A graxa é quase uma instituição nacional, a figura do “graxista” está sempre presente nas nossas vidas desde a mais tenra idade, há graxistas desde a escola primária. Não sei se a importância deste comportamento na nossa sociedade é uma herança dos tempos da ditadura, onde era quase uma instituição, ou se faz parte da nossa forma de ser portugueses.
O graxista é, em regra, um indivíduo que prescinde da sua dignidade para obter proveitos exibindo uma postura de subserviência e lealdades caninas, desta forma obtém como contrapartida a simpatia de quem manda, permitindo-lhe obter ganhos para além dos que alcançaria com as suas capacidades ou com manifestações de dignidade.
Os tais graxistas a que nos habituámos na infância vamos encontrá-los ao longo da vida, principalmente no emprego, onde dar graxa pode resultar em proveitos adicionais. Há graxistas por todo o lado mas em especial na Administração Pública já que as empresas vivem dos resultados e não podem prescindir dos mais capazes em favor dos graxistas.
Onde há mesmo uma grande concentração de graxistas é nos cargos dirigentes da Administração Pública e nos gabinetes de membros o governo e dos autarcas. Não admira que na burocracia interna do Estado sejam frequentes expressões como “VEXA melhor decidirá”, “à consideração superior” e muitas outras, desnecessárias mas que servem como manifestação permanente de obediência.
Os gabinetes do poder estão mesmo pejados de aduladores dos governantes e autarcas, gente a quem não passa pela cabeça a mais pequena critica ao “chefe” e que se desdobram em gestos de subserviência. Os boys acabam por ser a reencarnação política dos graxistas que conhecemos na escola primária.
A necessidade de bajular o político é tão grande que leva a que muita gente perca a noção da realidade, os próprios políticos vivem num mundo em que são considerados quase deuses, não sendo raros os que só se apercebem, do que o povo pensava mesmo deles no dia das eleições.
Não admira que num mesmo dia possa ler no Diário de Notícias que no Instituto de Emprego e Formação Profissional os candidatos a funcionários tenham de ler um discurso de Sócrates e que o chefe da Casa Civil da Presidência da República se tenha queixado do jornalista a Mário Crespo. O presidente do IEFP decidiu dizer a Sócrates que o admira tanto que os funcionários do instituto se devem omportar como membros da Mocidade Portuguesa. O chefe da Casa Civil do Presidente da República entendeu que num jornal os jornalistas devem fazer os possíveis para cair nas graças do patrão e se este é do PSD devem ser simpáticos com todos os da família política.