deputado do PSD, Duarte Marques, afirma ser “curioso que as autoridades nacionais, em particular o Governo, parecem cada vez mais empenhadas em demonstrar que, depois das trovoadas secas, agora tudo é causado por incendiários”.
O social-democrata diz ainda que “as suspeitas de fogo posto dão jeito a muita gente”, pois dessa forma “deixa de haver falta de meios, deixa de haver falta de limpeza, deixa de haver falta de ordenamento do território e até deixa de haver problemas de coordenação da Protecção Civil nacional”, sublinha.
Na mesma publicação feita na sua página pessoal do Facebook, Duarte Marques refere-se ainda ao crime como uma espécie de “amnistia” que possibilita o descansar de consciências e o eliminar de responsabilidades.» [Notícias ao Minuto]
«O silêncio do PSD perante a defesa da pena de morte é preocupante. Estamos a falar de um dos "partidos de regime", o mais votado nas últimas legislativas, e as declarações de André Ventura nesta semana na TVI24 - o candidato laranja à Câmara Municipal de Loures propôs a pena de morte para casos de terrorismo e insistiu na introdução da pena de prisão perpétua - não dão direito a hesitações. Não sei quantas vezes o Expresso e outros órgãos de comunicação social tentaram contactar a direção do PSD e pouco interessa para o caso. Bem sei que estamos em agosto, que há muito boa gente de férias, mas esta é daquelas respostas que podem muito bem ser dadas por um qualquer assessor de serviço. Não devia merecer grande reflexão ou autorização superior.
A pena capital foi abolida em Portugal, para crimes civis, em julho de 1867. Há 150 anos. Tanto quanto me lembro, o PSD participou nas comemorações da data organizadas pela Assembleia da República. Aliás, o PSD, que tanto critica o PS por se apoiar em partidos que não respeitam alguns dos princípios básicos da União Europeia, sabe certamente que esse é um dos pilares da União e que a abolição universal da pena de morte é algo que os parceiros europeus defendem em conjunto. Não se percebe, portanto, a hesitação e o atraso na resposta às declarações do candidato Ventura.
De todos os temas com que nos temos entretido e indignado nas últimas semanas, este não é, em definitivo, assunto de silly season. Merece discussão, tempo de antena, papel e tinta, o que seja. Há coisas com que não se brinca (e não me venham com o argumento do politicamente correto, por favor). Se, nos últimos meses, o PSD não encontrou forma de se distanciar de André Ventura, passando mesmo pela vergonha de ver um dirigente do PNR a queixar-se de concorrência política desleal, este seria o momento certo para cortar esses laços de confiança política. Pelo contrário, o que vimos foi o PSD a desafiar António Costa a retirar a confiança política à candidata socialista em Loures, porque Sónia Paixão teria admitido numa entrevista uma coligação pós-eleitoral com o PSD e com André Ventura. Não vale gastar mais caracteres, até porque as anedotas não se explicam...
Estamos à beira de umas eleições. São autárquicas, logo menos passíveis de leituras nacionais, mas o facto é que o PSD tem estado, de forma sistemática, em mínimos históricos em todos os estudos de opinião. Será que a costumeira fleuma com que os grandes partidos lidam com ciclos de impopularidade não se aplica à atual direção do PSD? No discurso de regresso pós-férias, na festa do Pontal, Passos Coelho usou uma frase e duas ideias que não envergonhariam André Ventura ou Donald J. Trump: "O que é que vai acontecer ao país seguro que temos sido se se mantiver esta possibilidade de qualquer um viver em Portugal?" Imigração e (in)segurança, ligadas assim, com ligeireza e sem factos que suportem a associação, é uma linha narrativa que faz parte de qualquer projeto político populista de extrema-direita. Daí à defesa da pena de morte para terroristas ou à prisão perpétua para incendiários é um saltinho. Em tempos de vazio ao centro, de eleitores cansados, desiludidos e pouco mobilizáveis, um post no Facebook e uns milhares de likes tornam o indizível demasiado apetecível. A escolha é tão legítima quanto qualquer outra. O PSD só tem de nos dizer ao que vem e se é nesse lado do tabuleiro que quer jogar.» [DN]
Paulo Tavares.
