domingo, junho 13, 2010

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Veleiros no Tejo

JUMENTO DO DIA

Magistrados de Aveiro

É lamentável que magistrados tentem conseguir no parlamento o que não conseguiram na justiça pois sabem muito bem que ao fazê-lo estão tentando condenar com a ausência de regras num processo político depois de não o terem conseguido segundo as regras da justiça que lhes cabe respeitar e fazer respeitar.

Ao tudo fazerem para promoverem a condenação política os magistrados estão a misturar política com justiça e a cometer o erro de levar os portugueses a pensarem que o que os movia eram objectivos políticos e não fazer justiça.

Até se compreenderia que se pronunciassem sobre a legalidade do envio das escutas ou dos seus despachos, ainda que fosse preferível que tal parecer partisse do Procurador-Geral. O que não é aceitável é insistam com os políticos que o "suposto" crime resulta de escutas ilegais.

Infelizmente a actuação destes magistrados não foi investigada para se apurar até que ponto as escutas a Sócrates foram premeditadas, pelo menos depois da primeira chamada identificada como sendo uma conversa com o primeiro-ministro. Se as escutas foram feitas com recurso à gravação das chamadas pelas operadoras ou através de operadoras foi utilizado software que muito provavelmente poderia excluir o número de telefone de futuras escutas. Se tal era possível e foram feitas escutas a partir do momento em que o primeiro-ministro foi identificadas então não estaremos perante escutas acidentais mas sim de escutas ilegais feita de forma premeditada.

Mas parece que ninguém se lembrou de questionar a actuação dos magistrados que agora procuram a condenação política de Sócrates, um frete "póstumo" a Manuela Ferreira Leite.

«"Não temos dúvidas em afirmar que o ‘caso TVI’ apenas se percebe com a análise de tais produtos [escutas a Paulo Penedos e a Armando Vara]", diz o juiz Costa Gomes, que defende que o envio dos resumos das escutas à comissão de inquérito (CI) "não afecta o direito fundamental à palavra e intimidade da vida privada", uma interpretação que vai contra a decisão de Mota Amaral, presidente da comissão, que impediu que estes resumos fossem utilizados nos trabalhos da CI.

Marques Vidal partilha da opinião do seu colega, e vai mais longe. "O ‘caso TVI’ só tem induzido perturbações na investigação desenvolvida no processo ‘Face Oculta’, perturbações a que urge pôr termo com a divulgação, no mínimo, da participação de todos os despachos proferidos pelos magistrados do Ministério Público (MP) e judiciais que nele tiveram intervenção". Marques Vidal adianta que "não existe prejuízo para a investigação decorrente da divulgação dos despachos ", até porque o "caso TVI é uma questão incidental do caso ‘Face Oculta’".» [Correio da Manhã]

A DÚVIDA SOBRE A COMISSÃO DE INQUÉRITO

A grande dúvida que a comissão parlamentar de inquérito não se prende com as suas conclusões, é evidente que o deputado Semedo poderia ter escrito o relatório com base nas opiniões que agora não sentira a necessidade de mudar uma linha. A grande dúvida é quanto gastou o parlamento com a tentativa do PSD e do BE de usar os poderes de inquérito para tentar tramar José Sócrates.

Aliás, não é só o parlamento a esbanjar o dinheiro dos contribuintes para tentar destruir politicamente Sócrates, se a este processo ridículo juntarmos as despesas dos processos Freeport e Face Oculta chegaremos à conclusão de que o país já gastou muitos milhões de euros para que os fracos que não conseguiram vencer Sócrates na luta política o tentem recorrendo a golpes baixos.

FOTOGRAFAR A BIODIVERSIDADE EM LISBOA

Há poucas semanas António Costa revelava admiração ao saber quantas espécies de aves podem ser observadas em Lisboa. Assinava um protocolo que visa aumentar a biodiversidade em Lisboa e Sá Fernandes de cima da sua sabedoria acrescentava que "Muita gente desconhece que em Lisboa existe esta quantidade de espécies", reconheceu também o vereador do Ambiente Urbano e Espaços Verdes. Segundo José Sá Fernandes, há no concelho 100 espécies de árvores, seis de peixes, quatro de anfíbios, 12 de répteis e 18 de mamíferos, além de várias espécies de artrópodes. Quanto à flora, são 123 as espécies de árvores, arbustos e herbáceas identificadas."

Tenho algumas dúvidas sobre a informação dada por Sá Fernandes, não acredito que no Tejo frente a Lisboa haja apenas seis variedades de peixes e tenho a certeza de que em Lisboa há bem mais do 123 espécies de árvores, arbustos e herbáceas não se que apenas estejam identificadas as variedades mais "finas". E quanto a insectos não se faz qualquer referência.

