Pela forma como alguns comentadores se referem aos problemas
financeiro de países como Portugal e a Grécia fica-se umas vezes com a sensação
de que estes países foram obrigados a pedir crédito e a gastar o dinheiro como
se fossem gansos a serem alimentados à força com o objectivo de produzir foie
gras. Como estes países foram obrigados a gastar dinheiro emprestado pelos
bancos alemães e os regastes destinaram-se a salvar estes banco s não há grande
obrigação de pagar ou, em alternativa, deve ser a Europa e em especial a
Alemanha a encontrarem uma solução.
Outros políticos fazem passar a ideia de o dinheiro foi
gasto em inutilidades a que se convencionou designar por PPP e considera-se que
alguns políticos sem escrúpulos se aliaram a interesses económicos para empenhar
o país construindo obras inúteis. É esta a ideia que se faz passar e não admira
que nos fóruns das estações de rádio seja frequente ouvir quem defenda que não
se paguem as PPP. Argumentando com uma ou outra estrada com poucos carros
sugere-se que as PPP são uma espécie de obeliscos inúteis, esquecem-se dos
tempos em que exigiam um Estado moderno, com hospitais do melhor para todos e
boas estradas unindo todas as aldeias do interior.
Também há quem sugira que todos os males da nossa economia
resultam de uma zona euro que os alemãs de forma manhosa e pela calada da noite
organizara de forma a sugar toda a riqueza da europa em favor do sul. Mas ganhamos
dois ou três tostões corremos para o stand da BMW comprar o carro novo, mas quando
no final do ano a balança pende para o lado da Alemanha acusamos os alemães de
nos estarem a levar a riqueza.
Outros sugerem que temos banqueiro e empresários exemplares
que só não conseguem desenvolver o país porque são impedidos por uma casta de
funcionários públicos, por trabalhadores gandulos que se protegem atrás da
legislação laboral e porque a EDP não pertence ao Partido Comunista da China,
um sinal de ausência de democracia na economia portuguesa. Finalmente um ponto
de encontro entre a extrema esquerda e a extrema direita portuguesas, dantes
não havia democracia porque não podiam haver comunistas, agora não havia
democracia porque os comunistas chineses não podiam ser d EDP.
A direita e a esquerda entretém-se a encontrar falsas causas
para a crise da economia portuguesa e em consequência sugerem falsas soluções.
A direita tentou corrigir o problema com uma polícia económica que lembra os
tempos de Pinochet designado a canalhice social em curso por austeridade. A
esquerda sugere que não há solução no plano nacional e defende que tudo passa
pela Europa, umas vezes defende a mutualização da dívida para de poder fazer
mais do mesmo, outras prefere descansar à espera que o Varoufakis diga o que
ainda não consta na famosa Agenda da Década que ninguém sabe o que nem é e nem
se percebeu ainda a que década se refere.