quinta-feira, dezembro 27, 2018

LIÇÕES ESQUECIDAS

Estes três anos poderiam ter sido preciosos para o futuro da esquerda em Portugal, o governo demonstrou que é possível o equilíbrio orçamental sem que este seja conseguido à custa da perda de rendimentos dos trabalhadores, os trabalhadores perceberam que a melhor forma de aumentar os seus rendimentos é a promoção do crescimento económico e tanto trabalhadores como patrões perceberam que tinham muito mais a ganhar com a estabilidade social.

As próximas eleições deveriam ser um passeio para a esquerda, a única dúvida seria a dimensão da vitória. Os eleitores mais conservadores deixaram de recear uma aliança à esquerda, os eleitores do PCP e do BE deixariam de se sentir atraídos pela tentação do voto útil, a direita aprenderia uma lição de que nem tão cedo se esqueceria. O país continuaria imune às tentações da extrema-direita e do seu populismo.

Mas o medo do PCP de perder votos para o BE e o receio dos dois partidos de ficarem com menos protagonismo levou-os à loucura. A luta entre estes dois partidos é uma luta de vida ou de morte e a única coisa que os une é um ódio histórico ao PS, que os leva a tentar derrotar este partido, mesmo que isso traga a direita de volta.

Chegam ao ridículo de o governo que mais promoveu a distribuição equilibrada de rendimentos enfrentar a maior crise laboral na história da democracia. O governo que mais dialogou e maior protagonismo deu aos sindicatos é o que mais dificuldade tem para se entender com eles. E como se tudo isto fosse pouco a direita une-se à esquerda conservador promovendo uma greve onde os grevistas são financiados para que destruam o Serviço Nacional de Saúde. Mas como a prioridade é impedir uma maioria absoluta do PS tudo vale.

É triste mas é verdade, de nada serviram as lições acima referidas, até parece que a esquerda conservadora é burra que nem uma porta e precisa que a Troika regresse para aprender de vez, isso se em vez da troika não aparecer um qualquer populista da extrema-direita e em pouco tempo tanto o PCP como o BE correm um sério risco de desaparecer com o seu eleitorado a fazer o mesmo que os eleitores do PCF, aderindo ao candidato a ditador que está na moda.

Esta parece ser a lição que a esquerda conservadora merece aprender e o mais certo é que a aprenda esta com uma facilidade com que não aprendeu as anteriores. Estão mesmo a pedi-las.

quarta-feira, dezembro 26, 2018

A ESQUERDA IDIOTA

Agora que a esquerda tinha dado uma lição à direita portuguesa esis que os seus dirigentes parece terem mais olhos do que barriga e decidiram destruir tudo num par de semanas, lançando o país numa vaga de greves nunca vista, com a agravantes de serem greves que visam maltratar os utentes dos serviços públicos.

O objetivo é conseguir destruir a imagem de sucesso do governo, estão convencidos de que dessa forma conseguem uns votos de protesto. Estamos perante uma situação clara de insanidade mental, os que pretendem chamar a si os louros do sucesso económico são os mesmos que querem destruir esse sucesso. Isto é, querem sol na eira e água no nabal, pretendem juntar os votos pelo sucesso aos votos de protesto resultantes da destruição desse mesmo sucesso.

Um dia Mário Soares disse que a direita portuguesa é a mais estúpida da Europa e pelo desempenho da Cristas até se poderia dizer que voltaria a ter razão. O que Soares não teve a oportunidade de concluir é que ainda mais estúpida que a direita é a nossa esquerda. Só gente muito estúpida corre o risco de provocar uma onda de descontentamento social capaz de levar a direita ao poder.

Estúpida e irresponsável, pois, os argumentos dessa esquerda são os mesmos que os da direita, não só lhes fazem a vontade pondo fim a uma estabilidade social que estava a ter resultados económicos, como criam um ambiente social que dá razão a muitos dos argumentos usados pela direita. Pior ainda, o ambiente criado vai de encontro ao que nalguns países levou a extrema-direita ao poder.

Veremos qual o preço que o país vai ter de pagar para que o BE ou o PCP consigam eleger mais um ou dois deputados que estarão sentadinhos e calados na última fila do hemiciclo. 

segunda-feira, dezembro 17, 2018

VOLTA DIABO, ESTÁS PERDOADO

Durante algum tempo a extrema-direita fina apostou tudo na vinda do diabo, Passos Coelho meteu na sua grande e brilhante cabecinha que o mafarrico vinha em setembro de 2016 e os seus crentes andaram um ano em regime de sabática política, convencidos de que voltariam aos gabinetes governamentais em finais desse ano, para depois pedirem mais um resgate que lhes permitira governar mais uma legislatura sem respeitar regras.

O mafarrico não veio e durante muitos meses ficaram convencidos que de era uma questão de tempo. Para se entreterem enquanto o dito não aparecia foram-se entretendo com incêndios ou, na falta de melhor, com o Metro de Lisboa. O disparate chegou ao ponto de a Assunção Cristas propor que Lisboa tivesse mais estações do Metro do que paragens de elétricos.

Mas o mafarrico não apareceu, o Passos Coelho percebeu que o melhor seria procurar emprego porque para esperar pelo regresso ao governo o melhor seria ter onde se sentar, logo alguém achou que o seu brilhantismo intelectual não merecia menos do que uma cátedra e o pobre homem lá foi dar cabo da credibilidade académica do currículo dos alunos do ISCSP.

Sem diabo a alternativa acabou por ser ficarem com o diabo no corpo, apareceu então a destingida bastonária dos Enfermeiros, rapariga próxima do agora catedrático, Começou com greves por tudo e por nada, mas como tanta greve estava a ir ao bolso dos enfermeiros teve uma brilhante ideia, porque não uma greve paga que matasse dois coelhos (o catedrático dos ISCSP e o deputado do PAN que me perdoem) com uma cajadada? Dá-se cabo do SNS e mandam-se centenas de clientes para os privados ao mesmo tempo que os enfermeiros das cirurgias metem férias pagas generosamente por gente anónima?

Tem sido um regabofe, os enfermeiros fazem greve, os juízes vão pelo mesmo caminho e agora é o Marta Soares, que depois de ter traído o seu amigo Bruno de Carvalho aparece a exigir o apuramento de responsabilidades políticas num acidente com que nada tem que ver. Pelo meio ainda houve um assalto a um paiol que até deu direito a um memorando sobre o mesmo devidamente enviado por gentis militares.

