sexta-feira, agosto 22, 2008

Umas no cravo e outras tanta na ferradura

FOTO JUMENTO

Alfama, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[AP]

«Portugal's Nelson Evora celebrates after winning the gold medal in the men's triple jump during the athletics competitions in the National Stadium at the Beijing 2008 Olympics in Beijing, » [Washington Post]

JUMENTO DO DIA

Ministro da Administração Interna

Será que o ministro da Administração Interna fez o mesmo que Manuela Ferreira Leite? Ninguém o vê.

AFINA, SEMPRE TEMOS UM HERÓI

Não tem a pela tão clara como a Vanessa Fernandes, que ganhou a medalha de prata no triatlo, mas foi o que se arranjou, já que os “nossos” não têm pachorra para competir de manhã ou sujeitarem-se d dietas olímpicas, resta-nos este filho de emigrantes cabo-verdianos, nascido algures em África, para concluirmos que, afinal, nem tudo correu mal nos jogos de Pequim. Aliás, nem é a primeira vez que o destino nos prega esta partida, já nos últimos jogos o Obikwelu nos tinha pregado a mesma partida com a medalha de ouro, se não fosse a Naide Gomes ter pisado o risco e feito uma paradinha até se poderíamos estar a assistir a uma repetição.

É evidente que nos próximos tempos os nossos nacionalistas não vão afixar cartazes para o aeroporto ou para o Marquês, nem os nossos sociólogos vão reflectir sobre as novas urbanizações. Nem sequer vamos ver em cada filho de emigrante um potencial pistoleiro.

Num país deprimido um herói dá jeito e se tiver que ser o Nelson Évora então que seja, afinal de contas antes desta mania das medalhas olímpicas o nosso herói sempre foi o Eusébio e nesse tempo ninguém embirrava como os portugueses que não fosse brancos, nem havia quem nos convencesse de que somos todos diferentes e todos iguais. O que importa mesmo é que temos um herói, aliás, contando com a Vanessa temos dois e se não fossem os “azares”até poderíamos ter tido quase meia dúzia, metade dos quais com ar de não serem ali dos lados de Braga ou de Viseu.

Isto é, das duas medalhas que tivemos uma foi conquistada por um filho de emigrantes, ainda por cima a de ouro. Mas se as expectativas de Naide Gomes e Obikwelu se tivessem concretizado a diferença ainda teria sido maior, a não ser que a vela e o judo compensassem. Num país onde se anda a analisar as estatísticas da criminalidade em função da cor da pele teremos que concluir que nem todos os filhos dos nossos emigrantes são pistoleiros.

Esperemos que um dia destes alguém que veja Nélson Évora a correr numa qualquer pista não se lembre de pensar que está a fugir da polícia.

O JORNALISMO SEGUNDO A TVI

A TVI convida um responsável da PJ para o "massacrar" lançando questões sobre a insegurança, o próprio jornalista tentou concluir que há mais insegurança pelos casos que relata, mas ignorando que quando se prende um bando apenas há uma notícia apesar desse bando poder ter cometido dezenas de assaltos. Depois lança um televoto a perguntar se há mais ou menos segurança. A isto chama-se gozar com a segurança e ganhar uns cobres graças à ingenuidade dos telespectadores que vão pagar uma chamada (muito provavelmente de valor acrescentado) para responder o óbvio.

É PRECISO PANCADA

«Mas depois descemos na análise e o que é que descobrimos? Que estes rapazes não batem bem. Que, para fazerem aquilo que fazem, não podem bater bem. Que treinam seis horas todo o santo dia do ano e ingerem rações de 12 mil calorias ao nascer da aurora. Que "comem, dormem e nadam", como diz Phelps, porque o verdadeiro sucesso só se constrói com rotina fanática. Que são ferozmente competitivos, impiedosos, mujhaidins das medalhas: "Ganhar não é tudo o que existe, é a única coisa que existe." Que é por essa forte e persistente pancada que aguentam a pressão da vitória.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Pedro Lomba.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

AS INGERÊNCIAS DO PODER POLÍTICO NA ESFERA JUDICIAL

«Segundo o semanário Expresso do passsado dia 15 de Agosto, um grupo de juízes elaborou um documento que intitularam Graves Ingerências do Poder Político na Esfera do Poder Judicial onde denunciam que "um numeroso núcleo de políticos profissionais pretende levar a cabo uma formidável concentração de poderes soberanos do Estado, condicionando estreitamente o poder judicial, com vista à obtenção de um poder político absoluto, incontrolável". Alegam ainda que, nos últimos anos, a relação entre o poder político e o poder judicial "caracterizou-se por um evidente cerco e por um nítido afrontamento dos políticos profissionais aos juízes e aos tribunais judiciais". O referido documento, assinado pelo juiz-conselheiro jubilado Pires Salpico Pinto e no qual são feitas ainda várias críticas à produção legislativa do actual Governo, foi enviado ao Presidente da República.

