terça-feira, julho 21, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Peniche

JUMENTO DO DIA

Mário Nogueira

Se Mário Nogueira, líder do PCP na Fenprof, fosse uma homem frontal teria dito logo na primeira hora aos professores que não aceitaria qualquer proposta do Governo e que as negociações apenas serviriam para criar conflitos e melhorar a sua imagem junto do eleitorado do PCP.

AVES DE LISBOA

Juvenil de andorinha-das-chaminés [Hirundo rustica]
Local: Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian

FLORES DE LISBOA

Jardim Botânico

ESPREME-SE O GABÃO SAI MAIS UM BONGO

«Opaís até é rico em petróleo, mas parece fadado a ser propriedade de uma dinastia com nome a lembrar marca de sumo. Depois de 42 anos liderado por Omar, o Gabão prepara-se para mais um Bongo. Ali é favorito nas presidenciais de Agosto, tendo como credenciais a passagem pelos ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Defesa. Mas, à lupa, o currículo de Bongo filho não impressiona tanto. Afinal foi tão absurda a promoção a ministro aos 29 anos que os caciques do partido impuseram uma lei a prever o mínimo de 35 anos para se entrar no Governo. Agora já cinquentão nada pode impedir Ali de fazer o Gabão juntar-se ao Togo e à RDCongo no grupo de países africanos que se tornaram repúblicas hereditárias. Só os gaboneses o podem travar, mas se estes não reconhecem ao filho as qualidades de conciliador do pai (não fala as línguas tribais), são tentados a ver nele o garante de uma estabilidade que ofereceu relativa prosperidade e ausência de guerras. Uma fórmula de sucesso criada por Omar, católico convertido ao islão mas maçon, que sabia usar o dinheiro do petróleo para agradar a todos… e a amizade com a ex-potência colonial para assustar os inimigos. "África sem França é um carro sem motorista. França sem África é um carro sem combustível", explicou ao Libération o homem que morreu numa clínica espanhola, evitando Paris com o receio de que os franceses incomodassem por causa da compra suspeita de bens.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Leonídio Paulo Ferreira.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

A PEDRA DA VESÍCULA

«O maior vício português é embirrar sem provar; sem ter de lá ir; sem saber. Experimentar é que nunca. Não é preciso. Preferimos estudar à lupa uma manifestação dessa coisa (uma notícia; um anúncio; o que diz um amigo) até lhe descobrir um defeito.

Aí já nos apetrechámos para tirar todas as conclusões e, sem termos crescentado um só grama à nossa experiência das coisas e da vida, lá nos pomos a palrar o que já sabíamos para deitar abaixo o que não conhecemos.

Um exemplo. Um slide show no NewYorkTimes.com mostra o mais novo restaurante português de Manhattan. Chama-se Aldea e o chefe chama-se George Mendes. Aqui estrepitou logo a vesícula embirrativa, lançando as primeiras gotas de bílis: não é assim que se escreve aldeia nem assim que se diz Jorge. Depois, um dos pratos mais elogiados é o egg, bacon, peas and summer truffle. Deve ser delicioso e todos os críticos que já provaram asseveram que é, mas o nosso impulso atrabiliário não perdoa: cheira-nos a ervilhas com ovos, armadas ao pingarelho.

Tive de me travar. A minha vesícula tacanha já me estava a dar fartura de tanto ter almoçado e jantado no Aldea, sempre mal servido e desgostoso, atirando com os talheres com os mesmos rabuges, qu'aquilo não era cozinha portuguesa, porque portuguesa só a da minha avó e pó carago.

Tudo isto para não dar os parabéns a George Mendes e para não ter o prazer de lá ir.Temos mesmo de mandar tirar esta pedra da vesícula.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Miguel Esteves Cardoso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

O PCP/FENPROF EXIGE SUSPENSÃO DA AVALIAÇÃO

«A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) não vai apresentar qualquer proposta de alteração ao regime simplificado da avaliação de desempenho, reiterando que a sua aplicação deve ser suspensa ou, em alternativa, que não existam consequências para os docentes.