Durão Barroso chegou ao poder ajudado pela queda de uma ponte. Passos Coelho foi ajudado por uma crise financeira. O PSD parece estar a ficar viciado em empurrões para chegar ao poder.


quinta-feira, dezembro 13, 2018

O PAI NATAL TAMBÉM VAI RECORRER AO CROWDFUNDING


Sem quaisquer sacrifícios uns quantos enfermeiros conseguem paralisar os principais bancos de cirurgia dos hospitais portugueses matando muitos coelhos com uma cajadada. Tiram uns dias de férias pagas, criam condições para provocar a morte de portugueses ajudando a direita a chegar ao poder e ajuda as contas dos hospitais privados.

A direita agradece, desestabiliza a democracia num momento em que está desorientada, ajuda os grupos privados da saúde que ao lado dos do ensino são os seus principais apoiantes e provavelmente financiadores e promovem a desestabilização do SNS para que ponham em causa a sua existência.

Tudo isto é legítimo em democracia, mas a partir do momento em que tudo é financiado de forma anónima também é duvidoso. Em finais do século XIX os trabalhadores solidarizavam-se para sobreviverem à fome quando faziam greve, mas à medida que os rendimentos dos trabalhadores foram melhorando essa solução entrou em desuso, passaram a ser os sindicatos a dar apoio financeiro com base nas quotizações.

O financiamento privado de uma greve nada tem que ver com este passado, estamos perante grevistas que estão longe das dificuldades de outros tempos ou mesmo da maioria dos trabalhadores portugueses que têm feito greve. Mas pior do que ser privado é ser confidencial e quando se sabe que num tempo recorde foi recolhido quase meio milhão de euros e agora pede-se outro tanto, há razões mais do que legítimas para se poder suspeitar de que poderão ser interesses privados a financiar esta greve.

E quem nos garante que um dia destes comecem a surgir sindicalistas a venderem-se para promover greves para destruir setores do Estado ou até para prejudicar umas empresas em favor de outras? Quando uma greve é financiada nestes termos tudo é possível, até porque a história mostra que os sindicatos têm um longo passado de vulnerabilidade à corrupção.

EM tempos um congresso de magistrados foi patrocinado por entidades como o BES, quem nos garante que daqui a uns anos os juízes não se lembram de seguir o modelo dos enfermeiros e bloqueiam a justiça portuguesa com recurso ao pagamento aos grevistas com base em receitas doadas ao abrigo do anonimato?

Enfim, agora que estamos na quadra natalícia começo a acreditar que há mesmo o Pai Natal e que algum político enriquecido recebeu tudo do Pai Natal que por sua vez recorreu ao crowdfunding para conseguir o dinheiro para comprar uma casinha na Quinta do Lago, um Ferrari ou um iate para lhe oferecer.

quarta-feira, dezembro 12, 2018

A "ACESSORA"


Quando uma personagem política declara no seu currículo que foi assessora na área das Políticas Públicas Autárquicas só porque abichou uns euros por conta de um lugar de boy só pode estar a gozar connosco. Segundo esta lógica a senhora da limpeza da NASA ainda coloca no currículo que é especialista na manutenção de aviões.

Os sucessivos casos envolvendo gente das escolas das jotas começam a enjoar e é lamentável que na base de uma candidatura à  liderança de uma juventude partidária esteja um currículo com falsidades. que roçam o imbecil Como também roça o miserável que tudo isto venha a público pelos piores motivos, já porque com camaradas de partido que fazem queixas crimes como estratégia de luta o melhor é mesmo mudar de partido.

Tudo isto enoja e é tempo de os partidos deixarem de prestar preciosas ajudas à extrema-direita, os líderes dos grandes partidos têm de meter na cabeça que ao assentarem a sua ascensão interna em gente que precisa de expedientes para subir na vida estão destruindo a democracia. Primeiro foi a escolha desastrosa do secretário-geral do PSD, depois o país soube das faltas encobertas com o sistema de ponto via login na rede da AR, agora sabemos desta pequena da JS.

Num país onde os jovens mais qualificados são forçados a emigrar temos uma seita de jotas, alguns com quase quarenta anos, a viver de esquemas e ainda conseguem converter esses esquemas e importantes capítulos do currículo. Enquanto um português que falte ao trabalho tem uma falta injustificada, mete um dia de férias ou perde um dia de ordenado alguns deputados pedem, ao colega que entre o PC.

São aqueles que mais proveito tiram da existência da democracia que acabam por mais contribuir para a destruir, dando motivos para que as instituições democráticas sejam difamadas. No caso desta rapariga a sua falha curricular é facilmente corrigida, basta substituir “assessora” por “acessora” ou “ascensorista”, ela não assessorou nada nem ninguém, limitou-se a ter acesso a um ordenado fácil com direito a enriquecimento curricular.

terça-feira, dezembro 11, 2018

GREVE ASSASSINA


Quando se programa uma greve de forma a tornar inoperacionais os bancos de cirurgia dos maiores hospitais do país têm-se objetivos e entre eles não está penalizar o patrão, pretende-se provocar prejuízos e neste caso os prejuízos são mortes. A expectativa é que morra gente para que as notícias se virem contra o governo, forçando-o a ceder. Não admira que os jornalistas já tenham perguntado ao bastonário da Ordem dos Médicos se considerava que já havia gente a morrer em consequência da greve.

Não é a primeira vez que setores da nossa extrema-direita fina não conseguem esconder o desejo de ver mortos para os trocar por votos. Passos Coelho não resistiu à tentação de comprar falsos mortos por suicídio em Pedrógão, para tentar ressuscitar politicamente. As lágrimas de alguns políticos perante mortos politicamente rentáveis não passam de lágrimas de crocodilo.

Não admira que toda a direita seja mais solidária com a greve dos enfermeiros do que o PCP costuma ser com as greves da CP, há um claro envolvimento de setores de direita nesta greve e já nem vale a pena referir essa personagem que é a bastonária da classe, que, aliás, anda muito escondida não vá alguém achar que o seu partido e principalmente os setores mais à direita do seu partido estão metidos.

Mas esta greve teve outra originalidade, está sendo financiada por gente anónima e em muito pouco tempo o “peditório” conseguiu a proeza de alcançar mais de 300 mil euros. Quem os deu, o cidadão anónimo, os enfermeiros não envolvidos na greve ou as empresas privadas de saúde que estão ganhando com os cidadãos que fogem de um SNS que está sendo destruído pelos enfermeiros? É muito estranho que ninguém exija que sejam tornados públicos os generosos doadores.

sábado, novembro 03, 2018

O HOMEM QUERIA BALAS DE 9 MM


Parece que, afinal, o ladrão de Tancos não estava ligado ao tráfico internacional de armas, a NATO pode ficar descansada e o DASEH ficou de mão a abanar, sem acesso aos sofisticados explosivos, o pilha-galinhas queria apenas munições de 9 mm, usadas em pistolas de guerra, nas velhas metralhadores FBP e pouco mais. Mas parece que a procura é grande.

