sábado, julho 21, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 

  
Tocando na Baixa de Lisboa
   
Imagens dos visitantes d'O Jumento
 

   
Rua do Divino Salvador de Navió, Minho [A. Cabral]   
 


Desfile das tripulações da "The Tall Ships Races Lisbon 2012" na Rua Augusta, Lisboa
  
[80 imagens: Galeria 1, Galeria 2, Galeria 3, Galeria 4]
   
A mentira do dia d'O Jumento
 
    
Jumento do dia
  
Juiz do Tribunal do Montijo
 
Há muito que todos perceberam quem estava a ser julgado no tribunal do Montijo, bastava ler o Correio da Manhã para se perceber que muitos interrogatórios conduzidos pelos magistrados visavam investigar o eventual envolvimento de José Sócrates. O verdadeiro arguido sem direito a defesa neste julgamento era Sócrates, mas como os magistrados não o podiam condenar por nada porque nada provaram a não ser que a justiça portuguesa só serve para gastar dinheiro aos contribuintes e pagar mordomias aos magistrados, arranjaram uma forma de abrir um Caso Freeport II.

Enfim, ao menos desta vez o pessoal da justiça foi mais ou menos frontal, não encomendaram uma carta anónima.

«O Tribunal do Montijo, reunido no Barreiro, absolveu Manuel Pedro e Charles Smith, mas valorizou os indícios de que estes tinham tido intervenção num alegado pagamento de luvas a José Sócrates, crime pelo qual não estavam acusados.» [Público]
   
 Tenho de reconhecer que já não sei nada de educação

Na visita aos veleiros estacionados em Santa Apolónia vi visitantes dos mais variados, até porque tendo a borla sido repetidamente anunciada era de esperar uma invasão de tugas, nos tempos que correm ninguém perde uma borla.

Mas o que mais me impressionou foi ver turmas de crianças de infantários, ainda com fraldas, a visitar veleiros, começando, como não podia deixar de ser, pelo Navio-Escola Sagres para que os nossos rebentos comecem cedo a saber quem fomos. O problema é que duvido que crianças de fraldas passados três dias ainda se lembrem do que viram.

Impressionou-me ver as crianças a serem içadas e descidas em escadas que até para adultos são difíceis, correndo o risco de terem uma queda grave. Convenhamos que um grande veleiro operacional não é propriamente o local mais indicado para passear turmas de crianças, ainda por cima em dias de grande calor e numa placa de cimento que mais parecia uma frigideira. Mas parece que estava tudo bem, os educadores estavam sorridentes  e  lá iam com as crianças numa mão e uma garrafa de litro e meio de água na outra.

O politicamente correcto impede-me de comentar a visita de uma turma de deficientes que diria quase profundos ao mesmo navio, deficientes que adultos que circulavam no cais agarrados por um professor. Imaginem o que foi subir e descer as escadas para passar de uns convéns para os outros, jovens e adultos de oitenta e mais quilos, sem grande mobilidade e com grande descoordenação de movimentos.

 Os acumuladores de gatos
 
   
Gato emboscado no Jardim Gulbenkian
  
Quem acompanha a programação do canal do National Geographic tem tido a oportunidade de ver episódios dedicados aos acumuladores, o termo usado pelos psicólogos americanos para definor uma patologia do domínio psiquiátrico que se caracteriza por juntar toneladas de lixo ou dezenas ou centenas de animais em casa.

Nos EUA não existem acumuladores como os de Lisboa pois naquele país seria proibido usar as ruas das cidades para criar centenas de gatos. É o que está sucedendo cada vez mais em Lisboa, o fenómeno cresce de forma exponencial e com as ruas a carecer de limpeza mistura-se a sugidade por limpar com a da bicharada.

Há verdadeiras e verdadeiros profissionais da criação de gatos e pombos, levantam-se pela madrugada, usam luvas para se protegerem das doenças, levam carrinhos de ir às compras e cumprem diariamente um programa de visitas para abastecer os bichos de água e comida. Os resultados são evidentes, animais doentes a multiplicarem-se sem qualquer controlo, ruas porcas e infestadas de pulgas, carros cobertos de cacas de pombo ou de pegadas de gatos, algerozes entupidos. toneladas de poeiras no ar a provocarem intoxicações aos lisboetas, zangas com vizinhos que viram as suas ruas transformadas em pocilgas.

