sexta-feira, julho 27, 2012

É ódio


A forma como alguns governantes actuam não reflecte apenas as suas opções políticas ou está condicionada por um programa político ou eleitoral, parece resultar de ódio, parecem odiar o seu povo ou pelo menos alguns sectores do seu povo, odeiam tudo o que cheire ao anterior governo e a Sócrates, odeiam a democracia e as suas regras, odeiam a Função Pública, odeiam as energias renováveis, odeiam as Novas Oportunidades, odeiam a Função Pública.
  
Sentiu-se ódio na forma como se difamara e destruíram as Novas Oportunidades, no desprezo pela situação profissional dos que lá trabalhavam. Tentou disfarçar-se o ódio com estudos de doutores do Técnico mas todos os portugueses sabiam que depois da humilhação infligida por uma aluna da formação profissional a Passos Coelho em plena campanha eleitoral as Novas Oportunidades estavam condenadas.
  
Passos Coelho e Miguel Relvas nunca superaram alguma inveja de Sócrates e tudo o que possa ser exibido como sucesso governamental do anterior primeiro-ministro tem de ser destruído. Portugal estava a dar nas vistas nas renováveis? Enxota-se a Nissan. As Novas Oportunidades eram elogiadas pela OCDE? Destroem-se as Novas Oportunidades. Os indicadores da educação eram elogiados internacionalmente? Investe-se no privado, aumentam-se as turmas do público, desinveste-se na pedagogia e aposta-se nos exames. Obama elogiou o combate à toxicodependência em Portugal? Asfixiam-se financeiramente as instituições do sector. Portugal era exibido como exemplo de qualidade na saúde pré-natal e nos partos? Encerra-se a Alfredo da Costa. Portugal terá que ser um país novo, terminada a legislatura ninguém poderá encontrar pedra sobre pedra, apenas obra de Passos Coelho que se comporta como os leões, quando conseguem conquistar o estatuto de leões dominantes do bando a primeira coisa que fazem é matarem as crias do antecessor.
  
Este ódio à democracia, esta forma desprezível de se referirem às suas instituições como o Tribunal Constitucional faz lembrar o discurso político dominante no Rossio dos anos setenta, a praça onde se reuniam os que vieram de África e nunca aceitaram a descolonização e a democracia. Alguns inscreveram-se em partidos ditos democráticos mas em privado sempre promoveram o ódio e desprezo pela democracia.
  
Este ódio à Função Pública ou a tudo o que cheire a Estado é muito mais do que uma opção liberal, os liberais não odeiam o Estado, podem discordar do seu peso mas daí não resulta ódio às instituições ou aos que nelas servem. Este ódio ao Estado é próprio de quem não estudou ou conseguiu títulos universitários da treta e não conseguem conviver com os complexos de inferioridade, não conseguem suportar não terem tido a possibilidade de concorrer a funções públicas, até podem ser eleitos para o governo, mas num concurso para uma vaga do Estado seriam humilhados, as suas habilitações são miseráveis e o seu nível intelectual é deprimente. Até os que têm algumas habilitações cheira a frustração, não se doutoraram onde queriam, desde que nasceram que mantêm um conflito com os espelho, cheiram que tresandam a frustração.
  
Portugal não está a ser governado por um programa político e se não fosse o memorando da troika nem se sabe muito bem como estaríamos, estamos a ser governados por motivações pessoais que têm mais a ver com perfis psicológicos do que com as necessidade do país.