Como se vê, esses magistrados atribuem todos os males do poder judicial a forças externas à magistratura, ignorando, incompreensivelmente, os erros cometidos por alguns dos seus elementos durante anos a fio, em virtude de um "sindicalismo vesgo" e de formação de pequenos grupos que se protegiam uns aos outros na mira de uma promoção fácil e incompetente.

Para que o corpo judiciário possa inspirar confiança à sociedade em transformação que hoje é a nossa, não basta subtrair os juízes às influências do poder executivo. É preciso que à independência formal dos juízes se some a independência de carácter dos mesmos para, então, surgir como resultante e coroamento a independência real da magistratura - a independência real possível em termos humanos e históricos. Todas as reformas das instituições judiciárias, por mais dilatadas e profundas que sejam, estão votadas ao fracasso na prática social se não se reformarem paralelamente as mentalidades dos magistrados através de uma formação intelectual e técnica, bem como a criação de um estado de espírito verdadeiramente judiciário, onde o sentido da responsabilidade intelectual se veja indissoluvelmente associado à capacidade de autodeterminação e a uma plasticidade mental bastante que os torne receptivos às realidades candentes do nosso tempo.

No processo formativo dos futuros magistrados é basilar fomentar nos candidatos ou aspirantes ao exercício da função judicial o gosto, o sentido, a exigência e a prática da independência. Se tal não acontecer de pouco ou nada valem, nos momentos cruciais em que são postos à prova, o ânimo da lei e o eventual desafogo económico. Ou doutro modo: se o juiz não for medularmente independente - cuja diagnose nos é dada pela coragem moral, firmeza de ânimo, rectidão de carácter, lucidez crítica e espírito de isenção - de nada lhe vale, nos momentos cruciais em que é posto à prova, o princípio constitucional da independência.

Espírito independente tem o juiz que o ser e parecer, não só para não se deixar aliciar pelas eventuais manobras, artifícios e envolvimentos de toda a espécie, urdidos por quem quer que seja, como também para inspirar confiança, ganhar credibilidade, merecer aceitação por parte da sociedade global e, muito particularmente, por parte dos que por uma razão ou por outra utilizam, ou se vêem forçados a utilizar, os serviços dos tribunais.

O sindicalismo dos juízes tende a transformar os titulares do poder judicial em meros funcionários públicos que apenas pensam nos seus interesses corporativos e contrários a quaisquer movimentos de reforma. As reformas dos sistemas jurídicos e judiciários valerão o que valerem os juízes encarregados de as executar, ou melhor, o triunfo ou o insucesso dessas reformas ficar-se-ão a dever em importante medida - como aliás tem sucredido ao longo da história das instituições judiciárias - à maneira correcta ou incorrecta, flexível ou rígida, epidémica ou elaborada - como são postas em prática, no dia-a-dia dos tribunais, pelos juízes.
As reformas devem continuar também a nível constitucional, v.g, relativamente à unificação dos Conselhos Superiores da Magistratura, à escolha do presidente do STJ (pelo Presidente da República ou eleito por todos os juízes), acabando definitivamente a actual inerência do cargo entre o presidente do Supremo e do CSM.»
[Público assinantes]

Parecer:

Por Narciso Machado, juiz desembargador jubilado.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

SE CAVACO QUERIA CONFRONTO VAI TÊ-LO

«O PS não vai recuar na intenção de pôr fim ao conceito de culpa no divórcio litigioso. Os socialistas admitem alguns reajustamentos à lei - que foi ontem vetada pelo Presidente da República - mas recusam mexer naquela que é a principal inovação do diploma. De acordo com fonte socialista, a maioria parlamentar será "inflexível" nesta matéria. O PS prepara-se assim para contrariar a sugestão deixada por Cavaco Silva na mensagem dirigida à Assembleia da República. Na argumentação que justifica o veto, o Presidente é claro: "O legislador deveria ponderar em que medida não será preferível manter-se, ainda que como alternativa residual, o regime do divórcio culposo."» [Diário de Notícias]

Parecer:

Não estando em causa uma questão de regime a vontade do parlamento deve ser respeitada por Cavaco SIlva, até porque a maioria parlamentar que votou o diploma é muito mais representativa que a maioria presidencial. Será interessante conhecer a opinião da divorciada Manuela Ferreira, até porque tem experiência própria.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se.»