"Este modelo é completamente inaceitável. Vamos reafirmar a necessidade de suspensão do modelo ou, pelo menos, que não haja produção de efeitos dos seus resultados, fundamentando com algumas das posições contidas nos relatórios", afirmou hoje o secretário-geral da Fenprof.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Pois, melhor ainda do que auto-avaliação é não haver avaliação, o objectivo de Mário Nogueira é cada vez mais claro.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Se Mário Nogueira fez tudo para levar Manuela Ferreira Leite a primeiro-ministro então que espere mais um bocadinho, mantenha-se a avaliação pois os bons professores poderão sentir-se incomodados mas não receiam ser avaliados.»

ARLINDO DE CARVALHO ESTÁ A SER OUVIDO

«O ex-ministro da Saúde Arlindo de Carvalho deu hoje entrada cerca das 14:00 no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), no Parque das Nações, Lisboa, para ser ouvido pelo juiz Carlos Alexandre no âmbito do "caso BPN".

Arlindo de Carvalho estava acompanhado do seu advogado, João Nabais.

O ex-ministro da Saúde Arlindo Carvalho e dois administradores da sociedade Pousa Flores foram constituídos arguidos no âmbito do "caso BPN" e serão ouvidos hoje no TCIC, revelou anteriormente à Agência Lusa fonte ligada ao processo.

Arlindo de Carvalho e os dois administradores da sociedade de gestão e exploração imobiliária (Pousa Flores), à qual o ex-ministro da Saúde tem ligações, elevam para cinco o número de arguidos no inquérito ao "caso BPN". Os outros dois são Oliveira e Costa, ex-presidente da instituição bancária, e Dias Loureiro, ex-administrador da Sociedade Lusa de Negócios (SLN), que detinha o banco.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Fiquem descansados, nenhum cavaquista ficará em prisão preventiva, para fazer de "boi da piranha" já lá está o O Costa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»

FÁBRICA DA NISSAN EM PORTUGAL

«Sines e Estarreja são duas localizações escolhidas pela Renault-Nissan para a instalação da fábrica de baterias em Portugal, disse o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal.

"Estarreja e Sines são duas localizações escolhidas pelo investidor [Renault-Nissan]. Mas se o investidor quiser escolher qualquer outra, ainda vai a tempo de o fazer", disse à Agência Lusa Basílio Horta, salientando que estas são apenas duas de muitas outras possibilidades para a instalação da fábrica de baterias em Portugal. » [Jornal de Notícias]

Parecer:

Por pouco não dava pela notícia.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Ferreira Leite, que tanto criticou Basílio Horta, o que pensa.»

SIMplex

Depois de quatro anos com a extrema-esquerda, com a conivência, a quase perseguir os que votam PS, chegando-se ao ridículo de exibir "arrependidos" está na hora de se dizer quem queremos para primeiro-ministro, se Sócrates ou a ex-directora-geral de Contabilidade Pública, em quem Cavaco Silva nunca confiou o suficiente para a nomear para um dos ministérios na época considerados importantes. Promovida a secretária de Estado do Orçamento o mais longe que chegou foi a ministra da Educação, pasta a que Cavaco nunca deu qualquer importância, e mesmo assim com os maus resultados de que todos se lembram, sintetizados numa fotografia onde os estudantes lhe exibiram o traseiro.

Eu não tenho dúvidas quanto à minha escolha e já decidi em quem vou votar, quem quiser votar na direita, no PCP ou na cooperativa do Louçã que vote. Eu votarei PS e participo no SIMplex:

«A vida tem destas coisas, juntar pessoas que não se conhecem, homens e mulheres, jovens e menos jovens, gente consagrada e por consagrar, gente divertida e sisuda, oriunda das mais diversas áreas profissionais e políticas, sem outra afinidade que não uma declaração de voto comum: nas próximas eleições legislativas vamos todos votar no Partido Socialista.São várias as razões deste voto. Defendemos acima de tudo a liberdade, e esta mede-se pela capacidade de garantir progresso social e económico; a diversidade de opções e escolhas; o reconhecimento e os direitos das minorias. Assim, grande parte dos colaboradores do SIMplex apoia a interrupção voluntária da gravidez; a pluralidade cultural de todas as regiões do país; a plena igualdade no acesso ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo; a laicidade do estado e a liberdade religiosa; bem como, naturalmente, a real igualdade de género.

