sábado, maio 14, 2011

O programa PSD ainda é uma versão beta troika 2.0

Quem só veste o que lhe dão
Vive sempre num inferno:
Traz sobretudo no v'rão
E anda em camisa no inverno.

António Aleixo


Antes de existir programa eleitoral choviam propostas vindas de todos os lados, era o Diogo Leite Campos a propor o cartão de débito dos pobres, a maralha do Compromisso Portugal transvertido em Mais Esperança a propor os disparates que vinham à cabeça do João Duque ou do Carrapatoso, era o próprio Passos Coelho que tinha chumbado o PEC a dizer que o seu programa seria o acordo negociado entre o governo do PS e a Troika.

Pelo meio realizou-se um conselho nacional do PSD reunido à pressa à pressa para dar um ar sério à coisa e apresentou aquilo a que se designou por pilares do programa, pilares que os da Mais Esperança nem leram e que o professor 0% não levou em grande consideração. Por fim o ministro 0%, agora conhecido por porfessor pentelho, lá apresentou o seu projecto de programa que de uma penada foi aprovado pelo Conselho Nacional do PSD, até duvido que os conselheiros o tenham lido, nunca mais se falou das propostas do Mais Esperança, dos pilares ou do acordo com a troika.

Quando se pensava que o PSD tinha um programa percebeu-se que não era bem um programa, era um elástico, tudo o que lá estava podia ser esticado ou encolhido. O Catroga propôs uma redução de 4% na TSU mas um outro economista e conselheiro de Cavaco disse que era insuficiente e logo passou para 8%, mas como ninguém sabe onde ir buscar o dinheiro voltou aos 4% e de forma gradual. A principal medida do programa troika 2.0 mais parece uma pastilha Gorila, morde-se, estica-se, enche-se o balão, explode-se, morde-se tudo outra vez e volta-se a esticar.
Mas pior do que ser elástico é o programa ser tão definitivo como as propostas dos Mais Esperança, a proposta do cartão dos pobres sobre a qual o Passos Coelho nem se pronunciou, ou grandioso projecto de revisão constitucional, é tudo para esquecer, só falta vir o Relvas informar que sucede o mesmo com o programa que sucedida com as propostas do Mais Esperança, o facto de as medidas lá estarem nem todas são para levar a sério.

Passos Coelho foi à apresentação de um livro do Santana Castilho que agendou o show off do seu novo livro para a campanha e convidou o presidente do PSD, provavelmente porque pensava abichar um cargo ministerial. Só que a vaidade do autor é tanta que nem o programa eleitoral do PSD escapou às suas críticas. EM mais um passe de mágica a lembrar o estilo Miguel Relvas o presidente do PSD informou logo que o capítulo da educação do seu programa era para melhor, dito de outra forma é para esquecer.

É fácil de perceber que se amanhã Passos Coelho reunir com economistas e ouvir críticas ao seu programa responderá que o capítulo da economia será melhorado, se reunir com médicos será o capítulo da saúde a ser esquecido, e por aí adiante. Por outras palavras, o programa eleitoral do PSD é uma versão para testes, não passa de uma versão beta e  nada nos garante que a definitiva seja idêntica ou mesmo que venha a ser colocado no mercado.
Tínhamos um partido em que cada um apresentava as propostas que lhes dava na gana, enquanto o líder ia dizendo banalidades ao mesmo tempo que o Relvas garantia que nem tudo o que se ouvia seria considerado no programa. Agora temos um líder que não sabe muito bem o que propôs no programa e que à primeira crítica promete melhorá-lo, isto é, mudá-lo. Já não bastava a confusão com a taxa da TSU, agora é todo o programa que parece ter sido embalado numa caixa da Lego. Quando se compra um Lego há um plano principal, mas são apresentados vários projectos para as peças que são vendidas e as crianças ainda podem desfazer tudo e construir à sua vontade.

O pior que pode suceder a Portugal é vir a ter um primeiro-ministro que não confia nas suas propostas, que não consegue pôr ordem no seu partido, que se deixa tutelar por emissários de Belém e que não sabe muito bem o que quer para o país. Como pode Passos Coelho saber o que quer para a economia se não sabe o que quer para a educação? Sabia-se que Passos Coelho queria destruir tudo o que se fez no sector da educação com resultados positivos, agora sabemos que o líder do PSD não tem a menor ideia do que pretende com o sector, foi o que sucedeu com a tentativa de suspensão da avaliação dos professores, primeiro destruía-se e depois logo se veria o que fazer.

A dúvida dos portugueses já não é se Passos Coelho vai perder as eleições, é saber se vai ter menos votos do que Manuela Ferreira Leite ou Pedro Santana Lopes, dois ex-dirigentes do PSD que deverão estar corados de vergonha com aquilo a que estão a assistir.