quinta-feira, novembro 22, 2007

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Descascando amêndoas, Painel de Azulejos, Alcoutim

IMAGEM DO DIA

[Steve Crisp / Reuters]

«Sobre las nubes. La niebla cubre una zona de Dubai.» [20 Minutos]

JUMENTO DO DIA

Um Procurador-Geral que gosta de dar entrevistas

Parece que o Procurador-Geral tomou o gosto por dar entrevistas, depois da qu deu ao Sol voltou a dizer das suas na Visão sendo previsível que dentro de dias reapareça no Público ou no Diário de Notícias. O Ministério Público passa a ser notícia não pelos resultados do seu trabalho mas pelo impacto das bocas do Procurador-Geral, como se este estivesse a medir o impacto do seu trabalho em sondagens eleitorais.

Talvez seja tempo de este procurador deixar de ser vedeta e começar a mostrar serviço, o que Portugal precisa é de um Ministério Público eficaz e não de um Procurador-Geral vaidoso.

PETIÇÕES

A figura da petição serve para que os cidadãos possam ter uma palavra complementando assim a sua representação num parlamento que os esquece. Algo está mal quando um líder partidário que é deputado recorre à figura das petições para ganhar protagonismo, o mínimo que se pode perguntar-lhe é o que está a fazer na Assembleia da República.

O recurso de Paulo Portas às petições é uma pequena fantochada que apenas serve para que o líder desastroso de um pequeno partido ganhe a representatividade que não tem.

AS NOSSAS GUERRAS

«Aprioridade televisiva de que goza o futebol impediu-nos ontem de continuar a seguir o documentário de Joaquim Furtado A Guerra. Não vou comentar a série, que nem chegou a meio, mas apenas tomar a deixa dos que a festejaram como tendo preenchido um "vazio" na nossa "memória colectiva". É curioso. Nas livrarias, prolifera a literatura sobre a guerra de África. E se fosse preciso provar o interesse geral, bastariam as audiências da série, que até justificou um Prós e Contras. No entanto, é verdade que a "guerra" não tem em Portugal o lugar público que, por exemplo, a guerra do Vietname tem na América. A sua memória é sobretudo privada e corporativa. O que falta para a sentirmos como "nossa"?

A guerra afectou-nos muito mais, enquanto população, do que o Vietname afectou os americanos. As campanhas em Angola, Moçambique e Guiné entre 1961 e 1974 representaram o maior esforço militar de um país ocidental desde 1945. Cerca de 800 mil portugueses fizeram serviço militar em África. Não foi, porém, o único esforço feito por Portugal no século XX, e também não foi o único esquecido. Há uma semana, passou mais um 11 de Novembro. Em Portugal, lembra castanhas assadas. Noutros países, o armistício de 1918. Na Grã-Bretanha, é o Remembrance Day, a razão pela qual vemos os políticos, jornalistas e apresentadores de televisão britânicos com papoilas na lapela. Em Portugal, não é nada. E, no entanto, cerca de 100 mil soldados portugueses combateram em Europa e na África entre 1914 e 1918. Morreram mais portugueses em combate na Flandres num ano, entre 1917 e 1918, do que durante 13 anos de guerra em Angola entre 1961 e 1974 (1380 contra 1098).

Há uma primeira explicação para a escassez de memória pública. Estas foram guerras numa sociedade politicamente polarizada e comprimida. A intervenção na I Guerra Mundial foi a guerra de Afonso Costa, da esquerda republicana e da sua "ditadura da rua"; as campanhas de África, a guerra de Salazar, da direita nacionalista e da ditadura da PIDE. Foram guerras de partido, que não acabaram bem e arruinaram os seus promotores. Foram também guerras feitas com base numa sociedade rural e analfabeta, deficientemente integrada no Estado: disponível para servir, pouco preparada para se entusiasmar com patriotismos oficiais. Ficaram a ser as guerras "deles", e não do país rural, dividido e reprimido, onde "eles" arrebanharam gente para as fazer.

Mas, ao culpar Costa e Salazar, esquecemos muita coisa. Em 1917, Costa pôs os portugueses na Flandres a fim de arranjar legitimidade internacional para o seu regime revolucionário? Sim, mas também para aceder aos créditos aliados e assegurar a participação portuguesa numa futura conferência de paz. Teriam sido objectivos de qualquer regime português. Não por acaso, o rei D. Manuel, no exílio, apoiou aqui o governo republicano. E em 1961, Salazar não era o único que, apesar da gravitação do país em direcção à Europa (através da NATO, da EFTA e da emigração), acreditava num outro Portugal, ultramarino, ou que duvidava trespassar as populações aos independentistas armados (que fizeram, depois de 1974, o que estava previsto). O mesmo pensavam muitos republicanos anti-salazaristas, que nesta época passaram a colaborar com o regime em nome do Ultramar. A França republicana e democrática, dirigida pela esquerda, fez a guerra da Argélia entre 1954 e 1961. Muito provavelmente, um Portugal republicano e democrático também teria lutado, em 1961, pela Angola de Norton de Matos.