O que ninguém explica é porque motivo o homem queria munições de 9 mm e veio carregado de material obsoleto e que não sabia a quem vender. Há qualquer coisa de errado, o desgraçado andou a carregar material pesado, quase levou o portão do paiol, mas só queria munições de 9 mm!

Mas quem eram as ligações do ladrão ao tr+fico de armas de guerra, quem eram os seus compradores, com quem se relacionava no meio, qual o seu passado criminosos? Tanto tempo depois do assalto fica-se com a impressão de que o homem pensava que ia roubar uma máquina de tabaco e, por engano, trouxe meio paiol de Tancos.

Coincidência das coincidências tinha um amigo na GNR, este tinha um amigo na PJM e o pessoal da PJM achou que fazia um memorando de forma a que toda a hierarquia política ficasse a saber da manobra, para caírem uns  tempos depois, quando o major voltasse da República Centro Africana.

terça-feira, outubro 30, 2018

NÃO TENHA UM AVC SFF


Neste dia mundial do AVC apetece-me pedir a todos que não tenham um AVC se fazem favor, não o faço porque tenha passado por essa experiência, mas por ter convivido muito de perto e em circunstâncias muito especiais com muitas pessoas que sofreram um AVC ou que estavam em condições físicas próximas ou mais graves do que aquelas que normalmente resultam dos AVC que não conduzem à morte.

Vi grande vitórias como conseguir dar um passo, subir um degrau, subir sozinho para uma cadeira de rodas, vi muito sofrimento humano e muita dedicação por parte de fisioterapeutas, enfermeiros e médicos. Era como se estivesse num centro olímpico de alta performance, com sessões de exercícios de segunda a sábado, sem horas para visitas, sem intervalos e sem descanso. Quase isolados da sociedade, vivendo cada um com as suas limitações.

Ficamos a saber que um AVC é muito mais do que as consequências físicas, as limitações com que cada um fica. É um grande murro no estômago de muita gente que tinha uma vida saudável e socialmente intensa, que de um dia para o outro perde a mobilidade, a voz, a capacidade de deglutir e, não raras vezes, é-se abandonado pelo ou pela parceira.

Vi histórias de luta incríveis, vi jovens em cadeira de rodas, mães com duas crianças de colo, praticantes de desporto a voltar a aprender a andar, jovens e idosos que não percebiam o que lhes tinha sucedido. Conheci vidas que acabaram no isolamento, no desemprego, por vezes no abandono. Tudo isto em doentes que tinham tido um AVC há relativamente pouco tempo, que começavam uma nova vida, por vezes bem diferente daquela que alguma vez imaginaram.

Sem ter sofrido da doença junto a minha solidariedade e preocupação daqueles que comemoram este dia mundial do AVC. Até porque enquanto me recordei dos meus amigos de São Brás de Alportel trinta portugueses tiveram uma AVC e deverão estar ainda a aguardar pela chegada da ambulância. Muitos deles terão a sorte de engrossar as filas de espera dos centros de reabilitação.

segunda-feira, outubro 29, 2018

O DERROTADO FOI LULA


Independentemente do que possa dizer da eleição de Bolsonaro a verdade é que foi escolhido por uma grande maioria dos brasileiros. Não vale a pena tecer considerações sobre as motivações dos votos e muito menos acharmos que temos um estatuto intelectual que nos permite tecer considerações sobre as opções de tanta gente. Bolsonaro vai ser mais um presidente do Brasil, igual ou pior do que muitos outros a que já nos habituámos.

Mas este teve uma preciosa e inesperada ajuda, a de Lula. O grande derrotado destas eleições foi precisamente Lula, que por puro egocentrismo achou que as eleições presidenciais do Brasil deveriam ser transformadas num plebiscito à sentença judicial que o condenou à prisão. Lula não hesitou em menorizar quaisquer outros candidatos que pudessem vencer a direita, até que a última instância judicial se pronunciasse tinha que ser ele o candidato.

Ao fazer do futuro de centenas de milhões de portugueses uma causa que só a ele parecia interessar o líder do PT não hesitou em dar toda a vantagem à direita, transformando um bom candidato do PT numa figura secundária, numa espécie de suplente a que se recorreria apenas para ir a votos. Lula foi egoísta e perdeu, mas pior do que isso, conduziu todos os democratas brasileiros a uma pesada e humilhante derrota.

Como se isto não bastasse a campanha do PT parece ter sido mais para afirmação ideológica, em pleno século XXI o grande ídolo da esquerda brasileira parece ser o Che Guevara e nas manifestações do PT só faltou ver bandeiras com o Hugo Chavez. Depois da estratégia de Lula a cereja em cima do bolo da derrota anunciada foi uma má campanha, onde o único argumento a justificar o voto em Hadad era a vitória do Bolsonaro.

Bolsonar ganhou e se tiver de agradecer a vitória a alguém é ao Lula e ao seu PT.

sexta-feira, outubro 26, 2018

UM ASSALTO À PORTUGUESA



Um pilha galinhas encostou a pick-up ao buraco na rede da base de Tancos, entrou tranquilamente, abriu o portão do paiol e foi carregando a carrinha com o material que havia à mão, balas avulso, explosivos, bobinas de fios, disparadores, granadas de mão ofensivas, granadas anti-tanque, granadas foguete, cargas de corte, granadas de gás lacrimogéneo. Enfim, só não trouxe um tanque porque não conseguia passar no buraco da rede ou o ladrão não tinha carta de pesados e podia cruzar-se com alguma patrulha de trânsito.

Ainda bem que o pobre ladrão não tem bicos de papagaio, porque carregar todo aquele material entre o paiol e o carro sem poder bufar, com medo de que o ruído atraísse algum sentinela mais atento, se tivesse estaria agora ainda mais empenado do que o material que roubou. Mas depois de todo este trabalho o desgraçado deve ter pensado em ir a Tancos pedir o livro de reclamações, o material roubado que ia trazer uma vaga de atentados estava fora do prazo, estava tão estragado que em vez de explosões a Europa iria sofrer de caganeira.

E quando esperava que o pessoal acertasse as contas e esquecesse o assunto ficou em pânico quando percebeu que o seu roubo tinha merecido mais do que uma nota no meio do Correio da Manhã. O homem  entrou em pânico, mas ladrão que é ladrão tem um amigo da GNR com quem assentou praça na tropa e esse amigo é amigo do chefe da PJ militar, que por sua vez estava danadnho por ser ele a tramar a pj civil. O assalto ficou mesmo a calhar, o ladrão devolveu o material impróprio para consumo e a tropa tramava a concorrência.