Se em relação às aves parece que o número de espécies corresponde à verdade, ainda que não tenho a certeza de que algumas observações históricas tenham sido feitas dentro dos actuais limites do concelho de Lisboa que tem vindo a minguar. Além disso discordo de que a preocupação com a biodiversidade se centre no Parque Florestal de Monsanto, como se na cidade não houvesse lugar à preocupação com a biodiversidade. Recordo a existência de vários parques que deveriam ser melhor tratados na perspectiva do aumento da biodiversidade, como o Parque da Bela Vista ou as Quintas das Conchas e dos Lilases.

Há mais de um ano que ocupo uma boa parte dos meus tempos livres a fotografar a biodiversidade dentro do concelho de Lisboa, o ano passado dei prioridade às ave, este ano tenho vindo a ocupar-me mais intensamente da flora e no próximo ano darei maior atenção aos insectos. Tenciono ter dentro de alguns anos uma colecção de fotografias capazes de ilustrar a biodiversidade dentro do concelho de Lisboa.

Para já são alguns milhares de imagens, muitas delas de espécies vegetais que terei de identificar, o que me obriga a uma incursão no domínio da botânica. Todas as ajudas, seja com a identificação de espécies ou de sugestões de locais ou espécies a fotografar são bem-vindas.

No Campo das Cebolas:

Na Cidade Universitária:

No Jardim Gulbenkian:

Na Praça de Espanha:

Em Monsanto:

No Parque Mayer:

No Castelo de São Jorge:

Na Ameixoeira:

Na Tapada da Ajuda:

Na Quinta das Conchas:

MAIS CAVACO. SAFA!

«Cumprem-se hoje 25 anos, data redonda, um quarto de século. Tempo para abrir cabeças e conflituar mentalidades. Cavaco Silva estava, mais ou menos por esse dia, a preparar a rodagem ao novo cargo. Não estava nos Jerónimos. Não esteve nem está.

Quando Portugal aderiu à União Europeia, então CEE, Mário Soares estava lá, direito como um fuso, para defender um mundo com as fronteiras do mundo. Hoje, dedica-se a contas paroquiais.

É hoje o festejo, em tempo de agrura e de vista curta. Cavaco é Presidente de "uma situação insustentável" - reviravolta do país em que, ali ao lado, os velhos assustavam o futuro.

Cavaco está candidato ao mesmo cargo, como sempre esteve desde que apareceu com a solução que lhe entregou o partido. Pergunte-se a Freitas do Amaral, não se pergunte a Mário Soares. Ou pergunte-se a ambos e apure-se o resultado.

A vida tem destas coisas, intermitências que apagam exemplos e expõem fraquezas. Quem não se lembra de Cavaco a papar missa atrás de missa enquanto o Papa, por cá, lhe transmitia a força de uma convicção. Durou o tempo da oportunidade ao virar de esquina.

Acordamos, então, com a picardia. A picardia entre Cavaco e Vieira da Silva serve para uma simples constatação: a cooperação entre o Presidente e o Governo foi chão que deu uvas. E indicia um facto: vai ser penoso viver o clima político dos próximos meses, um ano. Ou mais.

No resto e feitas as contas, a versão Vieira da Silva é, mesmo seguindo a lógica cavaquista, potencialmente mais lucrativa: em 2009, os estrangeiros que visitaram Portugal deixaram cerca de sete milhões de euros, contra os 2,7 milhões que os portugueses gastaram no estrangeiro.

É claro que se pode pensar à Cavaco: o que vem entra e o que não sai fica. Pois é, este raciocínio serve também para entrar no feijão que habita a cabeça presidencial.

Cavaco é assim e não muda. O mundo é povoado de números, contas de somar e subtrair, e são estes os indicadores de um comportamento virtuoso. Ele sabe do que fala e di-lo com o atrevimento de quem avisou a tempo de não chegarmos à "situação insustentável"a que chegamos.

Estamos, pois, à beira do precipício e esse temor justifica mais vida ao garante de uma pretensa estabilidade. Noutros tempos tivemos uma versão do modelo. Também ele não passava de Badajoz. Ficamos assim, décadas a fio, com medo do que podia vir de fora. Com receio de coisas tão simples como o efeito social de uma Coca-Cola.

Hoje, ao contrário do rosário de uma bota apertada, não é possível o aforro no colchão ou o betão ao conhecimento. Vinte e cinco anos depois do mergulho europeu, o desafio está no confronto com outras cabeças e outros comportamentos. E vamos ter mais cinco anos de Cavaco? Safa!

