quinta-feira, dezembro 31, 2015

Coitados dos contribuintes

 photo _Costa_zpsdwk7l3dj.jpg

Os contribuintes têm servido para tudo, são os protegidos eleitos por todos os governos, já tiveram um partido dos contribuintes, já pagaram bancos, já foram dispensados de pagar outros bancos, foram os primeiros a merecer a atenção do actual governo, enfim, os nossos contribuintes são uns sortudos.
  
Os políticos portugueses apropriam-se de uma forma original de uma expressão muito usada nos países anglo-saxónicos e que significa que as decisões generosas dos governos não são uma benesse dada pelos políticos ao povo , mas que essas decisões são pagas pelos impostos cobrados aos cidadãos. Mas nos países onde os políticos se preocupam com as facturas suportadas pelos contribuintes também se preocupam com a justiça e equidade fiscais, com o combate à evasão fiscal, isto é, nesses países ser cidadão equivale a ser contribuinte.
  
Acontece que em Portugal uma coisa é ser cidadão e outra é ser contribuintes, isto é, tal como na outra tribo em que haviam mais chefes do que índios, também por cá são mais os cidadãos do que os contribuintes. Uns são ricos e declaram como se fossem indigentes, outros só pagam quando são apanhados, uma boa parte beneficia da caridade dos políticos, por fim, ficam os que na verdade suportam a maior parte da carga fiscal, mas como não decidem eleições são desprezados por todos os partidos. 
  
São esses que pagaram o BPN, que vão pagar o BANIF e a que também serão chamados a pagar. Mas o mais grave é que pagaram e não ficaram com nada, os amigos do PSD ficaram com as empresas da SLN e o BPN foi vendido a preço de saldo ao BIC de Mira Amaral, o BANIF foi oferecido ao Santander e o Novo Banco será vendido a custo zero, ficando o lixo para ser suportado pelos tais contribuintes. A dúvida é óbvia, se são os contribuintes que roem os ossos porque é que os bifes são oferecidos aos amigos de Angola, da China ou de Espanha? Se o custo da nacionalização de três bancos foi suportado pelo erário público porque motivo a parte boa e rentável dos bancos é depois oferecida ao sector privado.
  
O mais curioso deste processo é vermos todos os nossos políticos a defenderem que não devem ser os contribuintes a pagar mas a fazerem tudo para que isso aconteça sem que ninguém se aperceba. Um dos campeões destas manobras é essa personagem que já era obscura nos tempos em que o BCP implodiu e que tem conduzido todo este processo de forma manhosa.
  
Depois de Carlos Costa ter contratado um chico esperto a peso de outro para vender o Novo Banco, isto depois das vendas duvidosas da TAP e dos transportes públicos, veio agora com um novo truque para tornar o Novo Banco apetitoso para potenciais compradores à custa dos contribuintes. Carlos Costa já tinha lixado os emigrantes que ajudou a enganar, já tinha tramado a Goldman Sachs mandando os empréstimos para o lixo, há dias tramou os obrigacionistas, mas parece que mesmo assim o Novo Banco ainda não presta. Qual foi a solução encontrada por Carlos Costas: fazer com que sejam os contribuintes a pagar o banco a prestações.
  
Para vender esta solução escolheu um dia em que as pessoas andam distraídas e propôs que o comprador seja dispensado de pagar impostos durante uns quantos anos. Isto significa que os contribuintes do costume terão de suportar um adicional de impostos para compensar os impostos que o banco deixará de pagar. Isto é, o banco ficará mais barato à custa de impostos que outros terão de pagar. Enfim, ainda vamos ver o Costa e outros a explicarem-nos que com esta solução manhosa não serão os contribuintes a pagar.
  
Este trafulha é o mesmo que em 28 de Junho de 2013 declarava que:

"Todos os processos de recapitalização que foram feitos, foram feitos mediante a apresentação de planos de negócio, de estudos de viabilidade, e têm por base um princípio que é o reembolso dos dinheiros públicos e o pagamento de uma taxa de juro que não é uma taxa de juro de favor, porque é uma taxa que se situa acima do mercado"
  
Como é possível que um bandalho destes seja mantido à frente do BdP, isso até devia envergonhar os seus pares do BCE!