quinta-feira, maio 07, 2009

A superioridade moral do Bloco de Esquerda

A estratégia do Bloco de Esquerda em relação ao PCP faz-me lembrar a famosa obra de Álvaro Cunhal, “A superioridade moral dos comunistas”, o partido de Loução não perde uma única oportunidade para se demarcar do PCP. Foi o que aconteceu nos incidentes do 1.º de Maio, o mesmo Miguel Portas que em tempos se notabilizou ao aprovar a actuação dos verde-eufémios que destruíram um milheiral no Algarve aproveitou a oportunidade para corrigir a mão e dar um exemplo de respeito pela pluralidade.

Os dirigentes do BE revelam-se uns verdadeiros artistas na arte do politicamente correcto, há muito que perceberam que dizer o que se pensa não dá votos, quem votaria no Bloco de Esquerda se o Fazendas viesse dizer que quer ser o Enver Hodja de Portugal? Ao condenar os incidentes Miguel Portas sacudiu a água do capote, os energúmenos só poderiam ser do PCP, ninguém acredita que os admiradores da Ana Amaral Dias andavam a chamar traidor ao Vital Moreira, até porque o cabeça de Lista do PS nunca foi admirador da quarta internacional, duvido até que alguma vez tenha feito o quatro parta verificar se bebeu demais e quanto a ser ML ou PCP(R) muito menos.

É evidente que quem chamou traidor a Vital Moreira teria de ser militante ou simpatizante do PCP, não só é no PCP que são brutos que nem casas como foi no PCP que Vital Moreira militou. A evidente mas não é verdade, alguns dos que apuparam Vital Moreira apelidando-o de traidor eram amigos de Miguel Portas e louça, são militantes activos do BE.

O que é certo é que com esta estratégia manhosa e a ajuda de jornalistas amigos o BE tem passado uma mensagem de modernidade que muito o tem ajudado nas sondagens, só isso explica que um partido que não tem capacidade para organizar um piquenique junto ao coreto do Jardim da Estrela consegue ter quase o dobro das intenções de voto do partido que consegue organizar um evento com a magnitude da festa do Avante.

O discurso político do BE é tão inteligente que em nome da maioria de esquerda os dirigentes do PCP são obrigados a “comer” com os dirigentes do BE à cabeça das manifestações da CGTP, para no dia seguinte aparecerem a namorar Manuela Alegre ou a Helena Roseta. Nas manifestação da CGTP dão graxa a Carvalho da Silva, nos encontros com os D. Quixotes do PS dão graxa a Manuel Alegre, com os primeiros defendem a nacionalização da GALP e da EDP, com o segundo falam de convergência de esquerda.

Em nome da unidade da esquerda ninguém tem coragem para correr com eles, ninguém pode dizer-lhes o que a minha professora de Política Económica, a Dra. Manuela Silva, lhes dizia, impedia os trotskistas (eram uma verdadeira sarna em Eonómicas) de entrar nas aulas e dizia-lhes para fazerem propaganda no intervalo. É isso que o PCP e o PS não tem conseguido fazer, mandá-los aparecer nos intervalos, dessa forma colam-se a todas as iniciativas das organizações do PCP e ainda têm lata para aparecerem nas do PS, ainda por cima não perdem a oportunidade para darem darem ares de serem mais lavadinhos e bem educados do que os seus forçados anfitriões.

Enfim, é a superioridade moral do Bloco de Esquerda os únicos trotskistas e Ml do mundo que decidiram abandonar os símbolos e projectos políticos para se tornarem no primeiro exemplo de partido de marca branca, é tão bom como os outros e mais barato. O problema é que pode suceder o mesmo que sucede com as marcas brancas dos supermercados, quando eliminarem a concorrência vão acabar por nos sair bem mais caros.