Mas não é só a Câmara Municipal de Lisboa que nada faz para combater este fenómeno, quem visitar os jardins da Gulbenkian de manhã cedo encontrará estas boas almas a chamar pelos seus gatinhos para lhes darem comida. O resultado é que estes jardins são uma ratoeira para as aves que não estão preparados para estes caçadores que matam por matar. Mas como o conceito dos responsáveis pelos jardins são da era vitoriana, o que conta é a colecção de plantas, as aves que tanto valorizam a biodiversidade daquele espaço e que tanta beleza lhe acrescentam parecem ser considerados residentes oportunistas que podem ser dizimados pelos gatos. Aliás, este fenómeno é comum a todos os espaços verdes da cidade, onde há arbustos para os gatos se esconderem e aves para serem caçadas encontramos vítimas dos muitos milhares de gatos que infestam a capital.

Quando querem aparecer na fotografia todos gabam as aves de Lisboa, de Monsanto ou do Jardim Gulbenkian, sabem de cor quantas espécies existem ou foram vistas, exibem metas ambiciosas para o aumento da biodiversidade. Mas a verdade é que são umas bestas e quem manda em Lisboa ou nos Jardim Gulbenkian são os gatos de velhas malucas e tão irresponsáveis como os irresponsáveis líderes da cidade.
 
 Aquecimento no Campeonato do Mundo de Atletismo de Juniores


 

  
 Tempos modernos
   
«Notícia dos nossos dias, no El Mundo, sobre Humilladero, vila andaluza perto de Málaga. O jornal não diz, mas em castelhano antigo "humilladero" era o lugar onde os camponeses eram julgados pela caça furtiva nas terras do senhor. Frente ao cruzeiro, o homem ouvia o castigo, de joelhos, humilhado. Em 1930, na Andaluzia, diz El Mundo, três por cento dos proprietários controlavam 48 por cento das terras. Também por causa dessa desproporção, aconteceu uma guerra civil, veio o franquismo e, finalmente, a democracia. Em 2012, na Andaluzia, os tais três por cento (ou filhos deles) controlam... 55 por cento das terras. Hoje, um em três dos habitantes de Humilladero não tem emprego. Mas isso são estatísticas. Vamos à carne e ao grito: "Saiu-nos a nós, Maria, saiu-nos a nós!", diz El Mundo que Antonio Ruiz disse à irmã, por estes dias. Parecia que lhes tinha saído o Euromilhões ou El Gordo, mas não. Era lotaria, mas de emprego. Há meses, à câmara de Humilladero vinha uma pessoa por dia pedir ajuda; agora, vêm oito por dia. A câmara decidiu remediar, dá empregos por um mês e a 600 euros. Com esta bizarria: como são 300 pedidos por um posto, faz-se uma tômbola no salão da câmara. Foi isso que ganharam António e Maria, saiu-lhes na rifa emprego efémero de jardineiro e de trolha. A "alcadesa", que faz o que pode, chama-se Noelia Rodríguez Casino. Não me apetece fazer ironia com o nome, tenho a foto dos dois irmãos olhando-me a quatro colunas.» [DN]
   
Autor:
 
Ferreira Fernandes.   

 O bom caminho
   
«Como já se percebeu, a 5ª revisão do programa de assistência financeira, agendada para Agosto, não vai ser igual às outras: o Eurogrupo ("sem que Portugal o tivesse pedido", na versão angélica do ministro das Finanças) instou a ‘troika' a assegurar que o programa português "permanece no bom caminho"; o próprio Vítor Gaspar entregou-se a um enigmático jogo de palavras sobre os objectivos desta 5ª revisão (destinada, segundo ele, a "melhorar", "favorecer" e "facilitar" as condições de sucesso do programa); as instituições da ‘troika' multiplicaram comentários, sinalizando que o momento é de grandes decisões; e até o primeiro-ministro, que marginalizou o maior partido da oposição nas quatro revisões anteriores, acha que desta vez é preciso envolver o PS.
  
Se perguntar não ofende, impõe-se uma perguntinha óbvia: porquê? Porque é que a 5ª revisão há-de ser diferente das outras? Se o programa está "no bom caminho", se a sua execução mereceu quatro avaliações positivas e se está tudo a correr tão bem, porque é que, subitamente, é necessária uma revisão tão profunda? A explicação é simples: ao contrário do que diz a versão oficial, o programa não está no bom caminho, a execução não tem sido assim tão positiva e não está tudo a correr bem.
  
