À medida que o tempo passa e os sucessos económicos a Gerigonça põem a nu as patranhas económicas de Passos Coelho quase nos vamos esquecendo das personagens que rodearam Passos Coelho.
Quem se lembra de Vítor Gaspar? Era apresentado como um mago, não faltaram as comparações mais ou menos subtis com Salazar, muitos prognosticaram que substituiria Passos, na linha de Cavaco e do próprio Salazar. Era o salvador ideal para o país, até tinha uma avó Prazeres na Serra da Estrela, que lhe asseguravam as credencias dos valores rurais e do ruralismo, fazendo dele um novo Salazar. O ministro das Finanças adorava-o, apreciava a sua obediência canina e promoveu-o mandando publicar um artigo da sua autoria no site do ministério das Finanças Alemão.
E o que dizer de Maria Luís? Filha de um cabo da guarda de Cabora Bassa trazia nas suas entranhas a educação rígida e os valores da austeridade. Era uma senhora da economia e o ministro das Finanças alemão promoveu-a, até simulou um seminário no seu ministério para lhe dar currículo e dimensão. Falava como se tivesse um Nobel da Economia. Depois de Gaspar ter fugido já lhe prognosticavam uma carreira brilhante, seria a sucessora de Passos e este até a promoveu a vice no seu partido.
Do ex-ministro da Economia, o inconfundível Sôr Álvaro, homem que não queria horárias de doutor e despachava no meio do pátio do seu ministério. Defendeu a criação de uma multinacional do pastel de nata, prometeu transformar o país num grande produtor de minérios e iniciou a terceira grande revolução industrial, tendo mesmo ido a Paris apresentar as suas gloriosas ideias. Acabou despachado para que Portas pudesse meter o flausino do Porto no seu lugar.
Como os tempos mudar, uns fugiram, outros cometeriam erros de aritmética, muitos fogem de passos como o diabo da cruz, os outros assobiam para o ar. Passos está só, Sampaio não tinha generais, o líder do PSD já só tem, grumetes. Tem de ser ele a escrever os seus discursos e sabe-se como fala muito melhor do que pensa. Anda desesperado em busca de argumentos para que o diabo apareça, inventa suicídios, muda de argumentos e de estratégia de forma errática. Já não tem amigos, está cada vez mais abandonado, sobram-lhe os fracos, como o inconfundível Amorim ou o seu líder parlamentar.
O Passos sem os assessores do Estado, sem os recursos do gabinete de primeiro-ministro e sem o apoio dos que o ajudaram enquanto estava a subir é um político cada vez mais vulgar, sem ideias, sem orientação. Mais parece um candidato a uma junta de freguesia do que um político que está convencido de que uma grande desgraça nacional o ajudará a voltar a São bento.