segunda-feira, agosto 28, 2017

Umas no cravo e outras na ferradura



 Jumento do Dia

   
Duarte Marques, mais um homem de Mação

O desespero do PSD chega a atingir o ridículo, Duarte Marques parece incomodado porque os incêndios estão sendo ateados por incendiários, colocando o debate na atuação destes criminosos. Bom, bom é que o país estivesse todo a arder sem que fosse possível apurar as causa, por este andar os militantes do PSD em vez de colarem cartazes vão atear incêndios.

«Numa publicação intitulada “Reflexões sobre os incêndios”, o deputado do PSD, Duarte Marques, afirma ser “curioso que as autoridades nacionais, em particular o Governo, parecem cada vez mais empenhadas em demonstrar que, depois das trovoadas secas, agora tudo é causado por incendiários”.

O social-democrata diz ainda que “as suspeitas de fogo posto dão jeito a muita gente”, pois dessa forma “deixa de haver falta de meios, deixa de haver falta de limpeza, deixa de haver falta de ordenamento do território e até deixa de haver problemas de coordenação da Protecção Civil nacional”, sublinha.

Na mesma publicação feita na sua página pessoal do Facebook, Duarte Marques refere-se ainda ao crime como uma espécie de “amnistia” que possibilita o descansar de consciências e o eliminar de responsabilidades.» [Notícias ao Minuto]

      
 Bem-vindos à política do Facebook
   
«O silêncio do PSD perante a defesa da pena de morte é preocupante. Estamos a falar de um dos "partidos de regime", o mais votado nas últimas legislativas, e as declarações de André Ventura nesta semana na TVI24 - o candidato laranja à Câmara Municipal de Loures propôs a pena de morte para casos de terrorismo e insistiu na introdução da pena de prisão perpétua - não dão direito a hesitações. Não sei quantas vezes o Expresso e outros órgãos de comunicação social tentaram contactar a direção do PSD e pouco interessa para o caso. Bem sei que estamos em agosto, que há muito boa gente de férias, mas esta é daquelas respostas que podem muito bem ser dadas por um qualquer assessor de serviço. Não devia merecer grande reflexão ou autorização superior.

A pena capital foi abolida em Portugal, para crimes civis, em julho de 1867. Há 150 anos. Tanto quanto me lembro, o PSD participou nas comemorações da data organizadas pela Assembleia da República. Aliás, o PSD, que tanto critica o PS por se apoiar em partidos que não respeitam alguns dos princípios básicos da União Europeia, sabe certamente que esse é um dos pilares da União e que a abolição universal da pena de morte é algo que os parceiros europeus defendem em conjunto. Não se percebe, portanto, a hesitação e o atraso na resposta às declarações do candidato Ventura.

De todos os temas com que nos temos entretido e indignado nas últimas semanas, este não é, em definitivo, assunto de silly season. Merece discussão, tempo de antena, papel e tinta, o que seja. Há coisas com que não se brinca (e não me venham com o argumento do politicamente correto, por favor). Se, nos últimos meses, o PSD não encontrou forma de se distanciar de André Ventura, passando mesmo pela vergonha de ver um dirigente do PNR a queixar-se de concorrência política desleal, este seria o momento certo para cortar esses laços de confiança política. Pelo contrário, o que vimos foi o PSD a desafiar António Costa a retirar a confiança política à candidata socialista em Loures, porque Sónia Paixão teria admitido numa entrevista uma coligação pós-eleitoral com o PSD e com André Ventura. Não vale gastar mais caracteres, até porque as anedotas não se explicam...

Estamos à beira de umas eleições. São autárquicas, logo menos passíveis de leituras nacionais, mas o facto é que o PSD tem estado, de forma sistemática, em mínimos históricos em todos os estudos de opinião. Será que a costumeira fleuma com que os grandes partidos lidam com ciclos de impopularidade não se aplica à atual direção do PSD? No discurso de regresso pós-férias, na festa do Pontal, Passos Coelho usou uma frase e duas ideias que não envergonhariam André Ventura ou Donald J. Trump: "O que é que vai acontecer ao país seguro que temos sido se se mantiver esta possibilidade de qualquer um viver em Portugal?" Imigração e (in)segurança, ligadas assim, com ligeireza e sem factos que suportem a associação, é uma linha narrativa que faz parte de qualquer projeto político populista de extrema-direita. Daí à defesa da pena de morte para terroristas ou à prisão perpétua para incendiários é um saltinho. Em tempos de vazio ao centro, de eleitores cansados, desiludidos e pouco mobilizáveis, um post no Facebook e uns milhares de likes tornam o indizível demasiado apetecível. A escolha é tão legítima quanto qualquer outra. O PSD só tem de nos dizer ao que vem e se é nesse lado do tabuleiro que quer jogar.» [DN]
   
Autor:

Paulo Tavares.

      
 A nova estratégia de Passos
   
«Pedro Passos Coelho reconheceu este sábado que o Governo tem “algum mérito” na evolução positiva da economia portuguesa, mas lembrou as reformas feitas pelo Executivo PSD/CDS e a “conjuntura económica extraordinariamente favorável que se vive em toda a Europa”.

Em declarações aos jornalistas, à margem da visita ao Pavilhão de Feiras e Exposições de Penafiel, o líder social-democrata voltou a desafiar os socialistas a olharem “para além da conjuntura económica” e avançarem decididamente para uma “nova fase de reformas da nossa economia”, ambição que “não tem estado presente no discurso dos partidos que apoiam o Governo e do Governo”.

Mesmo lembrando que as instituições internacionais preveem um ritmo “menos intenso de crescimento” ao longo dos próximos anos, Passos Coelho assumiu que a redução do défice e a evolução favorável da economia é um dado positivo. “Não é um elogio ao Governo, a economia tem tido um desempenho positivo e isso é bom. Não conheço nenhum político que gosta que as coisas corram mal”, afirmou o presidente do PSD.

Cenário que se pode alterar, insistiu o social-democrata, se o país continuar sem cumprir as reformas que se exigem e permanecer dependente das “flutuações dos ciclos económicos”.» [Observador]
   
Parecer:

Rendido à realidade passos deixou de estar à espera do diabo, agora diz que o governo tem algum mérito, para sugerir que quase tudo se deve às suas reformas, tendo ainda a distinta lata de sugerir as reformas que não fez, talvez despedimentos em massa no Estado, cortes de pensões e outras das suas ideias de extrema-direita.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mande-se o senhor à bardamerda.»