sexta-feira, maio 22, 2009

Estes portugueses estão mesmo doidos

A Autoeuropa é uma empresa privada que enfrenta um ambiente económico hostil e pertence a um grupo industrial que tem várias fábricas subutilizadas que poderão absorver a sua produção com a vantagem de poder manter emprego no seu país de origem, que enfrenta problemas tão ou mais graves do que os nossos. É natural que haja um processo negocial entre administração e trabalhadores, a primeira procura assegurar a manutenção da fábrica, os segundos defendem os seus interesses, dessa negociação resultará um acordo que manterá empregos ou uma rotura que põe em risco a manutenção da fábrica. Perante isto qual a posição dos nossos deputados? Esqueceram que estavam a falar de uma empresa privada e usaram o tema para luta partidária.

A justiça está de rastos, os portugueses confiam pouco nos juízes e quase nada no Ministério Pública, já quase ninguém liga a processos que nascem e renascem em função dos ciclos eleitorais. Era suposto o Ministério Público ser independente e os seus magistrados não usarem os poderes para influenciar a vida política e muito menos para defenderem estatutos corporativos. Mas o que vemos? Um verdadeiro regabofe de violação das mais elementares regras, magistrados a quererem protagonismo político e um sindicalista que parece achar estar acima de todos poderes cabendo-lhe vigiar um Ministério Público supostamente independente de todos os poderes, incluindo o sindical. E o que faz o Presidente da República? Recebe o senhor Palma para falar de assuntos sobre os quais apenas deveria falar com o Procurador-Geral.

Era suposto estarmos a discutir a Europa mas discutimos tudo menos isso, discutimos os bolsos do casaco de Cavaco Silva, a distribuição de preservativos nas escolas, o tipo de gripe que terá um velhote que espirrou em Trás-os-Montes, tudo menos a Europa.

Parece que os alunos do ensino básico e os respectivos encarregados e decidiram gravar conversas com o mesmo rigor como faz o Ministério Público nos casos em que estas provas são consideradas mal obtidas e tramaram uma professora. Desta vez o país foi unânime, os jornalistas, a directora da DREN, os governantes e o Mário Nogueira apostam tudo num processo disciplinar. Ninguém discutiu os métodos, ninguém questionou como foi possível ninguém ter reparado antes naquilo que agora acusam a professora, ninguém pergunta se não será possível abrir um processo aos pais que transformam crianças em investigadores amadores.

O país atravessa uma crise, o Presidente Cavaco Silva pede a quase unanimidade no parlamento como se este fosse uma Assembleia Nacional de outros tempos, mas quando questionado sobre a crise e o desemprego diz que deixou o papel no bolso do Casaco, ao que parece Cavaco não fala do país no estrangeiro. Bem, se um Presidente da República não vai ao estrangeiro falar do país do que vai falar, das couves de Boliqueime? Mas isso não é verdade, já falou dói país e até cheguei a ouvi-lo elogiar as reformas feitas por Sócrates. Mas longe vão esses tempos, desde que Manuela Ferreira Leite chegou à liderança do PSD Cavaco passou a exigir unanimidades parlamentares, a fazer declarações dramáticas, a usar piadas para não falar dos problemas e a recorrer ao veto político sempre que tem oportunidade.

Os portugueses devem estar loucos, quando deveriam estar a reflectir seriamente sobre o seu futuro fazem como o Presidente da República, contam piadolas idiotas.