Pela forma como actuam muitos dos candidatos líderes nacionais bem como dos líderes regionais do PSD lembram-me mais os senhores da guerra do Japão medieval, ou, para dar um exemplo mais recente, os senhores da guerra do Afeganistão. A forma como se organizam, como arregimentam apoios dentro do partido, como preparam os assaltos ao poder são mais próprios dos senhores da guerra do que de verdadeiros líderes políticos numa democracia moderna.
Personalidades como Pedro Santana Lopes, Luís Filipe Menezes e mesmo Manuela Ferreira Leite não se apresentam com um projecto político, o mais longe que vão é a apresentação de propostas pontuais e comentários políticos circunstanciais, ninguém lhes conhece um projecto para o país. No caso de Ferreira Leite chega-se ao ponto de a líder se esconder, de dizer que o seu projecto é secreto, evitando tomar posições sobre os problemas do seu país. Não está a participar num debate político, está organizar o exército para as próximas batalhas.
Os seguidores destes líderes também não sabem muito bem o que eles pensam nem estão interessados, sabem que se vencerem terão direito a uma maior ou menor parte do espólio, o seu apoio é uma aposta e tem como contrapartida a participação na partilha do tesouro. O que distingue um seguidor de Luís Filipe Menezes de um apoiante de Manuela Ferreira Leite não são diferenças de projecto político para o país, é o acesso ao poder no caso de o seu apoiante vencer.
As alianças tecidas entre estes políticos têm também muitas semelhanças com as que se estabelecem entre os senhores da guerra. Veja-se, por exemplo, o caso de Pedro Santana Lopes, um grande inimigo de Ferreira Leite que depois de vencido na directas se aliou a Luís Filipe Menezes para, agora que Ferreira Leite preside ao PSD abandonou Menezes para apoiar Ferreira Leite em troca da “praça” de Lisboa. Este não é um comportamento típico de um político, mas sim de um senhor da guerra, aliás, recorda-nos as alianças que se estabeleciam entre os senhores feudais em guerras de outros tempos.
Os próprios líderes regionais, detentores de pequenos exércitos mas sem ambições de conquistar a capital, vão-se aliando aos líderes nacionais com base nas contrapartidas que esperam receber. É por isso que Santana Lopes teve o apoio das bases e hoje é um homem só, o mesmo sucedendo com Luís Filipe Menezes que tinham os pequenos exércitos regionais do seu lado e hoje anda só e abandonado.
Quando chegarem as eleições todos os pequenos exércitos estarão unidos em torno da líder, mas muitos destes pequenos califas estarão apostando na derrota pois sabem, que uma vitória eleitoral da líder representará para eles uma derrota mais pesada do que a vitória do adversário.
Enquanto o PSD tiver este modelo de organização assente no poder destes senhores da guerra dificilmente será um candidato sério a governar Portugal. O tempo já não é de mentalidades e modelos de organização medievais.