domingo, fevereiro 21, 2010

Semanada

Esta foi a terceira semana seguida em que o Sol recuperou da sua situação financeira grave, aliviando as preocupações de Joaquim Coimbra, o seu accionista maioritário. No país da falta de liberdade de imprensa, dos directores de jornais incomodados e receosos das pressões da fera, ganha-se dinheiro publicando peças de processos judiciais sob a forma de folhetim semanário.

Curiosamente, ninguém questiona as circunstâncias em que tão lucrativa informação chegou às mãos de Felícia Cabrita,a conhecida jornalista de investigação que ciclicamente tenta decapitar a liderança do PS, pelo silêncio até parece que a jornalista assaltou a Procuradoria-Geral da República e arrombou os cofres onde estava o processo. Dos três uma, ou a jornalista assaltou as instalações do Ministério Público, alguém corrupto lhe vendeu cópia do processo ou mão amiga com objectivos político-partidários lhe passou o processo. Como não foi notícia qualquer assalto às instalações dos procuradores resta as outras duas alternativas. Mais do que saber se a divulgação é legal ou se deve ser perseguida a violação do segredo de justiça, seria o apuramento das motivações. Afinal, os que agora acusam Sócrates poderão a usar métodos bem piores do que aqueles de que o tentam acusar.

Além de uma semana de lucros para Joaquim Coimbra esta também foi uma semana vergonhosa para o parlamento, onde é que se viu um jornalista ir dar lições de moral aos deputados, distribuir-lhes cópias dos seus artigos com ar do professor que está a distribuir o teste aos putos do ciclo preparatório e, por fim, fazer rir os meninos da ética vestindo uma camisola humorística. Mário Crespo teve o seu momento alto de fama, o parlamento deu uma imagem triste ao país, o que Mário Crespo fez foi um espectáculo digno de uma taberna.

Num país cinzento, onde as mais elementares regras da democracia são ensombradas por um Sol de jornalistas desesperados com a possibilidade de irem para o desemprego, brilhou a apresentação da candidatura de Fernando Nobre, ainda que quase abafada pela comunicação social, enquanto Manuel Alegre e os seus do Bloco de Esquerda já começaram o trabalho de destruição da personalidade do candidato, ao melhor estilo estalinista.