«Pedro Passos Coelho reconheceu este sábado que o Governo tem “algum mérito” na evolução positiva da economia portuguesa, mas lembrou as reformas feitas pelo Executivo PSD/CDS e a “conjuntura económica extraordinariamente favorável que se vive em toda a Europa”.
Em declarações aos jornalistas, à margem da visita ao Pavilhão de Feiras e Exposições de Penafiel, o líder social-democrata voltou a desafiar os socialistas a olharem “para além da conjuntura económica” e avançarem decididamente para uma “nova fase de reformas da nossa economia”, ambição que “não tem estado presente no discurso dos partidos que apoiam o Governo e do Governo”.
Mesmo lembrando que as instituições internacionais preveem um ritmo “menos intenso de crescimento” ao longo dos próximos anos, Passos Coelho assumiu que a redução do défice e a evolução favorável da economia é um dado positivo. “Não é um elogio ao Governo, a economia tem tido um desempenho positivo e isso é bom. Não conheço nenhum político que gosta que as coisas corram mal”, afirmou o presidente do PSD.
Cenário que se pode alterar, insistiu o social-democrata, se o país continuar sem cumprir as reformas que se exigem e permanecer dependente das “flutuações dos ciclos económicos”.» [Observador]
Rendido à realidade passos deixou de estar à espera do diabo, agora diz que o governo tem algum mérito, para sugerir que quase tudo se deve às suas reformas, tendo ainda a distinta lata de sugerir as reformas que não fez, talvez despedimentos em massa no Estado, cortes de pensões e outras das suas ideias de extrema-direita.
domingo, agosto 27, 2017
Semanada
Umas no cravo e outras na ferradura
Jumento do Dia
Era contra a devolução dos rendimentos, anunciou desgraças, agora descobre que a não se virou a página da austeridade. A líder do CDS continua a ser dependente do anterior governo, a líder do CDS continua a ser uma sombra de Passos Coelho, mal o líder do PSD espirra a cristas mostra sintomas de constipação.
«A presidente do CDS-PP considerou hoje que “não houve nenhum virar de página na austeridade”, dizendo estar preocupada em saber como é que o Governo chegou à redução do défice conhecida na sexta-feira.
À margem de uma ação de pré-campanha eleitoral para as eleições autárquicas de 1 de outubro, na freguesia lisboeta da Ajuda, Assunção Cristas falou aos jornalistas sobre a anunciada redução do défice, que totalizou 3.763 milhões de euros até julho, um recuo de 1.153 milhões de euros face a 2016, segundo o Ministério das Finanças.
De acordo com o Governo, “a evolução do défice resultou do aumento expressivo da receita de 3,2% e de um acréscimo da despesa de 0,5%”, e o “excedente primário ascendeu a 1.726 milhões de euros, aumentando 1.377 milhões de euros”.
“Por via indireta, todos nós estamos a pagar muitíssimos impostos e, na nossa avaliação, não houve nenhum virar de página na austeridade”, reagiu a presidente do CDS-PP.» [Observador]
«Altos quadros do Estado, do Ministério da Saúde e da Autoridade Tributária e Aduaneira (Ministério das Finanças) também realizaram viagens à China, onde visitaram um hospital e a sede da Huawei, no início de junho de 2015. São cinco funcionários com posições relevantes nos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) e um quadro das Finanças. A notícia foi avançada pelo Expresso este sábado, mas o mesmo jornal publicou, entretanto, uma segunda notícia em que diz que o custo dos bilhetes de avião foi, na realidade, suportado por “parceiros privados” — não esclarecendo quem pagou outros custos, nomeadamente os relacionados com a estadia.» [Expresso]
Há muito tempo que ouço falar de viagens, no domínio das tecnológicas surge sempre o argumento da visita de instalações.
«Paulo Portas considera que "os resultados das eleições em Angola são muito interessantes" e elogia o processo de sucessão.
