Anda por aí muito boa virgem a comentar o que se passa como se nunca tivessem feito das suas, como se os nossos jornalistas fossem todos exemplos de isenção e se os comentadores políticos fossem uns rapazes muito honestos. Já ninguém se lembra, por exemplo, de quando Ricardo Salgado ameaçou o Expresso (do tal Saraiva que agora anda armado em libertador no Sol) de retirar a publicidade se continuasse a noticiar o “mensalão”, um caso de corrupção ocorrido no Brasil, e o assunto ficou encerrado.
Até há por aí um tal Joaquim Vieira que propôs a desobediência civil dos jornalistas incitando-os a publicarem tudo e mais alguma coisa. Curiosamente concordo com esse Joaquim Vieira e não restrinjo a desobediência civil aos jornalistas, estendo-a a todas as formas de comunicação, sejam blogues, seja a mera comunicação verbal. Está na hora de ver quem neste país é vigem suficiente para andarem a chamar “ditas” aos outros”. Está na hora de chamar os coiros pelos nomes.
Tudo serve para expor gente que se sente acima dos eleitores ou que se considera moralmente superior ao ponto de tentara alterar o curso político do país. Chamaram gay a Sócrates? Então vamos expor os segredos de alcofa dos nossos sacerdotes. Vamos conferir a situação fiscal, verifica a ficha médica, conhecer os hábitos, confirmar se são tão defensores da família que nunca dão uma facadinha no matrimónio. É o vale tudo, não é necessário que tenham cometido um crime. Basta poder fazer parecer, não se respeita a vida privada pois está em causa a avaliação do carácter, nem o exame da quarta classe deve escapar.
queremos saber se os magistrados do Ministério Público têm ligações a partidos e se a ideologia destes partidos lhes exige uma lealdade superior à do cargo. Queremos saber se o Sol e outros jornais recebem publicidade de empresas a troco de opiniões simpáticas, queremos saber tudo o que possa ser do interesse público, tudo o que sirva para avaliar se as suas opiniões sobre o país e os políticos tem dignidade suficiente para ser tida em conta.
Em nome do valor superior da democracia não deve haver limites à devassa, os fins justificam os meios, nenhum método é reprovável, devemos investigá-los e denunciá-los se olhar a meios, os resultados comprovarão as boas intenções. Se pensam que derrubam um governo legítimo e no dia seguintes tudo volta às boas maneiras estão enganados. O que fizeram não foi uma situação de excepção, os que no desespero de um golpe de estado palaciano esqueceram as regras da democracia não devem ficar sob a protecção dessas mesmas regras.
Vamos tratar o cão com o pêlo do próprio cão.