Como não podia deixar de ser as universidades estão mal, produzem muitos licenciados para melhorar as médias estatísticas, há mestres e doutores por todos os cantos, licenciados por empregar, pólos universitários nas aldeias e vilas, mas o certo é que as universidades estão aquém do desejado e delas não se pode esperar o empurrão que nos tire da cauda de tudo e mais alguma coisa.
Há bons exemplos, aqui e acolá há boas faculdades, temos bons médicos (menos do que os necessários mas bons), nalguns domínios da engenharia não estamos mal (Aveiro, Minho, Caparica e Técnico alentam-nos a alma), mas a realidade dominante é desoladora. Cursos em escolas sem condições para os ministrar, professores sem o mínimo de preparação pedagógica turmas diminutas, fraca divulgação das opções de carreira, são muitos os males.
Nos últimos trinta anos o debate em torno do ensino universitário centrou-se num único tema: as propinas. E mesmo quando os alunos discutem a qualidade é para defender a manutenção de propinas baixas, alcançada esta conquista, fundamental para lhes assegurar a qualidade de vida nos fins-de-semana, a tranquilidade regressa às universidades.
Universidades privadas criadas como se fossem mercearias de bairro, universidades públicas transformadas em feudos de velhos professores que se recusam a jubilar-se como se as faculdades fossem centros de dia, faculdades a “comprar” os bons alunos do ensino secundário para que o seu sucesso sirva de chamariz, professores que em vez de servirem servem-se das universidades, faculdades transformadas em clubes de amios e centros de negócios domésticos, desprezo endémico e olímpico pela pedagogia, são muitos os males que qualquer leigo consegue identificar no nosso ensino unversitário.
Menos universidades, menos cursos, distinção clara entre politécnicos e universidades, menos mas melhores professores, maior exigência a todos os níveis, maior participação financeira por parte dos alunos, mais internacionalização, mais investimentos, são muitos os passos que terão que ser dados se queremos que a prazo os nossos cursos universitários não se transformem em pós-graduações do ensino secundário.