É frequente ouvir-se dizer que muitos dos nossos empresários são do tipo “pato-bravo”, que apenas apostam na mão-de-obra barata, que não serão estes os empresários de que o país precisa para se modernizar. Descontados alguns excessos nesta apreciação, é verdade que muitos empresários, empresas e mesmo alguns sectores industriais estão do lado de cá do futuro, sabemos que mais tarde ou mais cedo essas empresas desaparecerão.
Por outro lado, e quase sempre os mesmos que falam dos maus empresários, ouvem-se argumentos a favor de legislações laborais que quase prendem o empregado ao empresário por laços mais fortes do que o casamento. O encerramento de uma empresa, o despedimento, tudo o que possa resultar no desemprego de um trabalhador é um crime.
Por outro lado, e quase sempre os mesmos que falam dos maus empresários, ouvem-se argumentos a favor de legislações laborais que quase prendem o empregado ao empresário por laços mais fortes do que o casamento. O encerramento de uma empresa, o despedimento, tudo o que possa resultar no desemprego de um trabalhador é um crime.
Isto é, estamos perante uma contradição insanável, de um lado empresas e empresários em que não se acredita, e do outro a defesa de que os trabalhadores dessas empresas deverão lá permanecer até à eternidade.
Se eu desejar que os trabalhadores dessas empresas ascendam a padrões de qualidade de vida que penso serem um direito deles terei que estudar a forma de fazer com que eles abandonem essas empresas e vão trabalhar para outras que lhes ofereçam melhor futuro. Mas se tudo faço para que essas mesmas empresas sobrevivam, ainda que à custa de balões de oxigénio (como sucedia no passado com as desvalorizações do escudo que permitiram a alguns sectores sobreviver mais uma dúzia de anos) esses trabalhadores vão envelhecendo e quando o inevitável suceder terão quarenta anos em vez de trinta, ou cinquenta em vez de quarenta.
Será mais difícil conseguir a sua requalificação e não vejo como obrigar outro funcionário a empregar um trabalhador com cinquenta anos, quando pode contratar outro com igual ou superior qualificação mas com trinta anos. Ainda por cima a legislação laboral devido a vários factores o mercado de trabalho tende a ser dualista, de um lado trabalhadores com todos os direitos teoricamente (teoricamente porque as crises económicas são mais fortes do que os preconceitos ideológicos) assegurados, e do outro temos jovens que entram no mercado de trabalho sem quaisquer direitos, inclusive na Administração Pública.
Estaremos a contribuir para que os trabalhadores menos qualificados ou que trabalham em empresas menos competitivas consigam romper com o circulo vicioso da pobreza, a que foram condenados? Não me parece.