quarta-feira, maio 17, 2017

Umas no cravo e outras na ferradura



 Jumento do Dia

   
Maria Luís Albuquerque, funcionária bancária

Ao mau cagador até as calças empatam. quem previa o pior e demonstrava que as previsões orçamentais eram aritmeticamente erradas, encontra agora inconvenientes quando o país cresceu 2,8%, um número com o qual nunca sonhou.

«s números do crescimento – 2,8% – da economia portuguesa para o primeiro trimestre de 2017 são ao mesmo tempo “positivos” e “preocupantes”, diz Maria Luís Albuquerque, ex-ministra das Finanças social-democrata, em declarações ao “Público” esta terça-feira.

“Genuinamente é a nossa convicção: ficamos satisfeitos com os números positivos e com os motores do crescimento, mas o receio é que eles possam levar a uma falsa sensação de que não é preciso fazer mais nada”, explica a ex-governante.

Apesar deste comentário, Maria Luís Albuquerque não se afasta da narrativa oficial do PSD: estes resultados são consequência da “boa conjuntura internacional” e da “boa herança” do Governo de Passos Coelho. Ou seja, o mérito não está nas políticas de António Costa e de Mário Centeno.

“O que nos preocupa é que estes números resultam de uma boa conjuntura e de uma boa herança”, diz.» [Expresso]

 O sucesso das políticas de Passos Coelho e Paulo Portas

Se bem me lembro a política económica de Passos Coelho assentava numa desvalorização fiscal e muitas das medidas adoptadas com o argumento de se ir além da troika e justificada por Passos dizendo que estávamos fazendo s sacrifícios pro nós e não porque nos obrigassem. Nos primeiros tempos do governo de Passos não faltaram economistas em busca de notoriedade que opinaram em artigos de jornais ou em declarações televisivas a favor da desvalorização.

A tese era simples, como com a moeda única se tinha perdido a possibilidade de recorrer à desvalorização cambial, a única forma de conseguir um aumento da competitividade externa das empresas era promovendo uma redução dos custos do trabalho através de uma desvalorização fiscal. Curiosamente, por oposição a esta solução o PCP defendeu sempre a saída do euro para repor a soberania nacional, isto é podendo recorrer à desvalorização cambial.

A esta desvalorização cambial Passos Coelho chamou "ajustamento", tendo separado na sua linguagem o ajustamento no Estado e o ajustamento no sector privado. A determinada altura Passos dizia mesmo que o ajustamnto no Estado estava concluído, faltava fazer o ajustamento nas empresas privadas. Com o argumento do desvio colossal, explicado de forma ridícula por Gaspar, Passos cortou os rendimentos dos trabalhadores do Estado em mais de 25%. Depois tentou fazer o mesmo no sector privado com o golpe da TSU, tendo falhado devido à oposição dos portugueses.

Acabou por tentar a desvalorização fiscal do sector privado através dos impostos sobre o rendimento, a ideia era baixar o IRC compensando a perda de receitas com o aumento do IRS que decidiu com a aplicação da sobretaxa. Fez de tudo para baixar os salários, desde os cortes nos rendimentos aos feriados de trabalho escravo, tudo servia para que se desvalorizasse o factor trabalho.

Só que o modelo falhou, o ambiente de terror com ameaças sistemáticas de mais austeridade, a fuga de trabalhadores para o estrangeiro, em especial de quadros, a perda de confiança dos consumidores e investidores, conduziu a uma recessão e o próprio Cavaco Silva receou o risco de uma espiral de recessão. No fim o processo parou em ano de eleições e porque o Tribunal Constitucional declarou a inconstitucionalidade dos cortes de vencimentos e pensões.

Corrido do poder Passos ainda teve a esperança de regressar, daí a sua histeria com as chamadas reversões, esta significavam o desmontar de uma desvalorização que tinha ficado a meio e que com a vinha do diabo tinha a esperança de poder continuar. A devolução de rendimentos significou muito mais do que uma política expansionista, foi acima disso o demonstrar de uma política tenebrosa de desvalorização fiscal que tinha falhado, apesar do seu autor iletrado não estar convencido. Portugal não se transformou na economia mais competitiva do mundo como prometeu Passos, transformou-se num país triste de onde os jovens fugiam e onde ninguém investia.

