Se o PCP e o BE estão disponíveis para apoiar os piores empresários suspendendo o Código Contributivo e até colaboram com Ferreira Leite para dar mais uns milhões dos portugueses aos proxenetas tropicais não há nada que os possa dividir. Há condições para avançar para o "compromisso" proposto por Alberto João e se na próximo ano virmos o Francisco Louçã a beber umas ponchas na festa do Chão da Lagoa em amena conversa com o Alberto João e o Jerónimo de Sousa ninguém ficará admirado.
Mas nesta semana também consegui estar de acordo com Jerónimo de Sousa, coisa rara nos últimos tempos, partilho com ele a exigência que o caso Face Oculta seja investigado até às últimas consequências. Não é a primeira vez que Jerónimo de Sousa faz esta exigência, mas da primeira vez os portugueses pouco sabiam do lado oculto deste processo e fiquei com a impressão de que o líder do PCP sabia mais sobre o caso do que o Procurador-Geral da República. Mas agora estou de acordo, e por todas as consequências entendo todas as faces ocultas do processo, designadamente, saber se entre os magistrados ou oficiais de justiça envolvidos ou que tiveram acesso às peças do processo existem militantes partidários cuja ideologia determina que o serviço ao partido se sobrepões às exigências do estatuto de funcionários ou dos magistrados. Começo a recear que as alianças entre o PCP e a direita não ficam pelo parlamento, gostaria de saber se não serão os militantes do PCP a fazer o trabalho sujo para ajudar a direita a chegar ao poder e Cavaco renovar tranquilamente o seu mandato presidencial.
E enquanto a nossa classe política se entretém a dar golpes na esperança de a legislatura não durar muito o país vai afundando-se na perda de credibilidade, para o que muito contribuiu um ministro que andou tão distraído que em pouco mais de dois meses foi surpreendido pela subida do défice em quatro pontos. A desculpa é ridícula, nada justifica este falso erro de previsão e muito menos a queda da receita fiscal, para que a cobrança de impostos tivesse caído tão abruptamente teria sido necessário que o fisco tivesse fechado as portas. Se Sócrates conseguir sobreviver a mais uma vaga de golpes deve equacionar a possibilidade de nomear um ministro que restabeleça a confiança num ministério em que já ninguém pode confiar.