Mas, não fosse o diabo tecê-las, o melhor era arranjar uma boa desculpa para evitar as consequências, se algo corresse mal tramava-se os políticos, se alguém fosse preso havia que ter um memorando bem guardadinho, a prova de que o homem de cima sabia. Isto é, se nos tramarem também estão tramados. E até parecia que a Cristas é bruxo, há meses que anda a dizer que a culpa era do ministro e do primeiro-ministro. Então não acontece que com o tal memorando de quem ninguém sabia até parece que o CDS tem um dedo que adivinha?

O problema agora é saber como é que o ilustre advogado Sá Fernandes consegue transformar os truques em argumentos que transforme o seu arguido honrado e inocente, porventura será condecorados porque tudo fez pensando estar a servir a nação.Tudo isto faz lembrar a ida do Raúl Solnado à guerra de 1908!

quinta-feira, outubro 25, 2018

A LITERATURA POLÍTICA DE CORDEL DE CAVACO SILVA


Ainda bem que Cavaco Silva faz questão de aparecer de vez em quando, há uma tendência para considerarmos que à medida que os velhinhos fiquem cada vez mais dóceis e simpáticos, imagem que é frequentemente aproveitada no marketing, como o velho anuncio dos pudins Boca Doce. Por outro lado, também é verdade que o tempo faz-nos esquecer muitas coisas, incluindo os defeitos de outros, as maldades que nos fizeram ou a forma como governaram.

Ao aparece de vez em quando Cavaco Silva ajuda-nos a impedir que nos esqueçamos da personagem, daquilo que ele foi como primeiro-ministro, do desempenho miserável que teve na Presidência da República. A raiva de Cavaco Silva que ele próprio decidiu divulgar em fascículos ajuda-nos a não o esquecer e a lembrarmos o presidente que era alvo de escutas telefónicas, que se queixava de não ter dinheiro, do investidor no BPN e de muitos outros episódios.

Mas aquele que agora diz que empurram os problemas com a barriga também foi um antigo primeiro-ministro que com a Manuela Ferreira Leite em ministra as Finanças deixou o país à beira de uma crise financeira. Já nem vale a pena comparar o actual ministro da Educação com a Dra. Ferreira Leite quando foi promovida de directora-geral do Orçamento a ministra da Educação, ainda hoje estão na nossa memória a fila de rabos de estudantes a pedir a sua demissão.

A verdade é que depois de governar dez anos a esbanjar as ajudas comunitárias este Cavaco Silva que agora dá conselhos muito sábios, deixou o Estado com os cofres vazios ao governo de Guterres. Recorde-se que desde então o seu número dois Fernando Nogueira nunca mais foi visto ao seu lado, depois de todo o país ter percebido que Cavaco tudo fez para ele perder as legislativas, convencido de que dessa forma sinistra teria mais possibilidades de ganhar as presidenciais.

Cavaco está esquecido de quando pagou parte dos vencimentos dos funcionários públicos em título dos Tesouro ou da tentativa de despedimento em massa de funcionários públicos, muitos dos quais foram nessa ocasião incluídos em listas de excedentários. Cavaco está esquecido de quando eliminou os mecanismos de protecção da agricultura portuguesa, acelerando a integração n Política Agrícola Comum, para fazer entrar os produtos agrícolas europeus a preços mais baixos, na esperança de fazer baixar a taxa de inflação. Cavaco está esquecido do mau primeiro-ministro que foi.

Ainda bem que Cavaco faz questão de vir a público recordar-nos os seu passado como político e como governante.

quinta-feira, outubro 18, 2018

NATURALMENTE RIDÍCULOS E PERIGOSOS


Confesso que não um grande admirador do Dr. Carlos Alexandre, não sei bem porquê a personagem irrita-me, nada dele me parece brilhante, as suas declarações encenadas não têm grande conteúdo que ultrapasse as fronteiras do se ego. Mas envergonha-me uma justiça onde vejo um juiz a fazer queixinhas aos jornalistas, deixando transparecer que queria um determinado processo para ele, como se só ele estivesse à sua altura.

Parece que de um momento para o outro todos são defensores do juiz natural e receio que alguém se lembre de pedir que no caso Sócrates se volte a iniciar o processo, convidando a FIFA a realizar o sorteio com bolinhas, cabendo ao Messi tapar os olhos e recolher a bolinha. Mas se o sorteio não resultar na escolha do carlos Alexandre teremos de verificar se haviam dois nomes, se as bolinhas eram rigorosamente iguais, se o vidro da tombola não tinha alguma rugosidade e se o Messi não foi trocado por algum sósia ilusionista, o que implica conferir o DNA ou mesmo os sinais na pilinha.

Tudo isto é ridículo porque enquanto o Dr. Carlos Alexandre ia construindo a sua imagem de justiceiro da Nação num Ticão em que era o único juiz, ninguém se lembrou de sorteios ou do juiz natural. Por outras palavras, enquanto o juiz era naturalmente o Dr. Carlos Alexandre ninguém se preocupou com os sorteios ou com o número de processo que o juiz natural tinha. Apesar das razões de queixas de Sócrates ninguém e muito menos a associação dos juízes veio em defesa de Sócrates, com tal arguido os bons princípios podia ir para as urtigas dos campos de Mação.

Mas quando o mesmo arguido teve direito ao sorteio para a escolha do juiz natural já surgiram dúvidas, o mesmo juiz natural de todos os processos foi o primeiro a vir com dúvidas logo aproveitadas pelos Diabos e diabretes da praça.

Esta justiça que se expõe na praça, discutindo de forma miserável os seus próprios truques, os mesmos truques que aliviam culpados e podem ajudar a tramar inocentes, é um motivo de vergonha para a democracia. Toda esta gente é naturalmente ridícula, mas também é naturalmente perigosa para a democracia e as suas instituições, a começar pela Justiça.

quarta-feira, outubro 17, 2018

AGORA QUE SOUBERAM DEU-LHES PARA CHORAR



Três imbecis chorando de riso [Expresso] que agora devem estar a chorar de gosto


Estávamos em Dezembro de 2015, para ser mais preciso era dia dois, uma quinta-feira, Mário Centeno, um ministro sem qualquer experiência política anterior, um doutorado em Harvard com uma longa carreira no Banco de Portugal, ia falar pela primeira vez na Assembleia da República. Um pobre diabo hoje promovido a catedrático, que fez uma vida à custa da política e de um emprego dado por um padrinho político montou a encenação do rir até às lágrimas.

Tudo bem montado, vale a pena reler a notícia do Expresso para vermos com alguns inúteis se fartaram de rir até às lágrimas, pensado estarem a gozar com um pacóvio sem experiência nas pulhices das jotas. Imagino que esses mesmos andem agora a chorar pelos campos pois se vivessem em Las Vegas estariam a esta hora a fazer queixas do Mário Centeno. Não sabiam na altura que o choro do riso iria dar num choro de vontade, como dizia a minha mãe quando achava que estava a fazer uma encenação.