Vir agora dizer que o sucesso económico é o resultado de uma política nefasta que contra a sua vontade foi desmontada só revela a falta de honestidade intelectual de um Passos Coelho que nunca teve a coragem de assumir as suas políticas e intenções, convencido de que além de piegas os portugueses são uns imbecis que ele engana com facilidade.

 Onde anda Paulo Portas?

Seria de esperar que Paulo Portas, o vice-primeiro-ministro do governo de Passos e coordenador das pastas económicas, viesse reivindicar o crescimento económico como resultado do seu trabalho, da mesma forma que ele mais o Pires de Lima fizeram em relação `ss exportações. Se Paulo Porta anda muito ocupado com a gestão de influências em negócios com países onde o único mercado concorrencial que existe é o da corrupção, então que seja a sua sucessora na liderança do CDS e colega no governo que o venha fazer.

      
 Portugal fez batota na Eurovisão
   
«"Desde o início que o plano de Portugal era jogar sujo. Saltar as regras." Começa assim um artigo do jornal castelhano El Español sobre o Festival da Eurovisão, a vitória portuguesa, e a prestação espanhola.

O que Salvador Sobral apresentou "não valeu", porque é "uma canção bem escrita, de harmonias sedosas, uma melodia delicada e versos inspirados". Em suma, não é um "vulgar e antiquado karaoke".

Portugal não participou "como manda a tradição", mas sim com uma "canção de verdade". E isso "não vale", diz o artigo, que faz uso da ironia para elogiar Portugal e criticar Espanha.

"Se participas na Eurovisão, participas com todas as consequências. Levar o festival a sério e ganhar é uma infâmia", acrescenta, dizendo ainda que ao "resto dos países só restava perder".» [DN]
   
Parecer:

Foi a primeira vez que fez batota.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  
 A nova guerra do populista de direita Rui Moreira
   
«O presidente da Câmara Municipal do Porto não mostrou interesse numa potencial corrida à organização do festival da Eurovisão, que o país vai receber em 2018. O motivo são os custos avultados que o evento pode acarretar.

O assunto foi trazido à reunião de Câmara desta terça-feira pelo vereador do PSD, Ricardo Almeida, que considera que a RTP deveria fazer um “concurso transparente”, em vez de entregar o evento diretamente à capital, como foi feito em outros países organizadores.

“Esse valor é absolutamente…”, comentou Rui Moreira, referindo-se ao valor médio de 30 milhões de euros que pode custar a organização do festival. Isto porque, defende, os custos devem ser suportados pela cidade que vai receber a Eurovisão. “Se não vai haver concurso, deve ser essa cidade a pagá-lo”, disse. “E não me venham dizer que não temos sítio [para ser palco do festival]. Nós com esse valor construímos um”, brincou.» [Observador]
   
Parecer:

O ideal era ser no porto mas pago por Lisboa.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se a proposta que ele aceita.»

 Passos, o estalinista
   
«O presidente interino da concelhia do PSD/Lisboa, Rodrigo Gonçalves, acusou Pedro Passos Coelho de estar “a perseguir os seus opositores ou aqueles que têm ideias diferentes” e “também os seus familiares”. A reação do social-democrata surge depois de a distrital do PSD/Lisboa ter decidido vetar a recandidatura de Daniel Gonçalves, pai do dirigente do PSD/Lisboa, à junta de freguesia das Avenidas Novas nas autárquicas de 1 de outubro.

Em declarações à Sábado, Rodrigo Gonçalves não esconde o seu descontentamento. “Vejo toda esta situação com alguma mágoa. Mágoa pela linha estalinista com que Pedro Passos Coelho está a decidir todo este processo autárquico. Quer anular todos aqueles que pensam de maneira diferente, mas pior do que isso é que podia opor-se a mim, mas preferiu perseguir o meu pai”, afirmou o homem que sucedeu a Mauro Xavier na concelhia do PSD/Lisboa.» [Observador]
   
Parecer:

A coisa está a ficar feia em Lisboa.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Reserve-se lugar para assistir ao espectáculo.»