Quando SE debate o ensino em Portugal as conclusões são sempre as mesmas, os professores são culpados de todos os males, os ministros foram todos incompetentes e os alunos não são responsabilizáveis. De fora fica sempre um dos principais actores do processo educativo, os pais.
A ausência dos pais do processo educativo é um dos traços do actual ensino, uma boa parte deles apenas está interessado em que os filhos tenham “positivas” independentemente dos conhecimentos que os filhos obtenham, não são poucos os que fazem pressões para que os filhos sejam aprovados. Em determinados grupos sociais e étnicos são mesmo os principais responsáveis pelo abandono escolar, seja porque desvalorizam a escola em favor do trabalho (infantil), porque não dão valor ao ensino dos filhos ou ainda, como sucede com alguns ciganos, porque acham que as raparigas não precisam de estudar. O fenómeno não é exclusivo dos pobres, conheço gente que faz coincidir as férias na neve com o período escolar para evitarem as enchentes nas estâncias de neve e aproveitar preços mais baixos.
Na minha infância as famílias tinham orgulho na prestação escolar dos filhos, os melhores eram conhecidos na terra, os comportamentos indisciplinados eram motivo de vergonha e condenação social, os professores conheciam os pais e estes respeitavam a escola e os seus agentes. Com a voracidade urbana ele elo foi quebrado, para muitos pais o Estado deve cuidar-lhes dos filhos, os professores dêem aturar-lhe a indisciplina e no fim s filhos devem voltar com um grau académico, de preferência o de doutor.
É tempo de deixar de ilibar os pais, responsabilizando-os pelo comportamento dos filhos e exigindo-lhes uma maior participação cívica no processo de ensino. Tão importante quando o estatuto do aluno talvez seja o estatuto do encarregado de educação.
Não faz sentido chumbar um aluno por faltas deixando de fora aqueles que têm a obrigação de se assegurar que os seus filhos devem participar nas aulas.