Num artigo publicado hoje no semanário Expresso, Portas escreve que o "Presidente José Eduardo dos Santos resistiu à tentação do poder vitalício. A sua decisão de sair e organizar uma transição inovadora marca uma diferença em África. José Eduardo dos Santos, definitivamente, não é Mugabe nem Obiang: soube separar o seu destino do destino do seu país. Na leitura histórica, José Eduardo dos Santos não é apenas um dos vencedores da guerra, é um dos construtores da paz, é também um Presidente que soube sair e abrir caminho ao futuro."
Esta é uma de cinco reflexões de Paulo Portas neste artigo, onde salienta também que o "MPLA resiste melhor a uma crise económica dura e profunda do que, por exemplo, o ANC na África do Sul", continuando ser "o partido dominante" mas havendo agora "mais diversidade política na sociedade angolana".
Portas escreve ainda "sobre a oportunidade que se abre em Angola. Mesmo que o partido governamental seja o mesmo, o chefe de Estado será outro. É inevitável a abertura de um ciclo novo. O Presidente João Lourenço é um militar muito respeitado e um político de larga experiência. Garantiu o essencial para poder fazer reformas: uma maioria estável. A perícia com que administrar as expectativas de mudança e as garantias de continuidade marcarão o seu mandato".» [Expresso]
Portas e o CDS parecem pertencer a uma delegação de negócios do MPLA em Portugal
sábado, agosto 26, 2017
O dinheiro sujo traz progresso?
Umas no cravo e outras na ferradura
Jumento do Dia
Este Hugo Soares é um ponto, só alguém com uma grande capacidade de humor consegue perceber onde ele quer chegar ao falar de uma realidade que só ficou à vista graças aos inc~endios. É uma vergonha para a história do PSD ver este artista na liderança do grupo parlamentar do PSD.
«Hugo Soares, líder parlamentar do PSD, considera que a tragédia de Pedrógão, e os incêndios que se têm sucedido desde então, deixaram à vista uma realidade que o Governo andava a esconder.» [Expresso]
Há alguns anos atrás um conhecido devoto de Josemaria Escrivá partiu um braço na praia da Altura, talves atentar fazer surf no cachão de sudoeste. Agora foi o Passos Coelho que parece ter desaparecido, desde a famosa história dos suicídios de Pedrógão que o traste de Massamá quase não aparece. Não será melhor denunciar o desaparecimento junto dos banheiros da Manta Rota?
«Até julho de 2017, a receita fiscal líquida do subsetor Estado registou um crescimento de 950,2 milhões de euros (4,4%) face ao período homólogo, invertendo a trajetória dos meses recentes, em virtude da diminuição do desfasamento temporal dos reembolsos de IRS antecipados para os meses de abril a junho", realçou a DGO na síntese da execução orçamental hoje divulgada.
"Em termos homólogos, até julho de 2017, a taxa de variação da receita situa-se acima da prevista para o conjunto do ano (3%), destacando-se o crescimento do IRC (18,8%) e do IVA (4,9%)", acrescentou a entidade.
A receita líquida de IRC praticamente mantém o crescimento verificado no mês anterior, em resultado do aumento homólogo dos pagamentos por conta no montante de 202 milhões de euros (18,5%) e de 38 milhões de euros nos pagamentos adicionais por conta (25,9%), o que, segundo a DGO, denota a consistência da sua evolução.» [Notícias ao Minuto]
Compreende-se a dedicação da direita aos incêndios, é por lá que parece andar o seu diabo.
sexta-feira, agosto 25, 2017
A nova turismofobia
Umas no cravo e outras na ferradura
Jumento do Dia
quando vi este senhor com ar de "pintas", cabelo penteado para traz com uma camada de algo a lembrar a brilhantina, peitaça a exibir um crucifixo e fato sem gravata, pensei que era a Altice a anunciar um novo produto, talvez um telemóvel tuga made in China ou um qualquer esquema para ludibriar os clientes. mas não, o senhor da Altice acha que Portugal é um país de lorpas e estava a fazer a sua defesa jurídica, confundindo uma sala onde estavam alguns jornalistas com a sala de audiências de um tribunal.
Esta abordagem da Altice pode parecer muito modernas, mas naquele pintas vi uma empresa que tem pouco respeito pelo país,.
