quarta-feira, outubro 04, 2023

BOA INFORMAÇÃO

 


No passado dia 28 de setembro o Ministério da Defesa da Rússia publicou um vídeo onde um grupo de soldados ucranianos depunham as armas e se rendiam às tropas russas. Era mais um vídeo da guerra, como muitos publicados quer por russos, quer pelos ucranianos. Infelizmente, nada de mais numa guerra onde ambas as partes usam as redes sociais para propaganda e desmoralização dos inimigos.





Só que, no dia seguinte, uma página ucraniana no Telegram lembrou-se de manipular o vídeo, tapou o logo do Ministério da Defesa russo pelo de uma brigada ucraniana, anunciando que um grupo de sabotadores russos disfarçado com uniformes ucranianos se tinha rendido.




O governo ucraniano nada reportou, mas o chefe de gabinete de Zelensky, um extremista do nacionalismo ucraniano chamado Andryi Yermak, alguém que de acordo com paginas ucranianas no Telegram não merecerá a confiança dos EUA, que terão feito pressões no sentido da sua substituição, partilhou a falsa notícia.

Até aqui nada de novo, chovem mais mentiras nesta guerra do que munições de artilharia, sendo óbvio que quem gasta tanto dinheiro em armamento pouco se importando com as centenas de milhares de morto, certamente também gasta muito em financiar uma informação que visa sustentar o apoio à guerra. Os russos contam com a sua comunicação social que se dirige apenas ao país, no ocidente assiste-se a uma verdadeira carga de artilharia. Enfim, guerra é guerra, como diria o outro.

Cada um lê e acredita no que quer e na falta de informação credível o melhor, para saber o que se passa será acompanhar os telegrams russos e ucranianos, comparando a informação e filtrando o que parece ser credível. Neste caso validou-se o ditado sobre o qual a mentira tem perna curta.




A minha surpresa veio dias depois de ter rido por conta deste caso insólito, que só não merece rir porque estão em causa seres humanos que morrem às centenas por dia, em batalhas que nos fazem recuar a Verdin ou Somme, quando os generais tinham um total desprezo pela vida dos seus soldados.


A surpresa veio ontem, quando Irineu Teixeira fazia de comentador na CMTV, discorrendo sobre o grande número de rendições de soldados russos, passando a ideia do estado de descrença dos soldados russos, mais um sinal da caminhada da Ucrânia para a vitória, uma vitória que a crer em intervenções feitas pelo mesmo Irineu, já deveria estar muito próxima, com os soldados ucranianos a tomar banho nas praias da Crimeia.

Obviamente muitos telespectadores da CMTV terão acreditado, o ar sério e angelical do comentador vende honestidade e verdade.

Só que numa guerra onde um dos países conta com uma elevada percentagem de soldados que falam russo ou de etnia russa, para não referir dos muitos de etnia romena, moldava e húngara, onde a mobilização desproporcional estão transformando as aldeias em lares de idoso com mais de 65 anos, já que os que têm menos dessa idade são mobilizados, alguém acredita que os desmotivados são apenas os soldados russos?

Quem acredita nisto também acreditam nos que diziam aos seus soldados que não receassem porque os soldados russos estavam todos bêbados ou na presidente da Comissão Europeia que assegurava que os russos estavam tirando os chips das máquinas de lavar para produzir mísseis.




Sugiro ao Irineu que consulte o mapa da identidade étnica e cultural da população da Ucrânia. Bem, calando vai dizernos que os russos de ambos os lados, incluindo os da Crimeia estão desejando ver a chegada de Zelensky.





Se aquele mapa lhe suscitar dúvidas, pode consultar os mapas das eleições eleitorais, talvez tire algumas conclusões. Bem, o mapa é de 2010, em que concorreram Viktor Yanukovich e Yulia Timoshenko. BEm será um pouco antigo, pelo que o irineu pode consultar mais recentes, talvez encontre diferenças. Ou será que Zelensky, que proibiu os partidos da oposição vai realizar as eleições, obedecendo às pressões cada vez mais fortes dos EUA?

Se ocorrerem eleições em 2024, talvez tenhamos a oportunidade de ouvir os comentários do Irineu.

Os russos e os ucranianos, para infelicidade de ambos combatem com munições reais, munições de verdade, mas parece que em matéria de jornalismo isso não sucede e a verdade, como sempre, foi a primeira vítima desta guerra triste e deplorável.