«A vida tem destas coisas, juntar pessoas que não se conhecem, homens e mulheres, jovens e menos jovens, gente consagrada e por consagrar, gente divertida e sisuda, oriunda das mais diversas áreas profissionais e políticas, sem outra afinidade que não uma declaração de voto comum: nas próximas eleições legislativas vamos todos votar no Partido Socialista.

São várias as razões deste voto. Defendemos acima de tudo a liberdade, e esta mede-se pela capacidade de garantir progresso social e económico; a diversidade de opções e escolhas; o reconhecimento e os direitos das minorias. Assim, grande parte dos colaboradores do SIMplex apoia a interrupção voluntária da gravidez; a pluralidade cultural de todas as regiões do país; a plena igualdade no acesso ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo; a laicidade do estado e a liberdade religiosa; bem como, naturalmente, a real igualdade de género.

Somos ainda pela inovação, pelo conhecimento, pela capacidade inventiva e criadora, pela sustentabilidade energética, pela ecologia. Somos por um país que mede o seu valor pelo que faz agora pelos seus cidadãos e pelas suas cidadãs, nascidos ou não aqui, falantes ou não de português. Recusamos os mitos do passado, o medo, o atavismo e a violência simbólica das nostalgias salazarentas. Com igual vigor recusamos as utopias revolucionárias. Somos pela dignificação do sistema político, trazendo para ele novas caras, gente desinteressada, apostada bom bem-público, exigindo accountability. Não somos pelo corte definitivo entre a cidadania e a representação democrática. Repudiamos com veemência as alternativas caudilhistas, presidencialistas ou que se deixem seduzir por suspensões da democracia.

Acreditamos que a política não é uma arte perfeita. Cometem-se erros. Admitimos mesmo que o PS os tenha cometido. Como todos os partidos, o PS não é perfeito, nem pretendemos que seja. Muitos de nós gostamos do que o PS tem feito pela liberdade, pela igualdade e pela modernidade. Acreditamos num socialismo moderno que aposte no papel do Estado, com serviços públicos de qualidade para todos, com igualdade de oportunidades e no quadro de uma economia de mercado regulada por parâmetros europeus. O PS do centrão e as políticas neo-liberais no trabalho e na economia não nos interessam.

Não estamos, portanto, satisfeitos. Se estivéssemos, não abriríamos este espaço de apoio declarado, mas também de crítica e prospecção. Interessa debater o que foi feito, de bom e de mau, neste últimos quatro anos; mas também projectar o que de melhor se pode fazer para a próxima legislatura. Queremos que o ritmo das reformas se mantenha ou acelere. Queremos transformações concretas na justiça, na segurança social, na saúde e na educação. A dignificação dos profissionais, em todas as áreas, é fundamental. O fosso entre ricos e pobres não pode continuar a alargar. A classe-média não pode ser cilindrada. Não há sociedades perfeitas. Mas há sociedades justas. Acreditamos nisso. Votamos PS por acreditar que está bem preparado para o conseguir.

Não iremos votar no PSD porque a sua líder simboliza praticamente tudo o que de negativo foi aqui elencado – uma política que aposta na negatividade e apela aos piores instintos de receio, fechamento, e honrada pobreza. Não queremos o regresso do PSD, muito menos do PSD personificado por Manuela Ferreira Leite ou Santana Lopes.

Não queremos o regresso da tanga.

Como se depreende, as razões do nosso apoio ao Partido Socialista são muito diferentes. Estamos aqui para demonstrar um voto de confiança, assumido e partilhando sem complexos, uma visão crítica e construtiva da política e do país. Queremos um país moderno com perspectivas de progresso. Vemos no PS, e sobretudo em José Sócrates, capacidade de mudança e modernização. Sem a tentação miserabilista da direita e as utopias irresponsáveis da extrema-esquerda.

Queremos, em suma, que o Partido Socialista ganhe as eleições de 27 de Setembro próximo, de preferência com maioria absoluta. Só ele pode contribuir decisivamente para que Portugal se mantenha na vanguarda política do século XXI.»

CHRISTINE VON DIEPENBROEK

EVIAN