Só me ficava bem dizer que sou de esquerda porque cresci educado para isso, porque a minha educação católica me levo a colocar o bem comum acima disso e nos tempos da minha opção a direita andava mais preocupada a defender os privilégios da voracidade do PREC. Ou, por outras palavras, que sou de esquerda porque quero uma sociedade mais justa e equitativa, onde os ricos fossem mais simpáticos e os pobres um pouco mais felizes, a minha opção teria a força de uma determinação divina e a esquerda seria para mim a salvação dos pecados do mundo.
Mas o facto é que quando medito sobre o tema não chego a nenhuma dessas conclusões, bem gostaria mas não é assim, sei que sou de esquerda e consigo dar uma explicação mais ou menos rota, mas confesso que não sei porque não sou de direita, ainda que saiba que detestaria ver-me a tomar o pequeno-almoço (agora a moda é tomar o pequeno almoço, e até o director-geral dos impostos, o nosso candidato ao Nóbel da gestão, já introduziu esse hábito na DGI) com o Paulo Portas (cruzes canhoto!) ou a ir aos gambuzinos com o Marques Mendes, e da Manuela Ferreitra Leite nem digo nada, para não ofender ninguém.
A educação católica que terminou no crisma ter-me-ia levado ao PCP que é a organização política que mais se assemelha à Igreja Católica Apostólica Romana, os dogmas têm a mesma importância, a infalibilidade do Papa é quase tão grande como a do Jerónimo de Sousa, a comissão de quadros foi decalcada da Congregação para a Doutrina da Fé, a Igreja muda os padres das paróquias com os mesmos critérios com que o PCP mandou o presidente da CM de volta para a sacristia, o PCP tem tantos textos sagrados como a Igreja tem evangelhos, o líder do PCP é escolhido em segredo pela mesma maioria com que Bento XVI contou graças aos cardeais que nomeou para o conclave que o elegeu, por fim, quer o Papa quer Jerónimo de Sousa prometem-nos o Céu, a única diferença está no timming, o Jerónimo promete-o para antes da morte, enquanto Bento XVI assegura-nos uma eternidade de prazer casto no post mortem.
Nem o prior da minha terra me convenceu a ir para o CDS, nem os paraísos terrenos do PCP me levaram a um passeio pelo inferno, pelo que as minhas escolhas de juventude não resultaram de miragens divinas, acabei ao lado (ainda que com umas centenas de quilómetros de distância) do JPP numa versão muito anterior à do Abrupto, isto é, antes do seu upgrade para o PPD. Nesse tempo o JPP ainda não dizia que não há esquerda ou direita, tentando justificar a mobilidade ideológica de um PSD que é um caso de bisexualidade na política, tanto lhe dá para a direita como para a esquerda.
Acabei por ficar pela esquerda e como ninguém me conseguiu convencer do contrário por ali fui ficando, mas não se pense que reflecti muito sobre a escolha, acho mesmo que não fiz qualquer escolha, da mesma forma que não me recordo de ter dado em benfiquista. Um ambiente favorável e o grupo de amigos foram os factores determinantes, o motivo podia ter sido mais interessante, uma namorada jeitosa por exemplo, mas não, foi tudo muito simples e sem grande contrapartidas, a escolha foi feita pela tribo, uma tribo de nómadas que por aqueles tempos viajava pela esquerda.
A educação católica que terminou no crisma ter-me-ia levado ao PCP que é a organização política que mais se assemelha à Igreja Católica Apostólica Romana, os dogmas têm a mesma importância, a infalibilidade do Papa é quase tão grande como a do Jerónimo de Sousa, a comissão de quadros foi decalcada da Congregação para a Doutrina da Fé, a Igreja muda os padres das paróquias com os mesmos critérios com que o PCP mandou o presidente da CM de volta para a sacristia, o PCP tem tantos textos sagrados como a Igreja tem evangelhos, o líder do PCP é escolhido em segredo pela mesma maioria com que Bento XVI contou graças aos cardeais que nomeou para o conclave que o elegeu, por fim, quer o Papa quer Jerónimo de Sousa prometem-nos o Céu, a única diferença está no timming, o Jerónimo promete-o para antes da morte, enquanto Bento XVI assegura-nos uma eternidade de prazer casto no post mortem.
Nem o prior da minha terra me convenceu a ir para o CDS, nem os paraísos terrenos do PCP me levaram a um passeio pelo inferno, pelo que as minhas escolhas de juventude não resultaram de miragens divinas, acabei ao lado (ainda que com umas centenas de quilómetros de distância) do JPP numa versão muito anterior à do Abrupto, isto é, antes do seu upgrade para o PPD. Nesse tempo o JPP ainda não dizia que não há esquerda ou direita, tentando justificar a mobilidade ideológica de um PSD que é um caso de bisexualidade na política, tanto lhe dá para a direita como para a esquerda.
Acabei por ficar pela esquerda e como ninguém me conseguiu convencer do contrário por ali fui ficando, mas não se pense que reflecti muito sobre a escolha, acho mesmo que não fiz qualquer escolha, da mesma forma que não me recordo de ter dado em benfiquista. Um ambiente favorável e o grupo de amigos foram os factores determinantes, o motivo podia ter sido mais interessante, uma namorada jeitosa por exemplo, mas não, foi tudo muito simples e sem grande contrapartidas, a escolha foi feita pela tribo, uma tribo de nómadas que por aqueles tempos viajava pela esquerda.
Seguindo a velha regra de que primeiro nos casamos e o amor veio depois, também a opção política foi anterior à ideológica. Teria sido mais construtivo uma longa reflexão antes de fazer opções, mas o facto é que estou convencido que a escolha política de muitos portugueses é muito pouco romântica, raramente resulta de uma reflexão, é feita em momento anterior a qualquer reflexão, não raras vezes são memo casamentos combinados.
Poderia ter mudado, como a Zita Seabra que de uma rapariga peluda do PCP (o modelo de virtudes comunistas da futura mulher portuguesa) se transformou numa diva démodé de uma direita que lhe deu cargos e mordomias como quem alimenta uma madame envelhecida, ou como o JPP que sonhava com o grandioso partido do proletariado e acabou em cerzideira dos farrapos ideológicos do PSD. É curioso como em Portugal as mudanças políticas são quase sempre da esquerda para a direita, e, não raras vezes, se explica pelas tentações da carne, seja na forma de bifes do lombo ou de lombos mais libidinosos, dos que se comem sem faca e garfo. A excepção foi o Freitas do Amaral e foi o que se viu, a direita considerou-o uma excepção pecaminosa, o passageiro de uma viagem impossível.
Por mim fui ficando pela esquerda, para pior basta assim e depois de tudo quanto já perdi por não ser do PSD não faria sentido decidir agora mudar à borla. Mas serão os autores dos blogues portugueses capazes de nos dizer se são de esquerda ou de direita e o que motivou as suas opções?