Diria mesmo que Cavaco Silva conta no parlamento com uma maioria presidencial, ao PSD e CDS que serem o apoiaram, junta-se o PCP que em muitas ocasiões já veio a público defendê-lo e o próprio Bloco de Esquerda a quem deve a derrota antecipada de Manuel Alegre. Que mais poderia desejar um político que sempre ambicionou deter em simultâneo a Presidência da República e o governo e, de preferência, governando sem empecilhos como o Ministério Públicos, dantes designados forças de obstrução?
Se a esquerda conservadora está disponível para se juntar á direita em questões como a suspensão do Código Contributivo ou a ajuda ao Alberto João á custa dos portugueses, não há nada que os impeça de formarem uma maioria governamental tutelada por Cavaco Silva, um novo corporativismo do século XXI. O que os une, o ódio a um governo PS, é bem mais forte do que o que separa direita da esquerda conservadora, só alguns complexos poderão dificultar o processo, mas isso é coisa que se resolve. Até porque o grande objectivo do PCP e do BE é a destruição do PS e a absorção do seu eleitorado à esquerda, depois é só uma questão de esperar por uma crise financeira ou que o país se afunde na crise em que está metido.
Será assim tão difícil? Talvez, mas hoje ninguém tem dúvidas de que se Cavaco avançasse com um governo da sua iniciativa formado por personalidades da sua confiança política teria muito menos oposição, senão mesmo o apoio velado da esquerda conservador. Nunca esta esquerda se empenhou tanto em qualquer negociação com um governo do PS como temos visto reentemente, nem mesmo a figura pornográfica da Madeira lhes provocou alguma repulsa.
Alguém viu o Bloco de Esquerda antecipar-se às iniciativas da direita como fez com o casamento gay ou mesmo apresentar um projecto alternativo como fizeram, os verdes a mando do PCP? Não, a esquerda conservadora só apresenta propostas alternativas quando concorda com as iniciativas do PS, quando a direita avança com as suas propostas a esquerda conservadora limita-se a apoiar e se lhe derem oportunidade até o Louçã chama a si o protagonismo político, como sucedeu quando da aprovação do Código Contributivo.