A decisão dos ex-ministros Figueiredo Lopes e Paulo Portas lembra-me uma velha anedota:
«Um compadre visitou um bordel e quando estava a ser atendido por duas meninas foi surpreendido por uma rusga da polícia. Quando solicitadas a dizerem o que faziam, a primeira menina respondeu que era cabeleireira, enquanto a segunda seria manicura. Meio incrédulo o compadre interrogou-se "querem ver que a prostituta sou eu?".»
Os utados europeus vieram a Portugal para falar com o responsáveis e por sinal aquele que lidera a equipa até foi eleito por uma lista do partido do primeiro ministro (é como se o polícia da rusga fosse sobrinho da proxeneta dona do bordel) e os ex-ministros, tal como as duas meninas disseram que nada tinham que ver com o assunto, que não sabiam de nada.
Está-se mesmo a ver o Luís Amado, actual ministro dos Negócios Estrangeiros, a interrogar-se "querem ver que quem autorizou os voos da CIA fui eu?".
Não deixa de ter alguma graça que venham de Bruxelas a Lisboa para interrogar o Governo e que não tenham ido ao Gabinete de Durão Barroso interrogar aquele que foi primeiro-ministro e grande amigo de George Bush. E o que dizer de ministros que tiveram responsabilidades no tempo da ocorrência dos factos e agora mandam ouvir o actual Governo?
A verdade é que uma democracia onde o que os ministros dizem nos segredos dos seus gabinetes não fica registado é uma democracia vulnerável à mentira e à fraude política Todos sabemos que algumas coisas se podem decidir sem publicar nada no Diário da República, aliás se tudo o que os governantes dizem e decidem é o que vem no DR o país até poderia ser entregue a um qualquer escritório de advogados.
Veja-se o exemplo dos EUA, se o que os presidentes dizem não ficasse gravado o Caso Watergate não teria sucedido, tudo teria acabado com um desmentido de Richard Nixon, e ainda hoje quem insinuasse o contrário iria a tribunal por difamação. Compreende-se que o que se diz seja segredo de Estado e que não venha publicado no 24 Horas, mas é tempo de começar a perceber que a história as responsabilidades dos governantes não se podem limitar ao que mandam para publicação. Tudo o que decidem deve ficar registado, e se há decisões verbais estas devem ficar igualmente registadas.