Olhamos para os jornais e vemos uma justiça entretida a “torturar” um ex-primeiro-ministro fazendo-lhe as mais variadas acusações e promovendo o enxovalho público nas primeiras páginas de jornais amigos das polícias. Que terá comprado toda a edição do seu livro, que mandaria o motorista levar notas, que fez favores a empresas. A justiça quer sair engrandecida num processo onde menoriza os governantes, estarão á espera que o povo vá em procissão ao tribunal penal pedir ao Carlos Alexandre que aceite o cargo de presidente vitalício?
Ligamos a televisão e vemos um senhor que é economista reformado dizer perguntar aos portugueses “quem diria que já estaríamos a pagar ao FMI?”. O senhor precipitou-se nas declarações pois ontem soubemos que os ministros das Finanças da zona Euro tinham autorizado Portugal a pagar ao FMI com dinheiro emprestado por outros credores. O problema não está no truque de linguagem, está no facto de Portugal ter eleito um p+residente que acha que os portugueses são uns lorpas que se deixam enganar com interrogações saloias.
Outros que devem ser um bocado a dar para o parvo são os americanos pois pela forma como a comunicação social portuguesa destacou o facto do Varoufakis ter leccionado numa universidade americana, mais precisamente do Texas fica-se com a ideia de que é um grande feito. Durante dias andámos a dizer do Varoufakis que ele “até deu aulas numa universidade do Texas”, como se os americanos fossem todos sobredotados e para lhes ensinar umas coisas de economia fosse necessário ser um Nobel da Economia.
O nível do debate político português roça o deprimente, basta ver as primeiras páginas dos nossos jornais para percebermos que atravessamos uma fase de pequenez que está para o país como a filoxera está para a vinha. Temos governantes pequenos, um presidente zipado, um jornalismo de anões intelectuais. Ligamos a SIC e vemos um marques Mendes armado em homem só porque o governo lhe mandou dar recados, ligamos a TVI e aparece uma Judite Sousa com uma voz empastelada, sinal de que pensa profundamente enquanto fala, com um Marcelo que acha que depois de ter mergulhado nos cagalhões do Tejo já se sente pré-presidente.
Nunca na história deste país se viu tanta pequenez, tantos Mendes, tantos Cavacos e muitos outros que nos atam ao subdesenvolvimento e à miséria social.