Ao que parece há em Portugal um problema de liberdade de expressão, a Felícia Cabrita que nem teve o trabalho de transcrever as escutas, tarefa que foi paga com dinheiro dos contribuintes, aparece na televisão a revelar o resultado do seu aturado trabalho de investigação que mais não foi do que reproduzir escutas e opiniões de um juiz de instrução mais empenhado em investigar do que em defender os direitos dos arguidos e a legalidade. As afirmações e suspeitas do juiz de instrução foram transformadas em verdade absoluta e a confusão é tal que até do lado da embarcação governamental já se sente o nervosismo das ratazanas, principalmente das que ficaram afastadas dos gabinetes governamentais.
Diz-se que está em causa a liberdade de expressão, que há asfixia democrática, que Sócrates queria silenciar a TVI. Não sei se é verdade, logo veremos, o que sei ser verdade é que nunca numa democracia ocidental os processos judiciais foram utilizados para fazer tanto julgamento na praça pública, nunca tanta gente foi condenada fora dos tribunais por jornalistas que nalguns casos nem têm carteira profissional., parecido com isto só os tribunais plenários.
O poder executivo violou as regras? Talvez sim, talvez não, veremos e depois tiraremos conclusões, mas uma coisa é evidente, o poder judicial assaltou o poder de forma despudorada e até já há quem peça a cabeça dos que na justiça deram sinais, mesmo que ténues, de não alinharem no golpe. Mas dizer que não há liberdade de expressão ou falar de controlo da comunicação social é ridículo. A quem pertence o SOL? A um destacado dirigente do PSD. A quem pertence a SIC? Ao número um do PSD. Qual a postura do Correio da Manhã? Desde o tempo de Durão Barroso que tenta destruir o PS. A quem pertence o Público? A Belmiro de Azevedo. De que partido ou partidos pertencem a maioria dos comentadores da televisão? Ao PSD e ao Bloco de Esquerda. Bolas, e andam mijados com medo de quê?
Se bem me lembro a tentativa de abafar a família Moniz na TVI era por causa do caso Freeport, até se insinuou que houve a tentativa de evitar a saída de uma peça, que tal como o SOL da próxima sexta-feira traria grandes verdades. A verdade é que a tal peça foi divulgada e vista por uma audiência muito maior do que a teria em condições normais, lá fez mais insinuações e pouco mais. Mas se o problema era o caso Freeport porque razão ninguém exige que sejam divulgadas as conclusões do mesmo, como os investigadores não levantam suspeitas seria muito interessante confrontar a verdade material com as imensas provas usadas nos julgamentos públicos promovidos pelos nossos jornalistas, magistrados e outras personagens da praça.
Quando provarem seja o que for farei o meu julgamento, até lá acho que uma direita desesperada por chegar às mordomias do poder aliada a uma extrema-esquerda que sonha com a revolução estão a lançar o país num PREC. Talvez os portugueses já estejam esquecidos das tropelias do Palácio de Belém e com a ajuda preciosa de Alegre e da extrema-esquerda já esteja eleito, talvez Manuela Ferreira Leite ainda chega a São Bento. Quando isso suceder vão esquecer as escutas, o caso Freeport e o caso BPN, mas democracia estará ferida de morte e não é por causa da TVI. A partir de agora nenhum governo ousará retirar mordomias às magistraturas ou a qualquer outra corporação, continuando a ser os mais pobres a fazer todos os sacrifícios, primeiro-ministro que “abuse” será escutado, difamado e julgado à porta da Bastilha.Quem quiser alinhar no PREC que alinhe, eu não alinho.