O diabo não veio e o país teve quatro anos de estabilidade política, financeira e social, quatro anos sem o credo na boca, sem ter de aturar o Vítor Gaspar e fazer de conta que a Maria Luís era uma grande economista. Aquele de quem choraram foi um dos poucos ministros das Finanças que aguentaram uma legislatura, foi o ministro das finanças português com maior projeção internacional, foi o único economista português a a liderar uma grande instituição internacional no domínio económico e escolhido pelos seus pares pelo mérito político e económico.

Mas a esquerda portuguesa deve a Mário Centeno uma outra vitória moral bem importante, ao logo de mais de um século a direita portuguesa fez passar a ideia de que só a direita consegue equilibrar as contas públicas e que tal só é possível com algum autoritarismo. Não admira que alguns ministros das Finanças da direita tenha adotado uma “cara de pau”, sempre a imitar Salazar no elogio das origens humildes, como se a humildade ajudasse a credibilizar os tiques do autoritarismo.

Afinal é possível equilibrar o orçamento sem ser necessários recorrer à ditadura ou ao autoritarismo, sem adotar medias inconstitucionais ou, como alguém sugeriu, sem suspender a democracia durante um par de meses. É possível fazê-lo e ao mesmo tempo promover a justiça social, implementar medidas de redistribuição do rendimento e em paz social. Não há memória de um OE sem ditadura ou sem conflitos sociais e este é um legado do Centeno. É possível governar à esquerda e promover uma gestão orçamental com mais responsabilidade e competência do que a direita.

terça-feira, outubro 16, 2018

O ELEITORALISMO BOM E O ELEITORALISMO DOS VELHACOS


Andam por aí algumas virgens armadas em debutantes neste baile em que está transformado o debate político sugerindo que este OE é eleitoralista. Claro que é eleitoralista, todos os oE são elaborados a pensar em eleições e desde os tempos de Salazar e Marcelo que, felizmente, os orçamentos são eleitoralistas. Há quem prefira governos que não têm de se preocupar com a realização de eleições, mas ainda bem que esses ainda não mandam e o governo de António Costa enfrenta eleições.

Mas dizer que em Portugal um OE que prevê um défice de 0,2% não só dá vontade de rir, como são os críticos do governo que lhe estão a dar o mais poderoso dos argumentos eleitoralistas. Se um OE com aquele défice consegue margem para ter tantas medidas acusadas de eleitoralismo, então é porque o governo é mesmo bom. Dar aumentos de pensões, de vencimentos, de investimentos na saúde, de redução do custo da energia e ao mesmo tempo ter um OE é algo de muito bom, na história de Portugal deve ser considerado um milagre, desde os tempos em que acabou o ouro do Brasil que não se via nada semelhante, nem no tempo do Salazar!

Mas seria bon que estes paspalhos se lembrassem da última vez que elogiaram um governo e um orçamento elaborado a pensar em eleições, que era muita generosidade o reembolso da sobretaxa, que um défice de 3% punha a Maria Luís ao lado do Salazar no pódium dos magos das finanças. Nesse tempo cortar salários, promover despedimentos e cortar pensões eram um bom motivo para votar num governo da extrema-direita chique.

Nesse tempo essa extrema-direita chique, que agora está acoitada no Observador, não reparou que a antecipação das receitas fiscais de 2016 foi o truque usado para cumprir o défice, não sabiam que o bingo do reembolso da sobretaxa era batota eleitoral com cartas marcadas. Mas eles sabiam tão bem o que tinham montado para 2016, ano em que contavam governar e pedir um segundo resgate para poderem continuar a governar de acordo com a agenda da extrema-direita.

Quando Passos Coelho anunciou o diabo e toda a extrema-direita estava à espera que o governo caíssem sob o peso das contas públicas não falaram em OE eleitoralista, nem o OE de 2016, nem o de 2017. Agora sim, já deram pelo eleitoralismo, têm toda a razão, há um eleitoralismo bom e um eleitoralismo digno de velhacos.

domingo, outubro 14, 2018

REMODELAÇÃO POUCOCHINHA


Há muito que se percebeu que o governo de António Costa é o Centeno e mais três ou quatro, os restantes ministros não contam para nada e o seu desempenho não vale muitos votos. Todavia, há uma mania em Portugal de que o primeiro-ministro parece ser um partidários que leva a que os governos só in extremis promovam remodelações ou mesmo a substituição de um ministro caído em desgraça.

Vimos isso com  uma ministra da Administração interna e voltámos a ver agora com o ministro da Defesa. Parece óbvio que o ministro foi alvo de uma cabala de uma direita militar que parece não olhar a meios, mas na verdade há muito que a saída do ministro era evidente. António Costa poderia ter evitado um processo dolorosos, mas opotu por fazer como já tinha feito com a ex-ministra da Administração Interna, esperou até ao limite.

Também era óbvio que com a trapalhada do INFARMED o ministro da Saúde era um elo fraco do governo, a sua comunicação tem sido desastrosa, permitindo que a direita use o argumento do desinvestimento na saúde. Mas os ministros que deveriam ser remodelados não ficam por aqui, um exemplo disso é a ministra do Mar, uma ministra muito fraquinha, que se apoia num tal Apolinário que chegou a ser o escolhido por passos Coelho para presidir à Docapesca, uma empresa por onde passam alguns negócios imobiliários muito estranhos.

António Costa poderia ter ido mais longe nesta remodelação, afastando qualquer possibilidade de voltar a mexer no governo e relançando o governo para este último ano e já a pensar na próxima legislatura. Foi uma remodelação poucochinha.

quinta-feira, outubro 11, 2018

O ORÇAMENTO DAS GORJETAS


Desde que a discussão do aumento do salário mínimo passou a ser feito com base em aumentos em termos absolutos, com uns a propor 20€ e outros a ficarem-se pelos 5€, que a moda pegou e agora todos os aumentos salariais no Estado ou os aumentos de pensões é feito com base nela lógica.

Imagino que o Mário Centeno enfrenta neste momento o mesmo dilema com que se confronta quando pede a conta num restaurante e tem de se decidir sobre o montante da gorjeta que deve dar. Receio mesmo que se sinta na obrigação de ser generoso porque não parece bem a um ministro dar ares de sovina, mas quando chega ao ministério passa a ser o contrário porque um ministro das Finanças deve ser um limão e bem azedo.

Agora querem que as pensões mínimas aumentem em 10€ e andam em grandes discussões para decidirem se o aumento dos funcionários públicos será de 5€ para todos ou de dez para os que ganham menos e de zero para os outros, porque são os ricaços e já lhes é dado muito. No Estado deixaram de haver carreiras, começa a parecer uma espécie de Havana.

