sábado, fevereiro 27, 2010

Então e eu?

Este é um post de desabafo, mas não resisto a este grito de revolta, sinto-me marginalizado, ostracizado, desprezado, sinto que estou a ser tratado como um cidadão de segunda, talvez mesmo de terceira, a razão? Devo ser dos poucos portugueses a quem Sócrates não telefonou, não pressionou, não tentou comprar, bolas, nem um miserável telefonema?

Não há ninguém neste país que depois de um “está lá, quem fala” não tenham ouvido “o Senhor engenheiro José Sócrates quer falar consigo”. Ando por aqui a blogar há mais de cinco anos, ainda Sócrates nem imaginava que ia ter Manuel Alegre a morder-lhe as canelas por tudo e por nada e nem uma chamadinha, até o arquitecto que lançou o SOL mais tarde teve direito a uma hora de telefone, e eu nada.

Sou mesmo um azarento!

Também sou um dos poucos portugueses que nunca foi constituído arguido, já estive para o ser mas os tipos da Interpol tramaram-me, recusaram-se a investigar a minha identidade porque não lhes disseram qual o crime que eu tinha cometido. Como se isso fosse problema, em Portugal somos todos suspeitos à nascença, mais tarde ou mais cedo somos investigados e constituído arguidos, se formos políticos somos julgados sumariamente na praça pública, se não tivermos nomes seremos arguidos durante uma década, até que o magistrado responsável se reforma ou começa a ter sintomas de doença de Parkinson. Porque será que em vez de pedirem ajuda à Interpol não pediram ajuda ao magistrado de Aveiro? Com tanto artigo no Código Penal e no Código da Estrada certamente que descobriria uma boa razão para passar uma certidão e promover-me ao estrelato.

Mas não, não tive direito sequer a ser chamado à Comissão de Ética do parlamento para dizer se o Sócrates, o Vara ou o Fernando Lima me telefonaram, não há gato pingado da política portuguesa que não tenha direito a duas horas de fama, mas este humilde blogger nem sequer a isso teve direito. Até já tinha preparado uma colecção de montagens fotográfica e encomendado duas T-shirt um com o dizer “sou o único português que não escutou Sócrates” e a outra a dizer “estou à espera de um telefonema de Sócrates”.

Mas não, vou ficar com as t-shirt por estrear e guardá-las para as usar nas idas à praia, se nessa ocasião Rangel já estiver a chefiar o secretariado de Belém na residência oficial de São Bento até pode ser que me apareça o historiador da Marmeleira interessado em saber mais algumas coisas do Simplex, isso se um tal Carlos Santos, jovem devoto e admirador de Cavaco Silva, não lhe deu cópia de todos os maus mais uns duplicados das minhas cuecas.