Ai o sabão não mata,
Ai até lava os peixes,
Ai põe-nos cor de prata.
Três corpetes, um avental,
Sete fronhas, um lençol,
Três camisas do enxoval,
Que a freguesa deu ao rol.
Água fria, da ribeira,
Água fria que o sol aqueceu,
Velha aldeia, traga a ideia,
Roupa branca que a gente estendeu.
Um lençol de pano cru,
Vê lá bem tão lavadinho,
Dormindo nele, eu e tu,
Vê lá bem, está cor de linho.
Ainda não passou um mês que Santana Lopes lançou o seu best-seller e já Portugal vai ter outro sucesso de vendas nas bancas, o livro da Carolina. O que têm em comum as duas “obras”, para que se tornem sucessos editoriais? Ambos tratam de um assunto querido dos portugueses, a peixeirada.
A roupa suja não é o único ingrediente que torna os dois livros tentadores para os portugueses, são as personalidades que estão em causa, o primeiro foi escrito por uma e o segundo visa outra personalidade que, contra todas as probabilidades foram bem sucedidas em Portugal.
Alguém consegue imaginar o guerreirinho social-democrata em primeiro-ministro de Espanha, ou Pinto da Costa a ter o mesmo sucesso na liga inglesa? Em Espanha o mais a que Santana Lopes poderia aspirar seria um cargo de vereador no ayuntamento de Maiorca, o que lhe daria acesso a uns shots na mesa a equipa B do jet set espanhol. Em Inglaterra Pinto da Costa não seria perseguido pela comunicação social não daria entrevistas em prime-time não teria admiradoras na BBC e muito provavelmente, nem teria dinheiro para comer.
A verdade é que os portugueses apreciam as fórmulas de sucesso assentes na trafulhice, no expediente, na lei do menor esforço admiram os que chegam ao topo com truques e sem grandes sacrifícios pessoais, quase 30% ainda votaram em Santana Lopes e não faltam os que não se identificando com os valores de Pinto da Costa lhe agradecem os sucessos desportivos.
E não percebem que onde cresce a erva daninha nada mais cresce.