Esquecemo-nos também de que, se acabaram em desastre, estas guerras começaram com êxitos inesperados. Em 1917, ninguém acreditava que Portugal conseguisse colocar uma divisão na Flandres. Conseguiu. Em 1961, ninguém (a começar pelos americanos) acreditava que resistisse a um empurrão sangrento dos independentistas. Resistiu, ao contrário dos belgas no Congo. E foram estes sucessos que tornaram as guerras possíveis.

Portugal foi um dos poucos países europeus (com a Suécia e a Suíça) a escapar, no século XX, a campanhas militares prolongadas no seu território. As nossas guerras envolveram muita gente, mas ao longe. Talvez por isso, tendemos a esquecê-las. No entanto, sem essas empresas militares a nossa história é incompreensível. Foi a I Guerra Mundial que criou o exército enorme, cheio de milicianos, que fez o Estado Novo. E foram as campanhas de África que geraram um outro exército enorme, também cheio de milicianos, que fez o 25 de Abril. 48 anos de ditadura, e 33 anos de democracia: para além dos mortos e dos traumas, eis o que, até ver, devemos às nossas guerras.» [Público assinante]

Parecer:

Rui Ramos recorda-nos as duas guerras onde estivemos no século XX.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

SOMOS O QUARTO PAÍS DA EUROPA EM CASOS DE SIDA

«Somos o quarto país da Europa ocidental em número de casos novos - 2162 as novas infecções em 2006, seis mortes por dia. Pior só o Reino Unido, a França e a Alemanha, países bem mais populosos. O que significa que muito está ainda por fazer no que respeita a informação e prevenção. E que é falsa a ideia de que todos, a começar pelos mais jovens, estão suficientemente esclarecidos sobre os riscos que levam a contrair a doença.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Isto significa que as campanhas foram um falhanço para não dizer que neste país ainda há muitos idiotas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Adoptem-se medidas.»

SESSENTA PROCESSOS EM INVESTIGAÇÃO NA CML

«São sessenta os processos que estão sob investigação na Câmara Municipal de Lisboa. Tudo começou com uma sindicância, que está a cargo da procuradora Maria José Morgado, mas entre a Direcção Central de Investigação da Corrupção e Criminalidade Económica e Financeira (DCCICEF) e o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa os casos vão aumentando à medida que as investigações prosseguem. Mais, segundo apurou o CM, os inspectores e procuradores têm uma sala própria num dos edifícios da autarquia para consultar a informação que solicitam à Câmara.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Ou são processos a mais ou havia uma grande bandalheira na Câmara Municipal de Lisboa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a António Costa se já adoptou procedimentos que ponham fim à bandalheira.»

BP JÁ ESTÁ PREOCUPADO

«O elevado endividamento das famílias à banca está a sobrecarregar os orçamentos domésticos e vai provocar um aumento dos incumprimentos nos empréstimos, por parte das famílias portuguesas mais pobres ou que estejam ameaçadas pelo desemprego. Preto no branco, quem avisa é o Banco de Portugal e a verdade é que a banca comercial já está a apertar as malhas para a concessão de créditos aos privados.» [Diário de Notícias]

Parecer:

É pena que o BP só se preocupe com as dificuldades dos portugueses para alertar a banca.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Constâncio que generalize a todos os cidadãos o crédito que o BP concede abusivamente aos seus administradores.»

AÇORES VAI HARMONIZAR VENCIMENTOS DE GESTORES PÚBLICOS

«O Governo açoriano pretende aplicar legislação que regulamenta o estatuto remuneratório dos gestores públicos regionais, cumprindo, assim, as recomendações do Tribunal de Contas para a regulamentação e uniformização dos vencimentos dos titulares dos órgãos de gestão e administração das empresas públicas.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Literalmente "depois de casa roubada..:".

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao presidente do governo regional se andava distraído.»

MAIS UMA LISTA NA NET

«Os devedores que tenham sido alvo de uma execução falhada por não apresentarem sequer bens penhoráveis (devedores incobráveis) vão passar a ter os seus nomes publicados numa lista disponibilizada na Internet pelo Ministério da Justiça.O ministro da Justiça, Alberto Costa, quer retirar dos tribunais o maior número de acções pendentes e acredita que a criação da lista pública de execuções frustradas por inexistência de bens penhoráveis ajudará a aliviar os tribunais ao mesmo tempo que, considera, funcionará como dissuasor do incumprimento.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Portugal vai ficar conhecido pelo país de listas na Net.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Publique-se também uma lista dos ministros incompetentes que já passaram por governos portugueses.»

O PROCURADOR-GERAL GOSTA DE DAR ENTREVISTAS

«O Procurador-Geral da República afirma, em entrevista à Visão, que «começa a haver alguns sinais de que pode estar em perigo a autonomia do Ministério Público», advertindo que não aceitará «ser um procurador-geral dependente do poder político».

