Portugal precisa de gente nova, de sangue novo, de alguém que não ande por aí a dizer que o desenvolvimento se faz com estradinhas embelezadas com magníficos eucaliptos ou que acha que o progresso passa pela síntese dos romantismos desiludidos incapazes de perceber que as ideologia desenvolvidas na revolução industrial não serão capazes nem de equacionar os problemas do século XXI e muito menos de lhes dar respostas adequadas.
Portugal precisa de políticos que governem a pensar nas gerações futuras, de preferência com idade para cá estarem quando os resultados sejam visíveis, de políticos com coragem para desprezar as sondagens eleitorais e capazes de adoptar as políticas certas mesmo sabendo que correm o risco de perder as eleições, de políticos humildes que não se sintam superiores aos seus cidadãos, que se candidatem para servir e não porque considerem que um cargo como o de Presidente da República é um prémio de carreira ou um direito adquirido por décadas a viver do mecenato político da democracia.
Portugal precisa de políticos capazes de, em nome das futuras gerações, romperem com os estatutos de privilégio dos poderes, de políticos com coragem de acabar com a imensidão de estatutos oportunistas criados nos últimos trinta anos por uma geração que à sombra da democracia se encheu de mordomias à custa dos mais pobres.
As candidaturas de Manuel Alegre e Cavaco Silva, dois septuagenários que estão convencidos de que o país lhes deve muito, não trazem nada de novo, em nada contribuem para resolver os problemas do país, antes pelo contrário, como se tem visto Cavaco e Alegre não passam de mais dois problemas. Portugal não tem de escolher entre um velho conservador que se vê como o protector dos bons costumes ou um outro que acha que é o marquês da esquerda e vê nas utopias do princípio do século XX a solução para os problemas de hoje.
O país não precisa de discursos bacocos a apelar à união da esquerda ou de cartazes a imitar os discursos de Kennedy, carece sim de políticos capazes de romper com a imensa malha da interdependência de favores e com nobrezas partidárias que substituíram os condes e marqueses da monarquia. O país precisa de um Presidente com visão para o futuro e não de candidatos que não passam de emanações do passado.
Portugal precisa de um Presidente da República que acredite em Portugal e em todos os portugueses, que respeite a diversidade de valores e não veja parte deles como “os que estão do outro lado da barricada”, que perceba que um país é muito mais do que os seus próprios preconceitos. Portugal não pode olhar para o futuro com líderes que não conseguem deixar de viver no passado.