Se o Obama fosse português na melhor das hipóteses estaria a tomar posse de presidente da junta, nunca lhe passaria sequer pela cabeça disputar o cargo de presidente da câmara, quanto mais de primeiro-ministro.
Se pretendesse candidatar-se a um partido as hipóteses seriam quase nulas, no BE, no PP e no PCP o cargo de líder é vitalício e no PS ou no PSD teria que ir para a fila de espera. Entretanto há muito que os portugueses teriam reconvertido as velhas anedotas do Samora Machel.
Além disso o seu discurso “yes we can” por cá não pegaria, desde logo o PCP, que aproveitou a embalagem de Obama para recuperar uma velha palavra de ordem sem sucesso, diria que não, que nada seria possível sem a auto-avaliação dos professores, a fixação administrativa das taxas de juro, os aumentos salariais acima da inflação e todo o caderno reivindicativo para regressar a Portugal de Abril” incluindo a reforma agrária a que o agora (quase) camarada António Barreto pôs fim.
No PS olhavam-no como louco, então com o Simplex, o Magalhães, a recuperação do défice e todas as benfeitorias trazidas por Sócrates haveriam de lhe dizer “vai dar uma volta, nós já conseguimos”.
No PSD as hipóteses seriam nulas, não sendo cavaquista nem santanista e sem contar com o apoio de umas dúzias de autarcas ou do Alberto João o mais a que poderia ambicionar era a ganhar uns trocos sem impostos a colar cartazes.
Mas felizmente o Obama não é português, é americano e ainda por cima hoje será presidente dos EUA. Enfim, não sejamos pessimistas, termos mais sorte do que a Coreia do Norte tão admirada por Jerónimo de Sousa, não temos a sorte de ter um Obama mas também não nos saiu a fava do Kim Jong Il, ainda assim o pior que nos poderia suceder nos próximos tempos seria ter a Manuela Ferreira Leite, mas mesmo essa parece não estar com sorte.