quarta-feira, dezembro 09, 2015

Abandonar o "modo troika"

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Não tenhamos ilusões, não é apenas a esquerda portuguesa que se querem esquecer da Troika, todos os políticos europeus que alinharam na estratégia da austeridade mais tarde ou mais cedo vão querer fazer de conta que nada tiveram que ver com o assunto e nessa ocasião nem o ministro das Finanças alemão vai querer ter a Maria Luís ou o Passos Coelho ao lado. A austeridade não teve os efeitos desejados e o excesso de troikismo foi um desastre criminoso, tratou-se de uma experiência feito a coberto da Troika que resultou num desastre social.
  
Enquanto o PSD não se livrar da peçonha que começa a ser Passos Coelho vai manter-se me “modo troika”, com o argumento do Tratado orçamental vai tentar amarrar o governo do PS à lógica da troika. Todas as medidas eu reduzam receita ou aumentem a despesa serão um desastre, uma violação dos tratados europeus, um mau sinal para os mercados, um  prejuízo para a notação da dívida. Depois de quatro anos de orgia sádica o PSD vai querer que o PS continue nesta lógica.
  
E a verdade é que o PS tem vindo a cair nesta armadilha, desde que António Costa tomou posse o governo quase só tem tio um ministro, Mário Centeno. A única excepção foram as declarações do ministro da Saúde a propósito das taxas moderadoras e o PSD reagiu como uma mola, quase exigiu uma nova tabela de taxas moderadoras para debate parlamentar já amanhã. 
  
Durante quatro anos a direita conseguiu dominar a agenda política e vai tentar continuar a fazê-lo com o apoio dessa imensa quinta coluna que são a comunicação social mais uma verdadeira matilha de comentadores. O PS não se pode deixar enredar nesta lógica e gerir a agenda política, não permitindo que a iniciativa fique nas mãos da direita.
  
O controlo da comunicação social, as mentiras urdidas pelo governo desde a “saída limpa”, a fraude da sobretaxa e o Caso Marquês foram instrumentos poderosos ao serviço da direita. Mas a verdade é que António Costa cometeu demasiado erros de comunicação desde que chegou à liderança do PS. Uma coisa é a opinião que um líder político tem de si próprio, a outra é a imagem que chega aos eleitores. Enquanto Costa não perceber esta diferença e achar que pode fazer discursos como o do jantar com empresários chineses a direita sentir-se-á a jogar em casa.
  
O governo tem de governar bem, tem de se libertar do “modo troika” e afirmar-se em todas as dimensões da governação, da defesa à diplomacia, da economia à investigação, do ensino à modernização administrativa, da Saúde à Cultura. E não basta governar bem, é preciso comunicar ainda melhor porque um bom governo com má comunicações pode ter mais dificuldades em vencer eleições do que um mau governo com uma boa comunicação. Se a esquerda não aprendeu isso na última campanha eleitoral então podemos dizer que não aprendeu nada.
  
A prioridade é governar e comunicar em todas as dimensões, mantendo a direita em modo troika, pelo menos enquanto à sua frente se mantiver essa troika formada por Passos, Portas e Cavaco, mesmo num cenário de substituição de Cavaco por Passos nada mudará, o senhor vichyssoise sempre foi um apoiante incondicional das políticas extremistas de Passos Coelho e sempre elogiou os seus resultados.