terça-feira, junho 01, 2010

Ofereçam-lhes dois jogos de dominó

A direita está convencida de que com Cavaco Silva terá todo o poder, a maioria das autarquias, o governo e a Presidência da República, a esquerda descobriu nas presidenciais a oportunidade de se digladiar à base de golpes baixos e Alegre ganhou o torneio ao fazer-se candidato da extrema esquerda e forçar o PS a apoiá-lo com receio de uma cisão.

Nem a direita nem a esquerda equacionaram se Cavaco ou Alegre estão à altura de serem Presidente da República e impingem ao país dois candidatos que se fossem cidadãos comuns estariam a jogar umas partidas de dominó num qualquer jardim de Lisboa.

Cavaco tem sido um facto de instabilidade, apoiou, permitiu ou fez que não viu os golpes contra a democracia protagonizados pelo seu braço direito, usou um mandato presidencial com o único objectivo de o prolongar para um segundo, usou as suas comunicações oficiais para lançar alarde na vida política. Cavaco tem sido um mau Presidente da República, não evidenciou estatura política nem qualidades para o desempenho do cargo, não merece ser reeleito.

Manuel Alegre fez da vingança a sua estratégia política, dividiu ainda mais a esquerda que pretende unir para poder alargar a sua base de apoio, apoiou movimentos populistas fazendo surf na ignorância popular e aproveitando-se de movimentos de contestação de organização duvidosa, usou o seu estatuto de divisionista para beneficiar de tempo de antena substituindo a direita na oposição ao governo do seu próprio partido. È um político que um dia está ao lado da extrema-esquerda e no outro, se isso for da sua conveniência, apoia as medidas de austeridade do governo.

Quer a direita quer a esquerda apostam em dois cadáveres da vida política portuguesa, um representando o cavaquismo dos anos 80 de que ninguém tem saudades e já nem no PSD consegue fazer eleger líderes, o PS aposta no romantismo da treta sustentado pela extrema-esquerda e por uma imensa colecção de deserdados da esquerda, gente que se zangou com os sues partidos ou ficaram sem eles com o fim de uma infinidade de partidos e movimentos, que vão do MDP ao PRD.

O PSD e o PS, com o CDS e o BE a fazerem de apêndices, apostaram em políticos que estão fora do seu tempo, que evidenciam sinais de velhice, que julgam ter o direito à cadeira presidencial como se fosse um prémio de carreira, quero os partidos que os apoiam, quer os candidatos pensam mais em si próprios do que nos interesses do país.

O PSD e o PS teriam prestado um serviço ao país se em vez de apresentarem Cavaco e Alegre como candidatos presidenciais lhes tivessem oferecido um jogo de dominó.