quinta-feira, julho 05, 2012

Como os rapazolas da troika “comeram” o Gasparzinho


Pobre Gaspar, em pouco tempo passou de bestial a besta, ainda não há muito tempo o jornal “i” publicava sucessivos editoriais em que defendia uma ditadura gasparismo, uma versão moderna do salazarismo. O país derretia-se porque o ministro das Finanças teria gozado com o Sôr Álvaro em plena reunião co Conselho de Ministro, quando o desgraçado da Economia defendia a adopção de medidas para o crescimento económico o das Finanças tê-lo-ia humilhado, começou por lhe dizer “não há dinheiro” e perante a insistência do Sôr Álvaro veio a frase que ficou para a triste história deste ministro, “qual das três palavras é que não percebeu”.
  
O Gaspar estava na moda, era o símbolo do rigor, da competência, era um rapaz cheio de humor, austero nos hábitos, até o líder parlamentar do PS assegurava que a pasta das Finanças estava em boas mãos. À imagem da competência correspondia um poder crescente, tudo o que o Passos dizia parecia ter saído da boca do Gaspar, era o homem de confiança das organizações internacionais. Estava tudo a correr bem, o ajustamento fazia-se a um ritmo alucinante, as exportações portuguesas cresciam exponencialmente, com os cortes nos subsídios o dinheiro parecia abundar de novo nos cofres do Estado.
  
Foi quando alguém se lembrou de embirrar com os rapazolas da troika, eram irritantes, impertinentes, vaidosos e arrogantes, o ar de cabras espantadas com que passeavam pelos palácios começava a enjoar o país, entravam no gabinete da presidente do parlamento como se fossem centuriões romanos. Foi quando se exigiu que os rapazes dessem menos nas vistas e o Gaspar aproveitou para remeter os estarolas da troika para a penumbra, passando a ser ele a assumir a responsabilidade de divulgar os relatórios da troika.
  
A vontade de protagonismo e a vaidade do Gasparzinho era tanta que ninguém reparou no exagero que era um governante português dar a conhecer as conclusões do relatório de uma entidade estrangeira. Se os rapazolas já não queriam dar a cara que divulgassem as suas conclusões recorrendo a um comunicado, mas pôr um ministro a lê-las? 
  
Foi a última vez que as coisas correram bem e o relatório estava cheio de elogios, ainda era o tempo em que à troika convinha dizer que quem lhes obedecia conseguia resultados.
  
Mas toda a gente sabia que as reformas estruturais eram uma treta, que o aumento das exportações era conjuntural e não resultava da política deste governo, que a política fiscal era um enorme falhanço, que todas as previsões económicas em que assentava o OE de 2012 eram uma aldrabice. Os rapazes da troika também têm uma carreira a defender, não querem ficar queimados nas suas instituições, seria uma vergonha o FMI ou o BCE serem acusados de com a incompetência dos seus técnicos terem destruído um país.
  
Quando o Gaspar inchado com o crescente peso que tinha no governo decidiu chamar a si o papel de porta-voz da troika não percebeu que os amigos da troika lhe estavam a "meter uma palhinha no rabo", o modesto economista que em tão pouco tempo tinha acendido ao céu não resistiu à tentação de brilhar. A partir daí foram só desgraças, desemprego, quebra das receitas e mudança de postura europeia, o ministro das Finanças ficou “agarrado” ao seu fundamentalismo e à responsabilidade de ter afundado o país. Os rapazes da troika, bem mais experientes em golpes baixos do que o nosso economista mais dado a sacristias, tinham acabado de comer o Gaspar sem que o espertalhão tivesse dado por isso.
  
Agora os rapazolas da troika despareceram, o Gaspar anda menos vaidoso e quase não aparece em público, fecha-se no seu ministério rodeado de homens armados insistindo na sua receita. Insistindo na sua política desastrosa este Gaspar lembra a senhora que foi assistir ao juramento de bandeira do seu filho e descobriu que todo o batalhão tinha tocado o passo, o seu rapaz era o único que marchava com o passo certo.