Mas o mais grave é que os que assim tratam tantas dezenas de m ilhares de cidadãos deste país revelam um conceito de respeito pela dignidade alheia que há muito eu não via em governantes deste país. Parece que para eles um catedrático de engenharia anda ansioso por saber se o António Costa decide dar-lhe mais cinco euros por mês ou se tem de aguentar por um momento de generosidade do primeiro-ministro para o próximo orçamento.

Isto é tão miserável que andam a tratar-se os funcionários públicos como se fossem uns indigentes ansiosos por um momento de simpatia de António Costa para poderem ganhar mais cinco euros por mês. De um momento para todos somos todos gorjeteiros, olhamos todos com muita ansiedade para a mão do primeiro-ministro para percebermos se ele tira uma nota de cinco euros ou se vai ao porta-moedas e se fica por uma gorjeta de dois euros.


Enfermeiros, motoristas, engenheiros, cirurgiões que fazem transplantes de coração, catedráticos de astrofísica, economistas, comandantes de fragatas, pilotos de caças, polícias, magistrados, estamos todos em grande ansiedade porque ainda não sabemos se vamos receber uma gorjeta de cinco euros ou se vamos ter de esperar ansiosamente durante mais um ano para recebermos tão preciosa gorjeta. Já não sei o que é pior, se andar há uma década a ser desvalorizado financeiramente ou a ser cada vez mais ofendido na dignidade.

sexta-feira, outubro 05, 2018

UM MAJOR MUITO HONRADO


Há um major do Exército que no exercício das suas funções aceitou “perdoar” a um ladrão que assaltou um paiol militar tirando proveito do roubo, trocando o encobrimento por uma suposta operação bem sucedida de uma polícia de investigação onde era um responsável ao mais alto nível. Isto é, este oficial do Exército obteve benefícios a troco de um favor criminoso e gora é apresentado por um conhecido advogado da praça como um “homem honrado”.

O oficial percebeu o que lhe poderia suceder, sem poder fugir optou por se entregar e falou que se desunhou, certamente a pensar numa estratégia de defesa há muito elaborada e isso fez de um militar sem princípios num oficial honrado, tão honrando que a sua estratégia de defesa é agora notícia no Expresso como verdade absoluta, uma verdade tão absoluta como era a recondução de Joana Marques Vidal que o mesmo jornal anunciou há duas semanas atrás.

Há aqui uma inversão de valores inaceitável, o oficial honrado, em conluio com o militar que chefiava a Polícia Judiciária Militar, aceitou que um ladrão e traficante de armamento ficasse livre para fazer outros roubos de material militar, tudo para de uma forma corrupta promoverem a sua polícia e agora são apresentados como militares honrados que tudo fizeram porque julgavam estar a fazer o que era do interesse da nação.

É preciso muita lata para vermos ilustres advogados e diretores de jornais  a defenderem uma direita militar que se dá ao luxo destas golpadas e que na hora de montarem as suas defesas são espertalhaço suficientes para tentarem envolver governantes. Os mesmos desajeitados e incompetentes que montaram uma fantochada e foram apanhados pela PJ, são agora militares muito honrados cuja estratégia de defesa assenta em verdades inquestionáveis e até o advogado ameaça tornar públicas as declarações se a honra do tal militar for posto em causa.

Nesta pantominice vergonhosa há quem acredite que estes mentirosos são agora arguidos muitos honrados e honestos.

sexta-feira, setembro 28, 2018

POBRE ALMA

Se Cavaco Silva estivesse à beira de terminar um mandato presidencial pediríamos que alguém ajudasse esta pobre alma a terminar o mandato com dignidade, mas como já não passa de um mero condómino da Quinta da Coelho iremos que é pena que não saiba proteger a sua dignidade na reta final do seu mandato existencial. É uma pena.

O homem não ficou satisfeito por ter sido o pior Presidente da República, quer ser também o pior ex-presidente e não foi necessário muito para merecer mais um título vergonhoso, bastaram duas aparições em público, desta vez para fazer uma figura triste, tão triste que deu pena ver um senhor da idade dele a fazê-la.

Mas o homem parece que se consome em ódio, passados quase quatro anos ainda não digeriu o governo e o seu fel é tanto que não resistiu a usar o termo geringonça como alcunha depreciativa ara se referir ao Governo da República que ele próprio empossou.

Resta-nos a esperança de que se retire definitivamente, que não volte a dar motivos de vergonha com intervenções descabeladas, motivadas por mais sentimentos. 

segunda-feira, setembro 24, 2018

MARQUES PORQUE MENTES?


Quando se esperava que Marques  Mendes viesse explicar as razões porque inventou uma mentira ao anunciar, no passado domingo no seu tempo antena n SIC, porque enganou os espectadores aquela televisão, assegurando que Joana Marques Vidal seria reconduzida, o comentador deu uma cambalhota e perguntou se era para manter a mesma política porque motivo se mudou a Procuradora-geral.

Já que Marques Mendes não percebeu vamos explicar-lhe como se explica a uma criança de quatro anos:
  • Antes demais porque em quem nomeia o Procurador-Geral da República não é nem o Marques Mendes nem o Ricardo Costa, é o Presidente da República sob proposta do primeiro-ministro.
  • Em segundo lugar porque por enquanto ainda não são os membros do Conselho d Estado que decidem pelo Presidente da República e é lamentável que um conselheiro d Estado vá para uma televisão dizer mentiras para condicionar o presidente da República.
  • Em terceiro lugar, porque nem tudo o que sucedeu durante o mandato de Joana Marques Vidal é para continuar, designadamente o regabofe das violações do segredo de justiça.
  • Em quarto lugar porque no mandato de Joana Marques Vidal e apesar da sua orientação ser para manter, sucederam coisas vergonhosas que nunca mais se deverão repetir, como a busca ao gabinete do ministro das Finanças, com base num inquérito da treta aberto a partir de uma notícia de televisão de origem duvidosa.
  • Em quinto lugar porque o sucesso de Joana Marques Vidal, avaliado com base nas sentenças e não nas notícias promovidas pelas violações do segredo de justiça está por fazer.

 Em quinto lugar porque o cargo não é vitalício.

Em sexto lugar porque nem todos os grandes foram incomodados pela justiça, veja-se o exemplo de um conhecido político cujo nome foi muito referido no caso dos Vistos Gold, mas que não chegou a ser incomodado, ao contrário

sexta-feira, setembro 21, 2018

A MUDANÇA NA JUSTIÇA


Num país onde o Presidente da Repúblico só o pode ser durante o máximo de 10 anos, sendo eleito pelos cidadãos, houve quem imaginasse que a PGR podia ficar a título vitalício e quando a senhora chegasse aos 70 ainda se lembrariam de exigir uma lei para que pudesse ficar até aos 90 anos. As pressões para a recondução incondicional da ainda Procuradora-Geral chegaram a um nível quase pornográfico, a SIC/Expresso levou a pressão ao extremo e  azia até lhes dar para perguntar aos telespectadores da SIC Notícias se concordam com os argumentos para ser substituída.

