quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Umas no cravo e outras tantas na ferradura

FOTO JUMENTO

Ponte sobre o Guadiana, Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António

IMAGEM DO DIA

[Akintunde Akinleye/Reuters]

«COOLING OFF: A fireman cooled off as a gas tanker fire raged in Lagos, Nigeria, Tuesday. No injuries were immediately reported.» [The Wall Street Journal]

JUMENTO DO DIA

Afonso Candal, Mota Andrade e Strecht Ribeiro, deputados do PS

A paranóia colectiva que se está a instalar no país leva a que a direita aprove as medidas da extrema-esquerda e alguns deputados do PS se comportem como jotas bloquitas. Publicar os rendimentos de todos os portugueses na internet foi a anedota que estes deputados se lembraram de propor para, supostamente, se combater a corrupção.

Isto não é combate à corrupção, é falta de inteligência e o voyeurismo bloquista levado a extremos.

UMA PERGUNTA A SÓCRATES

Como é que quer que as empresas de rating confiem no governo português e não penalizem a dívida portuguesa se o seu ministro das Finanças foi surpreendido em três meses por uma subida de quatro ponto do défice? Quem pode confiar nas contas do próximo orçamento se com o 2009 foi o que se viu.

UM HOMEM SEM REMORSOS

«Tony Blair, ex-primeiro-ministro de Inglaterra, "socialista", católico recém-converso, actual conselheiro de empresas e conferencista de temas vários, fez declarações inquietantes, a uma comissão de inquérito, sobre as suas responsabilidades na Guerra do Iraque. Há muito, perdera a dignidade; restava-lhe, acaso a tivesse, um mínimo de decência. "Faria tudo outra vez", disse, sem que a cara se lhe transformasse em sal podre. Ante o assombro dos inquiridores confessou: em nenhuma circunstância da sua vida, posterior à invasão de Bagdad, "houve arrependimento, nem desculpas, nem remorsos".

Sabe-se: a política deixou de ser pedagogia, para se converter em malícia, omissão e mentira. Neste caso, como em muitos outros, deixa atrás de si um caudal de morte, de destruição, de horror e de ressentimento. Quando da Cimeira dos Açores, em 2003, na qual Durão Barroso foi o mordomo jovial e adulador de Bush, de Blair e de Aznar, os dados estavam lançados e as informações adquiridas. O diplomata sueco Hans Blix, chefe da missão das Nações Unidas, procurara, em vão, durante 2002, as "armas de destruição maciça" de que Saddam teria posse. As advertências de Blix, para travar o inevitável, chegaram a ser excruciantes. Mas o monumental embuste fora montado com cínica minúcia e calculada eficácia. Os senhores da guerra e os seus catecúmenos berravam com tal amplidão que abafavam as vozes da sensatez e do acerto. A lista daqueles que, em Portugal, alinharam na infâmia, só não é patética porque excessivamente abominável.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Baptista Bastos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

MÁRIO CRESPO ENGANOU-SE

«João Vieira Pereira, subdirector do Expresso, escreveu isto no Twitter, ontem: "Ferreira Fernandes critica [que] Crespo 'invoca testemunhas, mas não as revela', isto no DN que denunciou fontes de outro"... Critiquei? A sério? João Vieira Pereira, subdirector do Expresso, é daqueles que quando lê "João Vieira Pereira, subdirector do Expresso", lê, entende, isto e só isto: "sub". E isso é um drama. Dos subdirectores do Expresso e dos portugueses em geral. Leiam a generalidade dos jornais ou ouçam, o que é quase igual, o Sô Bento da mercearia. Eu escrevo curto porque tenho essa ideia do jornalismo, usar os pormenores para contar o que sei do mundo. Tenho um infinito cuidado em dar um passo pequenino de cada vez. Mas há sempre os que abrem os braços como os pescadores aldrabões - pensam que tudo é geopolítica. Ontem, o que eu quis dizer - e disse - foi que Mário Crespo é um bom profissional. O que é notório, acrescentei também. Então, se alguém ouviu dizer, como se disse, que Mário Crespo é um "impreparado profissional", a primeira questão é: foi dito? Mesmo? Essa era a minha crónica de ontem: sobre a minha incredulidade de que alguém tivesse considerado Crespo um "impreparado profissional". E não se veja nisto um elogio corporativo. Sei que também há jornalistas sub.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

A VIOLÊNCIA SELVAGEM

«A questão não é os homens baterem nas mulheres, nem os adultos nas crianças, nem os saudáveis nos doentes, nem os fortes nos fracos, ou os ricos nos pobres. É sempre a mesma merda, que é tirar partido da injustiça. O facto de ainda não haver uma palavra portuguesa para bullying mostra quanto estamos atrasados e quanto os ingleses, referindo-se aos bulls dos touros mais do que às bulas dos papas, ainda não conseguiram adaptar a língua à admirável compaixão que têm pelos animais.