«"Repudiamos que a rede da PT tem fragilidades. O SIRESP não falhou". A garantia foi dada, por diversas vezes, por Alexandre Fonseca (na foto), CTO da dona da Meo, durante uma conferência de imprensa para fazer o balanço da actuação da operadora durante os incêndios que assolaram o país neste últimos dois meses e meio.
"À data de hoje, mais de 80% dos impactos da rede PT estão ultrapassados", adiantou, acrescentando que, na opinião da empresa, "não há falhas no SIRESP". "O nosso entendimento é que não são falhas, são ocorrências excepcionais", comentou.
Alexandre Fonseca escusou-se a comentar as declarações de António Costa, bem como todas as críticas que têm sido feitas à operadora nos últimos meses.» [Jornal de Negócios]
Depois de mais de um mês a ouvir as mais variadas vozes a pronunciar-se sobre as consequências ainda não se ouviu uma única a pronunciar-se sobre a devastação da biodiversidade provocada pelos incêndios. Da flora rara e preciosa que é destruídas, dos milhares de espécimes de espécies raras que morrem, da destruição do habitat de muitas espécies, a passagem de um incêndio deixa atrás de si um rasto de morte, os eucaliptos poderão crescer dentro em brave, mas a recuperação das espécies selvagens levará muito tempo, se não desaparecerem espécies rara da nossa flora ou do mundo animal.
Nem mesmo os ambientalistas aprecem estar preocupados, sinal de que muitas lutas ambientais não passam de jogos de clubes, dantes aderia-se ao MRPP, agora vais-se para uma organização ambiental. A vida animal serve apenas para exposição. faz lembrar o jardim Gulbenkian que não se cansa de apresentar o seu jardim como um paraíso ornitológico, ao mesmo tempo que permite que senhoras caridosas ajudem a encher o mesmo jardim de gatos, onde estes se divertem a matar aves raras, as mesmas aves que aparecem nos cartazes plantados no jardim, mas que ninguém consegue ver. resulta mais da imaginação do ornitólogo convidado pela Gulbenkian do que de qualquer observação. Aposto que o responsável do jardim na administração da Gulbenkian antes de conseguir ver uma trepadeira-azul vai cruzar-se centenas de vezes com os gatos do gatil Gulbenkian.
É muito bonito falar de ambiente e exibir imagens de aves raras ou de linces, mas a verdade é que o país está dividido entre os defensores dos eucaliptos e os que v~em nos eucaliptos um símbolo do mal. Como noticia o Público, no Douro Internacional ardeu um ninho de abutre preto onde estava um juvenil, era o único ninho desta espécie em Portugal. O casal de aves não pediu indemnizações, não teve direito a uma deslocação da Judite Sousa, o Passos Coelho não anunciou o seu suicídio e a Cristas nem se queixou da falha do Estado, nem mesmo o Presidente da República compareceu ao funeral.
«O incêndio que no final de Junho deflagrou no planalto mirandês, avançando pelas arribas do Parque Natural do Douro Internacional, queimou o único ninho conhecido de abutre preto na região, com uma cria ali nascida este ano e que ainda não sabia voar.
As arribas do Douro Internacional começaram a ser recolonizadas há cerca de cinco anos por esta espécie que chegou a estar extinta em território nacional, e que foi reocupando áreas históricas de ocupação em Portugal, fruto de projetos de conservação e do aumento da população espanhola do outro lado da fronteira.
“O abutre preto é uma das espécies mais ameaçadas a nível europeu e em Portugal há muitos poucos casais reprodutores”, lamenta Joaquim Teodósio, biólogo da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), entidade que coordena o projeto transfronteiriço “Life Rupis” que visa recuperar as populações de abutre do Egipto e águia perdigueira no Douro Internacional, ao mesmo tempo que beneficia outras como o abutre-preto e o milhafre-real. O projeto − co-financiado pelo fundo europeu Life − conta com mais oito parceiros, entre os quais o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a GNR, a Vulture Conservation Foundation e ONGs locais).» [Expresso]
Ninguém fala da perda de biodiversidade provocada pelos incêndios.