No futebol como na política vivemos tempos rascas, aquilo que em tempos seria um escândalo e levaria à vergonha pública de políticos e treinadores da bola parece ser hoje um padrão de comportamentos, vale tudo.
Um conhecido treinador que descobriu as suas capacidades técnicas e intelectuais aos 60 anos cospe agora na mão que lhe deu de comer, não hesita em recorrer a todos os truques para ganhar um jogo de importância secundária, se no futebol a ética era coisa rara, agora nem os marqueses parecem respeitá-la, logo eles que são modelos dos bons princípios.
Na política sucede o mesmo, o governo cria uma realidade virtual e contam-se pelos dedos os comentadores ou jornalistas que denunciam a situação, o jogo sujo inventa crescimento e contas equilibradas, reembolsos da sobretaxa e elimina o desemprego. Tudo vale para apagar as responsabilidades e os erros do passado, numa tentativa de ganhar uma segunda oportunidade para os cometer.
Ainda é cedo para sabermos como vai acabar o campeonato ainda que não seja difícil de prever pois são demasiadas jornadas para sobreviver. Já na política e depois de um árbitro rasca a apitar durante quatro anos, resta-nos esperar que não ganhe o jogo sujo de Cavaco, Passos e Portas. Os trapalhões da bola até têm alguma graça, a malandragem da política já não nos dá vontade de rir, ainda que os discursos estejam ao nível das conferências de imprensa da bola.