Como sintetizou o secretário-geral do PS no debate do Estado da Nação, "os portugueses cumpriram, mas o Governo falhou". A opção do Governo por uma austeridade "além da troika", para além de contrariar as promessas eleitorais, foi um erro de tremendas consequências: gerou um tão elevado grau de destruição da economia e do emprego que prejudica gravemente a recuperação da confiança, sem a qual não é possível cumprir o objectivo de regresso pleno aos mercados em Setembro de 2013. Ao agravamento da recessão (-3% este ano) e ao disparar do desemprego (acima dos 15%), junta-se o fracasso no cumprimento das metas do défice que, apesar de todos os sacrifícios, aumentou (!) para 7,9% no primeiro trimestre (mais 0,4 p.p. do que no trimestre homólogo do ano passado). E não adianta negar: sem medidas adicionais, o Governo não vai cumprir a meta de 4,5% fixada para este ano. Por isso, a primeira decisão a tomar é sobre o que fazer com este desvio. Só que as coisas estão ligadas: se a ‘troika' for tolerante com o falhanço deste ano mas mantiver a meta para o próximo ano (défice de 3%), então o exercício orçamental de 2013, que já era difícil, tornar-se-á virtualmente impossível sem o acentuar da espiral recessiva. É por essas e por outras que na 5ª revisão está tudo em causa: metas, calendário, programa orçamental - e mesmo o eventual prolongamento da assistência financeira, ou seja, um novo pedido de ajuda externa.
  
E não se diga que o Governo "fez a sua parte" ao cumprir o programa previsto, pelo que os maus resultados hão-de dever-se a "razões externas". Pelo contrário: nem o Governo cumpriu o programa como estava inicialmente previsto, nem o agravamento da recessão se deve ao contributo negativo da procura externa líquida (até se regista um bom desempenho das exportações e uma forte redução das importações). O agravamento da recessão deve-se, isso sim, à queda abrupta da procura interna, que é consequência da estratégia de empobrecimento adoptada pelo Governo, bem para lá da execução do programa. É por isso que estes maus resultados derivam, essencialmente, de razões internas, ligadas ao excesso de austeridade que destruiu os equilíbrios, já de si precários, do Memorando acordado com a ‘troika'. Nenhuma revisão do programa de ajustamento será bem sucedida se este erro estratégico da política orçamental do Governo não for corrigido. E não será corrigido se não for reconhecido.» [DE]
   
Autor:
 
Pedro Silva Pereira.
     
  
     
 Freeport II
   
«O Tribunal do Barreiro decidiu esta sexta-feira mandar extrair uma certidão para que o Ministério Público avance ou não com a abertura de uma investigação ao ex-primeiro-ministro, José Sócrates no âmbito do processo Freeport, relacionado com o licenciamento daquele empreendimento em Alcochete.» [CM]
   
Parecer:
 
O ideal «, o ideal seria o director do CM escolher uma equipa de jornalistas do seu jornal e obter na Lusófona equivalências a procuradores do Ministério Público sendo quele jornal a investigar. Após a investigação seguir-se-ia o mesmo procedimento para designar os juízes e o tribunal até poderia ser numa sala cedida pelo mesmo jornal.

Bem, o melhor talvez seja suspender a democracia por uns dias, considerar a prova e a culpa produzida por aquele jornal, adoptar uma lei de excepção permitindo a condenação à morte, algo que poderia ser conseguido a partir de uma petição promovida pelo jornal, não havendo mais obstáculos fuzilava-se o ex-primeiro-ministro junto às parede do Jardim Gulbenkian para que os jornalistas do CM tivesse o exclusivo e pudessem exibir o fuzilamento no canal do MEO:
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
      
 Gata de ministro britânico das Finanças usa coleira de cristal
   
«Apesar da austeridade que assombra a Europa, a gata Freya, de George Osborne, ministro das Finanças britânico, foi fotografada a usar uma coleira de cristais que imitam diamante. As fotografias divulgadas pelo jornal britânico Daily Mail foram tiradas no dia em que o ministro anunciou que austeridade pode durar até 2020.» [DN]
   
Parecer:
 
O que usará o Gaspar do deputado Honório Novo?
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se.»
   
 Espanha a caminho do resgate
   
«O Ibex 35, o principal índice accionista espanhol, fechou hoje a perder 5,82% para 6632,6 pontos, o pior desempenho desde 14 de Maio de 2010. A banca foi o sector mais prejudicado durante a sessão de hoje. Entre os títulos que mais se destacam pela negativa estão o Bankia (-10,43%), Banco Popular (-7,95%), BBVA (-7,80%) e Banco Santander (-7,32%).
  
Ao mesmo tempo, no mercado secundário de dívida, a ‘yield' associada às obrigações do Tesouro espanhol a 10 anos agravam-se até aos 7,269%, um nível insustentável de financiamento para um País.
  
Além disso, o prémio de risco das obrigações espanholas a 10 anos face às 'bunds' alemãs aumentava 31 pontos base para os 602,2 pontos base, superando pela primeira vez a barreira dos 600 pontos. » [DE]
   
Parecer:
 
E desta vez as agências de rating até estão quietinhas porque se estivessem activas como sucedeu com Portugal há muito que a Espanha tinha pedido ajuda internacional.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»