UM ASSALTO PERFEITO

«O assalto à carrinha da Prosegur, a segunda empresa mais importante no mercado de transportes de valores, foi realizado em apenas dois quilómetros, pelas 02.45 , e envolveu três viaturas de alta cilindrada e cinco elementos. De acordo com fontes policiais, "a forma de actuação foi pensada ao milímetro, tendo em conta todos os aspectos: local (sem vigilância electrónica da Brisa), abordagem da carrinha, modo de roubo e fuga", explicou Leonel de Carvalho. Fontes policiais referiram ao DN que "os assaltantes usaram técnicas e tácticas militares e policiais. Rápidas e eficazes". Isto porque "a forma de arrombamento da carrinha de valores é idêntica à que as polícias usam nas portas". » [Diário de Notícias]

Parecer:

Perfeito demais para os nossos pilha galinhas, até nos faz suspeitar de que aqui andou mão de especialistas com demasiados conhecimentos para os nossos ladrões.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Investigue-se.»

MENEZES CRITICA FERREIRA LEITE EM ARTIGO

«Errado porque um País em dificuldades não foi de férias e precisava de ouvir a voz de uma oposição alternativa, errado porque se deu espaço para o primeiro Ministro marcar a reentrée com uma leitura enviesada sobre a economia e o emprego, errada porque as vitórias baseadas exclusivamente no falhanço alheio são efémeras, errado porque em democracia nada substitui o carinho e a mobilização da base social de apoio partidária, algo que ainda não se faz através da net ou da TV. Nada substitui, em democracia, a força do contacto pessoal, do aperto de mão sentido, do olhar profundo nos olhos de um eleitor. » [Jornal de Notícias]

Parecer:

O silêncio de Ferreira Leite provoca muito ruído.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Ferreira Leite que deixe a senhora descansada.»

CADELA ENCONTROU RECÉM-NASCIDO E JUNTOU-O AOS SEUS CACHORROS

«Una perra halló a un recién nacido abandonado en un descampado de las afueras de Buenos Aires, en Argentina, y lo llevó junto a sus cachorros, donde el niño fue descubierto y trasladado a un hospital, informaron este jueves fuentes policiales.

El bebé, que estaba desnudo, fue descubierto la noche del pasado martes por el dueño de "China", que había cobijado al recién nacido con sus cachorros en el cobertizo de una vivienda.» [20 Minutos]

O IRMÃO MAIS VELHO DE OBAMA

«The Italian edition of Vanity Fair said that it had found George Hussein Onyango Obama living in a hut in a ramshackle town of Huruma on the outskirts of Nairobi.

Mr Obama, 26, the youngest of the presidential candidate's half-brothers, spoke for the first time about his life, which could not be more different than that of the Democratic contender.» [Telegraph]

NO "REVOLTA DAS PALAVRAS", DE JOSÉ ANTÓNIO BARREIROS

O post "A noite da indiferença":

«Uma pessoa entra na urgência do Hospital Amadora Sintra pelas 18:00, para ali transportada pelo INEM, o serviço de emergência médica. Queixa-se de uma dor no peito e de um agonia na zona do coração. Seis horas depois é, enfim, atendida por um médico, para uma observação que não chega a durar um minuto. Segue para recolha de sangue e um electrocardiograma. Feito este, diagnosticam, de súbito, um enfarte em curso há horas. A lentidão transforma-se agora em pressa, o desinteresse em preocupação: surgem, das entranhas do corredor, um monitor cardíaco, um disfribilhador, oxigénio, soro.

Essa pessoa está internada nos cuidados intensivos. Tem 85 anos de idade.

Seis horas depois de ter entrado na urgência hospitalar, a urgência viu que, afinal, era urgente.

Podia ser a história de toda a gente que tem a desgraça de nascer em Portugal e de acreditar nas reformas do Serviço Nacional de Saúde. No caso é a minha mãe.

Quando pelas onze e meia fui saber o que se passava, uma feroz funcionária atendia aos rompantes uma jovem mãe, negra, o filhito ao colo assustado sem saber que para além do medo que sentia, deveria ter medo, sim, mas do lugar onde estava. No corredor dois médicos conversavam tranquilos, a longa noite da indiferença prosseguia o seu ritmo.»

MAPT

GELO POR FAVOR!

SAMSUNG

VISA: MICHAEL PHELPS