Fernando Nobre foi simpatizante da causa monárquica, apoiante de Durão Barroso, apoiante do Bloco de Esquerda, apoiante de António Costa. Vai acabar apoiado por Mário Soares. Evoluções não se discutem. » [DE]

Parecer:

Por Raul Vaz.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

AS MEIAS VERDADES DA COMISSÃO DE INQUÉRITO

«O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ao caso PT/TVI mostra à evidência que as longas horas de audições pouco ou nada trouxeram de novo ao caso. Tivesse João Semedo de escrever o relatório antes mesmo de a Comissão arrancar e dificilmente elas seriam diferentes do que ontem foi apresentado. Em síntese, diz-se nesse documento que José Sócrates sabia - pelos jornais e por conversas informais - que a operação estava em curso; e também que o Governo interferiu no negócio (primeiro por "omissão", deixando as negociações correr; depois ao inviabilizar a compra). » [DN]

Parecer:

Editorial do DN.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

SIM, ELE INTERFERIU (NATURALMENTE)

«Governante interfere em negócio que mete a Prisa e um grupo de média! Não tenho escutas nem relatórios parlamentares mas posso garantir a ingerência do poder político no futuro de um grupo dos média. A minha história mete também uma operadora de telecomunicações... Ah, já sabiam? É verdade, a Free está metida no assunto. Surpreende-vos? Então, pensavam em quê quando falei em operadora? Na PT?! Por amor de Deus, eu só falo aqui de assuntos actuais, de ontem. E a minha história não tem relação com Portugal. Então, dizia eu, um grupo de média, do jornal francês Le Monde, está à venda. Candidatos: um grupo espanhol (a tal Prisa), um grupo com a operadora de telecomunicações Free... Aí, essa é a minha notícia, o Presidente Sarkozy, de direita, chamou o director do Monde Eric Fottorino e disse-lhe que via com maus olhos uma das candidaturas (a da Free). E esse encontro foi relatado, como natural, por Fottorino. E o socialista Jack Lang, antigo ministro da Cultura, defende a posição de Sarkozy: "Ao poder político não é indiferente o futuro de um grupo de média." Aliás, o Monde fora fundado, em 1944, porque o General De Gaulle queria um jornal francês forte... Desculpem-me, afinal, não tinha novidade a contar-vos. Devia ter-me lembrado (embora não haja escutas) do interesse do governo de Cavaco (anos 90) quando a Lusomundo comprou este DN. Amanhã volto aos assuntos sérios.» [DN]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

IGREJA NÃO PERDOA

«A direita católica e a conservadora não desistiram de encontrar um candidato alternativo a Cavaco Silva. Bagão Félix e Pedro Santana Lopes continuam a ser as duas mais fortes hipóteses para estes sectores. Uma coisa é clara: a Igreja não perdoa ao actual Presidente da República a promulgação da lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo, que tem sido apelidada de "pirueta da triste figura".

Um pouco por todo o País, sucedem-se homílias em que os padres repetem as críticas duras já feitas ao Chefe do Estado por D. José Policarpo. Sem que ninguém assuma, existe um "guião", a que o DN teve acesso, a crucificar a decisão de Cavaco Silva. » [DN]

Parecer:

A forma como Cavaco Silva trocou as suas convicções pelo voto gay torna-o impróprio de ser Presidente da República, seja na perspectiva da direita ou de qualquer outro quadrante político, a Presidência da República é para homens que seguem princípios e não para quem põe os seus ganhos políticos à frente das ideias ou dos interesses do país.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprovem-se candidaturas alternativas a Cavaco Silva.»

APITO DOURADO: A INCOMPETÊNCIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO

«Os juízes que absolveram o ex-patrão da arbitragem e mais 15 arguidos por crimes de falsificação nas classificações dos árbitros arrasaram a prova pericial apresentada pelo Ministério Público. E classificaram como "desastrosa" parte da prova apresentada.

Perante a absolvição total, o Ministério Público (MP) vai recorrer para a Relação da Lisboa, tentando aumentar os factos dados como provados. Estes limitaram-se a muito pouco do que vinha na acusação da equipa especial coordenada pela procuradora Maria José Morgado. Aliás, o recurso do MP é obrigatório, por ordem do procurador-geral da República, precisamente por contrariar a "tese" daquela equipa especial para o Apito Dourado.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

O Ministério Público está a revelar-se uma das instituições mais incompetentes deste país.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento ao Procurador-Geral e ao latifundiário alentejano que é militante do PSD:»

NO 'CÂMARA CORPORATIVA'

O post ""Como avisei na altura devida, chegámos a uma situação insustentável" [3]":

«Mas se Cavaco sabia o que aí vinha e até avisou a população em geral, por que não se precaveu ele?! Recordam-se de que as poupanças do Presidente "estão desaparecidas"? Veja-se:

“Eu e a minha mulher, antes de eu estar nesta posição, quando éramos apenas professores, não tínhamos as nossas poupanças debaixo do colchão, nem tão pouco no estrangeiro. E agora também não. Entregámos as nossas poupanças a quatro bancos, incluindo o BPN, para eles gerirem as nossas poupanças. Esperávamos que eles gerissem as poupanças bem, que conseguissem um bom rendimento. Infelizmente estamos a perder muito, muito dinheiro. Boa parte das nossas poupanças estão desaparecidas”.

Cavaco Silva, 3 de Junho de 2009»

JORGE L. HERNÁNDEZ VARGAS

AMNISTIA INTERNACIONAL