domingo, janeiro 11, 2009

Semanada

Depois de duas semanas dominadas por comunicações oficiais de Cavaco Silva e com Manuela Ferreira Leite a hibernar a vida política voltou a ser dominada pela Presidência da República, desta vez graças à famosa “garganta funda” do Palácio de Belém, a tal fonte que se mete em tudo sob o disfarce do anonimato. Temos uma Presidência da República oficial e uma outra Presidência oficial que intervém em tudo na vida política, desde a escolha do líder do PSD até à marcação das novas legislativas, chega-se mesmo ao extremo de ser um fonte anónima a ter divulgado a famosa comunicação do Presidente sobre o Estatuto dos Açores quando os portugueses já estavam a fazer as malas para irem de férias.

Desta vez a Presidência da República ficou ofendida com as palavras de Mário Crespo, parece que o garganta funda pode intervir à vontade mas se as coisas correm mal é desmentida e quem a der por verdadeira ofende o Presidente da República. A verdade é que esta semana disse-se que o orçamento só foi promulgado depois de explicações adicionais dadas pelo Governo e que Cavaco quer eleições autárquicas e legislativas no mesmo dia. Todavia, nem Cavaco abriu a boca nem o Palácio de Belém emitiu qualquer comunicado, o trabalho foi feito pelo garganta funda de Belém.

Enquanto o garganta funda ia fazendo o trabalho de líder da oposição Manuela Ferreira Leite desapareceu ainda antes do Natal para reaparecer no dia seguinte ao Dia de Reis para tirar da sua cartola o truque mais usado pelos líderes partidários desesperados, exigiu um debate com Sócrates. Como não tem cadeira no Parlamento resta a Manuela Ferreira Leite desvalorizar os debates parlamentares e transformar os estúdios de televisão no centro do debate entre o Governo e a oposição.

Entretanto Manuela Ferreira Leite descobriu que a melhor solução para a crise é a descida dos impostos, a mesma descida para a qual não havia condições há um par de meses. Para Manuela Ferreira Leite as melhores medidas para a crise são sempre diferentes das que foram adoptadas e de preferência as que dêem menos votos. Descida de impostos sim, mas só se for por sua iniciativa.