Começa sempre pelos nomes. "Violência doméstica" domestica a agressão. Deveria ser "violência familiar", assim como o "abuso" deveria ser concretizado e definido, conforme é violação incestuosa ou tortura sádica familiar.

Mesmo sem querermos, continuamos a achar sagrada a família. Somos todos mais liberais no que toca à família: se calhar, a mulher merecia; se calhar, gostava. Se calhar, o homem só estava a fazer o que ela queria.

Há tantas mulheres más como homens? Com certeza. Deve ser um número igualzinho. Mas a verdade é que têm, geralmente, menos força e são mais intelectualmente capazes de praticar violências verbais.

O homem - ou a mulher numa posição de poder - tem maior tendência para a crueldade ou para a prepotência. Sejam freiras ou maridos; guardas prisionais ou juízes. Mas as mulheres batem menos; violam menos; tiram menos prazer do incesto forçado ou consentido.

Acabemos com o eufemismo da violência doméstica. A violência é sempre selvagem.» [Público]

Parecer:

Por Miguel Esteves Cardoso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

FRANÇA: NEGADA CIDADANIA A EMIGRANTE QUE OBRIGAVA A MULHER A USAR BURQA

«O homem, cuja identidade não foi revelada, precisa naturalizar-se para continuar a viver em França com a mulher.

Mas o ministro para a Imigração recusou-o pedido por considerar que o muçulmano estava a privar a mulher da sua liberdade.

Eric Besson afirmou que o homem rejeita os princípios do secularismo e igualdade entre homens e mulheres e lembrou que a lei francesa obriga os imigrantes a demonstrar o desejo de se integrarem.» [Diário de Notícias]

MAYOR DE BOSTON NÃO QUER VER NAVIOS IEMENITAS CARREGADOS DE GÁ NATURAL

«Até final do ano, 30 navios carregados com gás natural do Iémen vão chegar a Boston. A empresa que administra o porto da cidade americana garante que não há razão para alarme, mas o presidente da Câmara, Thomas Menino, diz que a decisão põe a cidade em perigo. Tudo por causa do país de origem do carregamento. O Iémen é tido como um albergue de grupos afectos à Al-Qaeda, como prova o ataque frustrado do passado dia de Natal, alegadamente ultimado naquele país da Península Arábica.

"A empresa que gere o porto de Boston está a pôr o lucro à frente da nossa segurança", afirmou Thomas Menino, esta manhã, à saída de um encontro com o governador do Estado de Massachusetts, Deval Patrick. » [Expresso]

RISCO DA DÍVIDA PORTUGUESA DISPARA EXPONENCIALMENTE

«O custo de subscrever a proteção para um eventual incumprimento da dívida portuguesa disparou hoje para o valor mais alto de sempre, com os Credit Default Swaps sobre obrigações de Portugal a registar a maior subida do mundo.Depois de ter tocado nos 196,2 pontos, os dados da Credit Market Analysis revelam que os Credit Default Swaps (instrumento de cobertura do risco da dívida, ou contratos de resseguro contra as perdas financeiras de empresas ou bancos) para as obrigações com maturidade de cinco anos estavam às 17h45 a subir 17 por cento para 195,8 pontos.» [Público]

Parecer:

Lá se vai a imagem de sucesso de Teixeira dos Santos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Solicite-se um comentário ao ministro.»

NUNO SANTOS NÃO CONFIRMA AS ACUSAÇÕES DE MÁRIO CRESPO

«Nuno Santos confirmou ao “Correio da Manhã” que esteve no restaurante onde estavam igualmente José Sócrates e os ministros Pedro Silva Pereira e Jorge Lacão, que terão dito naquela ocasião que o jornalista da SIC Mário Crespo era um “problema” que precisava de ser solucionado. O director de Programas da SIC discorda, porém, da forma como Crespo relatou o encontro.

De acordo com Nuno Santos, ele estava a almoçar com a apresentadora Bárbara Guimarães e os três governantes estavam noutra mesa. “Estávamos em mesas diferentes e a conversa não se passou da forma como é descrita", explicou Nuno Santos ao “Correio da Manhã”.O “Correio da Manhã” recorda ainda que a conversa no restaurante ocorreu dias depois de o CM ter publicado que Mário Crespo é testemunha no processo de Moura Guedes contra o primeiro-ministro.» [Público]

Parecer:

Mário Crespo queria ser herói da liberdade...

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se o espectáculo triste.»

JOHN ANDRE AASEN

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