domingo, janeiro 10, 2010

Semanada


A semana foi dominada pelo casamento de pessoas do mesmo sexo, a não ser o CDS, que, como se sabe, é liderado por um homem alérgico a muito do que se passa por esse mundo fora, todos os partidos são a favor da possibilidade de unir legalmente os gays, uns pelo casamento, outros por uma espécie de casamento, outros vão ainda mais longe e defendem soluções para a impossibilidade técnica da reprodução no âmbito deste tipo de casai e propuseram a generalização da adopção da reprodução assistida. Resta saber qual vai ser a decisão de Cavaco Silva que se tem assumido cada vez mais como o grande guardião dos bons valores, está visto que nem cedo vamos ver voar as grinaldas.

Os partidos andaram tão entretidos com as tarefas casamenteiras que nem deram pelo aumento do desemprego, nem mesmo o BE, muito empenhado nas suas propostas matrimoniais, deu grande importância ao assunto. Nem mesmo o PSD, supostamente líder da oposição, deu grande importância ao desemprego, estava igualmente preocupado em fazer uma proposta à pressa para que em vez de casamento fosse aprovada uma espécie de casamento.

E enquanto o país estava nervoso com a possibilidade ou não da adopção por casaiss gays quem não precisou de assistência médica ou de alterações legislativas para reproduzir foram os nossos amigos da justiça, quando ninguém esperava eis que pariram mais um episódio do caso Freeport. Mas desta vez os nossos justiceiros estão de parabéns, se não melhoraram nada em matéria de segredos de justiça, pelo menos tornaram a bandalhice da justiça mais democrática, desta vez a Felícia Cabrita e os afilhados da Manuela Moura Guedes não tiveram direito ao exclusivo, o contemplado pela generosidade dos “gargantas fundas” da justiça foi o Expresso. Ficámos a saber que o primo de Sócrates (com primos destes ninguém quer ter tios) deu o dito por não dito e declarou que foi autorizado a usar o nome do primeiro-ministro para tentar o negócio, mas, pelo que se viu, este primo de Sócrates não deve ser grande espingarda e ficou sem negócio.

E enquanto ainda não se sabe se Cavaco vai deixar que casem pilinha com pilinha ou pipi com pipi é o próprio Cavaco que se arma em casamenteiro e patrocina o namoro entre Sócrates e os partidos da oposição em torno do orçamento, o próprio Cavaco tinha avisado na mensagem de ano novo que em casa em que não há pão todos ralham e ninguém razão, daí que se tenha armado num presidente casamenteiro. Para já Sócrates propôs namoro a todos, mas está visto que é com o PSD que Cavaco espera que haja enlace, o problema é saber se o PSD aceita o papel de barriga de aluguer ou se consegue impor uma união de facto até ao fim da legislatura, digamos que tal como propôs para os gays o PSD anda também a estudar qual a melhor fórmula para promover uma espécie de casamento. Há muito boa gente que defende esse casamento e Cavaco veria com bons olhos o fim dos desacatos familiares ao centro para se dedicar mais tranquilamente à sua reeleição.