Compreende-se este desespero de algumas personagens do jornalismo, nunca tiv eram tanto poder como tiveram durante o mandato de Joana Marques Cabral. A Justiça trabalhou para a imagem nos jornais a comunicação social e esta recebia em troca informação que lhe permitia vender publicidae com um povo pregado à televisão para saber em que dia o Presidente da República seria preso.

O regabofe noticioso em que se transformou a justiça portuguesa transformou o MP em juízes da praça pública e os jornalistas em testemunhas e advogados de acusação. Os julgamentos deixaram de ser feitos nos tribunais para que fossem feitos nas redações dos jornais e televisões. Digamos que os julgamentos passaram a ter duas de mão, a primeira era dada na comunicação social, a segunda, se houvesse matéria para acusar, era feita nos tribunal.

Mas desiludam-se os que imaginam que algo mudou na justiça portuguesa ou que a Joana Marques Vidal é uma prima portuguesa da Joana d’Arc. A verdade é que o papel de um Procurador-Geral é mais o de deixar ou não fazer do que o de fazer, isto é, a não ser que hajam mais mudanças no MP tudo vai continuar a mesma e a atual Procuradora-Geral vai ser atacada pelos mesmos que atacaram o antecessor da ainda procuradora-Geral.

É óbvio que não podemos voltar ao MP dos tempos de Cavaco Silva, quando em Portugal os únicos criminosos eram os ladrões dos super-mercados, mas também é preciso acabar com um ambiente onde parece que todos os portugueses são culpados á nascença e quando atingem a idade em que são criminalmente imputáveis são obrigados a provar a inocência.

A justiça mudou, mas não mudou os 180º que muitos imaginam, digamos que mudou 5% e esperemos que seja para melhor.


Clinica Figueira da Foz

quarta-feira, setembro 12, 2018

DE SINDICALISTA A DIRIGENTE DESPORTIVO


Ia caindo de cu quando vi que um dos magistrados que foram eleitos para os órgãos dirigentes do SCP era o nosso incansável e inenarrável Palma, uma personagem muito conhecido na democracia portuguesa e que teve uma intervenção ativa na política portuguesa, à frente de um sindicato que chegou a ser patrocinado pelo Dono Disto Tudo.

Explica o inenarrável Palma que a sua presença na liderança do clube era uma espécie de garantia de justiça, como se Alvalade fosse uma espécie de Boa Hora. Sejamos honestos e esqueçamos essa treta da verdade desportiva, do ecletismo e de outras coisas, na perspetiva de um qualquer burro, pouco importando se mirandês ou branco, o que cheia ali para os lados de Alvalade, como cheira na Luz ou nas Antas, é a palha, a muito e boa palha, uma palha saborosa e nutritiva que atrai notáveis com o mesmo poder que a merda atrai as moscas.

A presença de magistrados nos clubes é uma vergonha para os clubes e para a magistratura, pouco importa se estão jubilados porque eles até com demência continuam magistrados e por isso até têm direito a subsídio de residência, não vá o tribunal fica longe de casa. Não há como explicar a sua utilidade a não ser que sirvam para influenciar, já que para julgar ou acusar o Bruno de Carvalho qualquer oficial de justiça serviria.

Como explica que num país com tão poucos juízes, onde os processos se arrastam por décadas exista uma tal concentração de magistrados por metro quadrado? Num tempo em que os clubes tentam destruir os adversários nos tribunais porque não o conseguem fazer nos relvados, mandaria o bom senso que os juízes ficassem longe da mesa dos rissóis da bancada central.

sexta-feira, setembro 07, 2018

CRIME IMAGINÁRIO


Quando, na minha infância, a minha mãe exercia a justiça em processos sumários e cometia um erro judiciário, dando-me uma palmada injusta, quando contestada porque eu não tinha feito nada, assumia aquele ar sério do supre juiz e respondia invariavelmente que aquela palmada ficava por conta das que não tinha levado por outras traquinices nas quais não tinha sido apanhado.

Isso significava que na justiça materna o julgamento, condenação e pena não era apenas para o fez, mas também para o pode ter feito, o poderia ter feito, o tinha condições para fazer e o se não fez tivesse feito. Se dantes eram preciso provas do crime parece que agora pode-se ser condenado pelas provas, mesmo que não tenha havido crime ou provas do crime.

Segundo esta lógica se alguém for apanhado com um canivete suíço corre um sério risco de ser condenado a uma multiplicidade de crimes e ao consequente cúmulo jurídico. Ter tal canivete no bolso é motivo para condenação por homicídio na forma tentada (e se não tentou podia ter tentado), assalto à mão armada, roubo de garrafas de vinho e mais alguns crimes menores.

Parece ser o resultado lógico da técnica do arrastão, sem em vez de ser um crime a desencadear a investigação, esta é feita porque alguém tem cara de ser criminoso ou porque dava jeito que o fosse organiza-se um arrastão ao clube, à empresa ou ao gabinete do ministro. Não se procuram provas de um crime que foi cometido, na melhor das hipóteses usa-se esse argumento para que se recolha algo que possa servir de prova-a de um qualquer crime. Encontra-se a suposta prova e depois a imaginação criativa do magistrado faz o resto.

Dantes o ónus da prova era da acusação e havia o pressuposto de que havia um criem, agora a acusação pode assentar num crime imaginário e o arguido tem de provar que não cometeu um crime produzido por um magistrado com vocação para guionista de cinema de cordel. A partir de agora a posse do que quer que seja utilizável ou resultado de um crime é prova desse crime, se há faca houve homicídio, se há dinheiro houve roubo.

Depois de ter falhado o enriquecimento ilícito e de recusados os tão elogiados métodos da justiça portuguesa, parece que há quem tenha criado a justiça criativa, o crime imaginário passou a ser condenável. Um dia destes teremos cadeias cheias de criminosos imaginários, perigosos delinquentes condenados por não terem conseguido provar que eram inocentes nos crimes imaginários de que foram acusados.  Por este andar um dia destes o Centro de Estudos Judiciários passa a funcionar numa escola de artes e o laboratório de polícia parece a oficina de um aderecista. 

quinta-feira, setembro 06, 2018

MEDALHAS


Segundo o Ministério Público o Benfica terá obtido resultados graças à violação do segredo de justiça. Se levarmos a acusação a sério, bem como aquilo que por aí se diz, só com o Caso Marquês haveria na justiça quem tivesse mais medalhas olímpicas do que o Michael Phelps. Aliás, se as violações do segredo de justiça servissem para favores nas competições olímpicas, com tanto doping que escorre nas nossas redacções Portugal teria ocupado o lugar de destaque que foi deixado vago pela extinta RDA.

