sexta-feira, novembro 09, 2007

A institucionalização da pouca-vergonha


Se Luís Filipe Menezes fosse primeiro-ministro e propusesse que as grandes obras públicas fossem objecto de um plano a médio e longo prazo que fosse objecto de um debate amplo tirava-lhe o chapéu, até iria comprar um desses artefactos para poder cumprir com a palavra dada. Mesmo assim duvidaria da consistência da proposta pois a política portuguesa é como o futebol, o que é verdade hoje deixa de ser amanhã, nenhum líder político mantém as promessas que deu e os que os sucedem nem se dão ao trabalho de perguntar pelos compromissos assumidos.

Mas vinda do líder de um partido viciado em obras públicas e que está na oposição esta proposta só me merece desconfiança, da mesma forma que desconfiei da sinceridade de Marques Mendes na sua oposição à Ota. Com tanto problema que existe só este merece tanto empenho a bem da Nação, ainda por cima quando o próprio Luís Filipe Menezes se manifestou contra pactos?

É bom recordar que ainda há pouco tempo foi notícia o pagamento de uma factura do PSD pela Somague, a mesma Somague cujo presidente foi uma das poucas personalidades ligadas às obras públicas que apoiou a ideia. Compreende-se, uma empresa que financia partidos gosta de ter estabilidade nos negócios, tem que saber com quem vai fazer negócios e com um pacto deixaria de correr o risco de pagar ao partido errado.

Se tal pacto fosse feito isso significaria que o maior partido da oposição passaria a ter um papel nas decisões mais lucrativas do governo, seria a institucionalização da pouca-vergonha.