quinta-feira, dezembro 10, 2015

Há mais política para além do défice

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Em Portugal deixou de se discutir uma imensidão de problema para que tudo agora se centre no défice. Não importa a qualidade do ensino, a sua importância para o desenvolvimento, as questões relacionada com os professores, importa apenas saber como poupar no ensino. E o que sucede no ensino, sucede em todos os sectores, tudo é avaliado em função do impacto orçamental, pouco importa a qualidade ou consequências das medidas, o que importa é reduzir o seu impacto financeiro.

Na perspectiva dos jiahdistas do liberalismo, essa versão chique da direita radical que por cá passou isso até faz sentido, se tudo o que é Estado é mau então tudo o que reduza o Estado ou os seus custos é bom para a economia.  Para os financeiramente mais dotados haverá sempre ensino privado, saúde privada e recursos patrimoniais para suportar os custos de todos os bens sociais. A quem é beneficiado por não ter de suportar o Estado com impostos sobrarão recursos para despesas em saúde, educação e mesmo segurança privadas.
  
A crise financeira foi explorada até ao limite pela direita radical impondo ao país novos discursos, novos critérios de avaliação das políticas públicas, novos critérios de avaliação do progresso do país. O governo anterior foi dos governos mais incompetentes que passaram por Portugal, personagens como os ministros da educação, da justiça ou dos negócios estrangeiros fariam Santana Lopes corar de vergonha, Paula Teixeira da Cruz foi ainda mais incompetente do que Henrique Chaves, o amigo de Santana que este promoveu a ministro da juventude e que se foi embora dias depois.

Com Pedro Passos Coelho, o segundo Pedro desastrado que chegou a primeiro-ministro pelo PSD, a competência deixou de ter importância, deixou de fazer sentido falar de desenvolvimento. Um bom governo é aquele que corta nas despesas públicas, pouco importando se para isso amontoa alunos nas turmas, deixa morrer os doentes nas salas de espera ou se proletariza os funcionários públicos com base em falsos estudos que os apontam como ricos.

Segundo a lógica da direita radical um país que reduza a despesa pública ao mínimo terá progresso, bastando para isso que se destruam os sectores económicos considerados inúteis, se liberalizem as normas laborais e se eliminam direitos constitucionais, a começar pelo mais incómodo destes princípios, o da igualdade. Só que Passos fez tudo isto acenando com a chantagem da troika e falhou.

E o governo do PS também falhará que não conseguir fugir deste cerco e colocar na agenda tudo oq eu deve ser discutido por um país que tem de apostar em crescimento e desenvolvimento.