O curioso é que depois de termos ouvido a Maria José Morgado vir dizer que não usava o Citius e tranquilizar-nos porque os magistrados não colocavam os processos mais importantes no sistema, por não confiarem nele, eis ficamos a saber que para azar do Benfica os magistrados do caso dos e-mails confiavam no Citius. Enfim, é mesmo um azar dos Távoras e agora, por causa de umas camisolas, alguns magistrados propõem que um dos maiores clubes do mundo seja destruído.

Tudo isto acontece a poucos dias de o governo tomar uma decisão sobre quem será a personalidade a ficar com o cargo que nos últimos anos se tornou o mais poderoso do país, um cargo cujo titular pode levar à prisão de ex-governantes e até mesmo à perseguição de presidentes estrangeiros. O mais curioso é que há quem defenda que é precisamente porque o cargo ganhou esta dimensão política que a actual procuradora seja reconduzida.

Acontece que estes deviam ser os melhores argumentos para não reconduzir alguém. Se durante um mandato de um Procurador-Geral for destruída a democracia esse mesmo procurador pode sentir-se tentado a pensar que não só é ele que decide quem pode governar como pode escolher quem governa. Mandaria o bom senso que qualquer nome que suscitasse tantos apoios de um mesmo sector político deve ser excluído da escolha para tal cargo.

Reconduzir a actual procuradora-geral ou nomear para o cargo algum dos seus braços direitos seria mau para a democracia.

quarta-feira, setembro 05, 2018

ERA DE ESPERAR


Um dos piores argumentos em favor da recondução de um Procurador-Geral da República é o de que se meteu com os poderosos, ainda que até agora pouco mais tenha sido julgado do que uma caixa de robalos. É a mesma coisa que elogiar os resultados do fisco com base nas correcções que foram exigidas, em vez de contabilizar a receita efectivamente usada.

Corre-se um sério risco de que a justiça passe a trabalhar em função da fotografia, com os seus dirigentes a gerirem o sistema com o objectivo de conseguirem muitas notícias envolvendo políticos de topo. Se ainda por cima o sucesso é medido pelas acusações ou mesmo pelas investigações, muito antes de qualquer caso ir a julgamento há um sério risco de assistirmos a um regabofe de prisões.

Outro subproduto deste modelo é a violação sistemática do segredo de justiça, já que quem quer dar nas vistas na comunicação social quer que esta saiba de tudo, em vez de se manter o segredo faz-se o que se pode e o que não se pode para que nada fique em segredo.

Estando para breve a nomeação do Procurador-Geral da República, a única entidade que não podendo ser julgada, avaliada ou condenada pode mandar prender todos os políticos, era de esperar que o espectáculo noticioso fosse alimentado e mal acabou o mês de Agosto foi o que se viu, iam levando o Benfica ao Mário Alexandre para que este metesse o Estádio da Luz no Estabelecimento Prisional de Lisboa.

Mas não deixa de ser estranho que uma conhecida procuradora-geral adjunta tenha ido ao prós e contras assegurar que os principais processos estavam a salvo de toupeiras, porque os magistrados desconfiam, do Citius e não os usam nestes processos, para pouco tempo depois ser produzida uma acusação que assegura precisamente o contrário. Há aqui algo de errado.

terça-feira, setembro 04, 2018

SILLY SEASON


Para além das críticas aos opositores internos do PS recorda-se de mais alguma declaração feita pelo líder do PSD na última Festa do Ponta? E sabe onde se realizou a festa?

Sabe qual o nome do secretário-geral do PSD, o homem que se declarou um transmontano, como certificado de qualidade, tendo substituído um outro que tinha emprenhado o currículo académico?

Sabe se António Costa está neste momento em férias ou trabalhando?

São muito poucos os portugueses que neste momento conseguem responder a estas perguntas que em contextos políticos anteriores muitos teriam a resposta na ponta da língua. Mas se alguém perguntar que declarações fizeram os vários candidatos à liderança do Sporting ou quais as últimas declarações de Bruno de Carvalho no seu Facebook, quase podemos apostar que teremos melhor sorte.

Fartos da crise financeira, do ambiente de terror que nos foi imposto pelas sucessivas ameaças de pior por Passos Coelho e Paulo Portas muitos portugueses preferem acompanhar a telenovela do Sporting do que ouvir o Rui Rio, considerando que o poder está bem entregue a Costa, enquanto Marcelo vai de férias para a Praia dos Tomates, para depois ir dar uns mergulhos para promover as praias fluviais de que nunca foi cliente.

Ou porque Rui Rio nada diz, ou porque as pessoas ainda pensam que é o autarca do Porto que tudo queria só para a sua cidade que está falando ou porque consideram que é mais útil prestar atenção ao diz o Ricciardi, o Dias Ferreira ou o Varandas, até mesmo o Octávio do que prestar atenção às propostas do PSD, a verdade é que a silly season parece estar a acompanhar a mudança climática, talvez do clima político morno, e veio  para ficar.

terça-feira, julho 24, 2018

VOLTAR A FALAR DE INCÊNDIOS


Agora que até a Suécia arde talvez mereça a pena rebobinar o nosso filme e regressar aos acontecimentos do ano passado, aos incêndios ocorridos em junho e mais tarde em outubro. Será que na Suécia ou na Grécia os políticos e jornalistas seguem o modelo a que assistimos em Portugal?

Porque acontece longe talvez a reflexão esteja menos contaminada e seja mais séria, os políticos pensam em soluções e o cidadão comum esqueça os velhos culpados do costume. Há um fenómeno que não é novo e que se tem agravado ao longo das últimas décadas. No caso da Suécia poderemos estar perante um acaso meteorológico, mas aquilo a que assistimos na Grécia não difere muitos nas causas e características do que já vimos em Portugal e que podemos ver a qualquer momento em países do sul da Europa.

Nas últimas décadas e principalmente a partir do momento em que a União Europeia começou a desmantelar a Política Agrícola Comum, temos vindo a assistir a profundas alterações na utilização dos solos. Muitos solos onde a agricultura era rentável por força do sistema de preços agrícolas estão abandonados ou convertidos em floresta. Tudo sucedeu sem critério e sem que o desmantelamento da PAC tivesse dado lugar a políticas florestais.

A busca do conforto de segundas habitações rodeadas de árvores, a falta de rentabilidade de muitas florestas que inviabilizam a sua limpeza e as mudanças climáticas fizeram o resto. Há um problema no sul da Europa que só será resolvido quando abordado com seriedade e sem oportunismos políticos. Quando for alvo de uma reflexão séria, sem prazos ou agendas populistas.