quarta-feira, junho 09, 2010

É tudo uma questão de preço

Aquela que em tempos seria a regra no mercado das estradas do Parque Florestal de Monsanto é, afinal, a regra que rege o nosso país, vivemos num imenso mercado onde para que haja negócio basta que seja feita uma boa oferta. Da mesma forma que a puta vende a sua honra há muito perdida o Ricardo Salgado está disponível para vender a sua quota na Vivo desde que seja a bom preço, até o presidente da CGD avisa que é uma questão de mercado. Num dia apelava-se à golden share, coisa útil enquanto Bruxelas não acabar com ela, mas enquanto o mar vai e vem folgam as costas, no dia seguinte já dizem ao primeiro-ministro “espera aí que eles vão dar mais”. Ou seja, a golden share não serve para defender os interesses do país mas sim para assegurar bons preços às acções dos donos da PT.

Apetece-me perguntar onde é que eu já ouvi isto? Cavaco também vendeu a banca a banqueiros portugueses a preço razoáveis para que os nossos capitalistas se restabelecessem dos desvarios de Abril. Depois foi o que se viu, os espanhóis acenaram com as pesetas e uma boa parte da banca portuguesa foi vendida a Espanha. Nesse tempo ninguém teve tiques nacionalistas nem se foi queixar a Belém ou a São Bento da perda dos centros de decisão nacionais.

Quando os nossos capitalistas se converteram ao mercado de capitais e deixaram de controlar a maior parte do capital das empresas de que têm fama de serem os donos foi vê-los a reunir nos palácios governamentais, numa procissão em defesa dos centros de decisão nacionais. Se forem eles a vender as suas quotas a bom preço dizem-nos que “é o mercado estúpido!”. Lembram-se de um famoso empresário da construção civil que num dia era o arauto dos centros de decisão nacionais e no dia seguinte vendeu a empresa a um grupo espanhol? Mas se o inimigo espanhol quiser comprar as acções ao preço de mercado é o ai Jesus que a Padeira de Aljubarrota já nos deixou há muito tempo.

A conclusão a que temos de chegar é que o capitalismo português é uma casa de putas, se pagar bom dinheiro quem entrar neste bordel para fazer negócio terá direito a cerimónia de casamento, com bouquet de flores, padrinhos e copo de água. Mas se alguém decidir negociar directamente com as meninas sem pagar o serviço aos proxenetas é o ai Jesus que querem abusar das meninas, que até são virgens!