«Não aceitarei ser um procurador-geral dependente do poder político», vinca Fernando Pinto Monteiro, a propósito do diploma recentemente aprovado na Assembleia da República sobre vínculos, carreiras e remunerações na Função Pública e que faz referência também aos juízes e aos magistrados do Ministério Público (MP). » [Portugal Diário]

Parecer:

Começa a ser tique.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Não se preste atenção ou senão não fazemos mais nada senão discutir o que o procurador diz.»

EMBAIXADOR DOS EUA TEM UM PROBLEMA DE DOR DE CORNO

««Bem, parece que Espanha e EUA estão na lista do Diabo e Portugal está na lista dos abraçados», comentou Hoffman, de forma irónica, numa alusão ao recente conflito de Chávez com o rei de Espanha e ao facto do presidente da Venezuela já ter chamado Diabo ao seu homólogo norte-americano, George W. Bush.» [Portugal Diário]

Parecer:

Dá-me vontade de rir ouvir um embaixador dos EUA preocupado com a democracia e os direitos humanos na América Latina.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mandem-se umas compressas para o embaixador dos EUA.»

SINDICATO E CONSELHO DEONTOLÓGICO APOIAM RODRIGUES DOS SANTOS

«A direcção do Sindicato dos Jornalistas e o Conselho Deontológico daquele sindicato emitiram hoje dois documentos distintos onde se pronunciam, pela primeira vez, sobre o conflito que opõe o jornalista José Rodrigues dos Santos à administração da RTP. Em sintonia, os dois organismos temem que o processo disciplinar contra o jornalista esteja a ser usado para cercear o direito do trabalhador à liberdade de expressão, e frisam que o processo é “lesivo dos princípios éticos da profissão”.» [Público]

Parecer:

Erade esperar.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento ao Almerindo.»

AMARAL TOMAZ VOLTA A FALAR DA EVASÃO

«"Temos um problema concreto de fraude fiscal e isso é perfeitamente inquestionável. Acrescento apenas [ao que foi dito na passada semana] de fraude fiscal e/ou branqueamento de capitais", precisou Amaral Tomaz. Depois de ter afirmado que nunca referiu sectores concretos, o secretário de Estado deixou alguns recados, sublinhando que "alguns empresários deviam ter vergonha da sua actuação, e corrigi-la, e outros deveriam ter mais cuidado quando se aconselham com determinadas pessoas". Amaral Tomaz voltou a basear as suas afirmações na divulgação do nome de empresas envolvidas na "Operação furacão", alegando não haver conhecimento de que alguma daquelas empresas tivesse processado os meios de Comunicação Social que as citaram. Ao mesmo tempo adiantou a ordem de grandeza da correcção de impostos pagos pelas empresas, sendo que apenas uma pequena parcela se deveu a PME.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Toda a gente imagina quem são e como actuam.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao secretário de Estado que em vez de falar adopte medidas.»

DESASTRE NOS SERVIÇOS DE FINANÇAS

«Falta de condições para um atendimento célere, poucos recursos humanos e mal preparados, desarticulação entre sistemas informáticos com prejuízo para o devedor e ilegalidades no pagamento parcial de penhoras de rendimentos foram as principais falhas apontadas pelo “Relatório da Inspecção aos Serviços de Finanças – Execuções Fiscais”. A inspecção realizada a 11 serviços de Finanças de Lisboa, Porto e Setúbal ao longo do ano passado, completada pelo envio de 33 questionários, não traz boas notícias para estes serviços, que necessitam urgentemente de rever métodos de trabalho.» [Público]

Parecer:

Aos poucos vamos conhecendo a herança do dr. Macedo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Solicite-se o comentário do dr. Macedo.»

YURI BONDER

LYUBOMIR BUKOV

MICHAEL RADDATZ

LENNART GOLDMANN

HOWARD NOWLAN

QUEM NÃO GOSTA DE PULAR NA CAMA?

PASSEIO EXORCISTA

EUROCARD

[2][3]

Advertising Agency: SWE, Stockholm, Sweden
Creative Director: Björn Schumacher
Art director: Sven Dolling
Copywriter: Daniel Vaccino
Project Manager: Josef Danell

SAN PATRIGNANO

Advertising Agency: Armando Testa, Milan, Italy
Creative Director: Raffaele Balducci
Art Director: Edwin Herrera
Copywriter: Andrea Bomentre
Illustrator: Nicola Rinaldi
Post production: Nicola Rinaldi

AMSTEL

Advertising Agency: Doom&Dickson, Amsterdam, The Netherlands
Art Director:Tibor van Ginkel
Copywriter: René Verbong
Photographer: Martin Dijkstra
Published: November 2007
Media: This ad was placed in 'Opzij', a Dutch feminist magazine